Reflexões sobre 2006

O ano que se encerra teve boas novidades e mercado
em crescimento, mas perdemos em atualização

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorJá tem sido habitual, na última edição do Best Cars em cada ano, fazermos neste espaço uma retrospectiva sobre o que se passou no mundo do automóvel no ano que se encerra. Desta vez decidi inserir um editorial extra, apenas uma semana após o anterior, para não perdermos essa oportunidade antes de nossa parada de fim de ano.

Para o entusiasta por automóvel, 2006 foi um bom ano. Tivemos mais lançamentos do que de costume: dois carros nacionais novos por inteiro, o Civic e o Mégane; outros derivados de modelos já conhecidos, como Prisma, Mégane Grand Tour e o argentino Peugeot 307 Sedan; e algumas reestilizações, caso de Celta, Polo e 307. Mas é pouco diante do que tem acontecido no exterior e, cada vez mais, nossos carros estão defasados em comparação aos similares estrangeiros. Durante o ano surgiram lá fora novas gerações ou sucessores de Xsara Picasso, Peugeot 206, Corsa, Stilo e Corolla, apenas este último com expectativa de produção nacional em breve.

Para alívio de alguns e preocupação de outros, modelos importados (com ou sem Imposto de Importação) chegaram com preços competitivos aos dos nacionais. Do México vieram o Ford Fusion e o VW Jetta, e da França, o Citroën C4. Se há quem considere a importação um risco a empregos em nossa indústria, não falta quem comemore — meu caso — a volta da concorrência estrangeira, que tão bem fez a nosso mercado na década passada. Em 2006 nos despedimos do longevo Santana e do A3, o único Audi brasileiro.

No ano em que celebrou seu primeiro cinqüentenário, a indústria automobilística comemora um novo crescimento: até novembro, produziu 5% mais e vendeu no mercado interno 12,5% mais que no mesmo período de 2005. A expectativa da Anfavea, a associação das fábricas, era de fechar o ano muito perto do recorde de 1,94 milhão de unidades vendidas estabelecido em 1997. E, apesar da manjada choradeira dos empresários sobre o real valorizado diante do dólar, as exportações contabilizavam aumento de 7,5% em valores, um cenário bem diferente do caos que eles anunciavam já no ano passado.

Para o motorista e proprietário de carro, houve o susto do gás natural após a apropriação pela Bolívia, que felizmente (ainda) não se refletiu em grande alta de preço. A gasolina também deve terminar o ano no patamar que o começou, já que a cotação internacional do petróleo anda menos sujeita a turbulências (o barril estava esta semana pouco acima de US$ 60, como há um ano). Até os usineiros parecem mais bonzinhos neste fim de 2006, pois no dezembro anterior o álcool já estava bem mais caro do que hoje. Espero não me arrepender, em janeiro, de tê-los lembrado disso...

Para 2007 ficam as esperanças, como sempre, de um ano ainda melhor. Que mais brasileiros possam comprar automóveis e mantê-los, sem apertar tanto o orçamento doméstico. Que haja muitos e grandes lançamentos, pois é deles que mais gostamos de falar, como apaixonados pelo assunto. E que você, leitor ou leitora do Best Cars, continue conosco para comemorarmos juntos, em outubro, o décimo aniversário do site.

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Data de publicação: 23/12/06

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