Como tenho feito sempre,
aproveito o último editorial de dezembro, antes de nosso descanso de
fim de ano, para relembrar o que aconteceu de mais marcante em 2007 no
mundo do automóvel.
Foi um excelente ano para a indústria automobilística — o melhor dos
51 de sua história em termos de volumes de produção e de vendas. A
expectativa é de fechar o mês com 2,975 milhões de automóveis
produzidos, 2,45 milhões vendidos no mercado interno (importados
incluídos) e 780 mil exportados. Se as vendas ao exterior terão caído
cerca de 7%, os demais índices são dignos de comemoração, como o
crescimento de 27% nas vendas internas. Como se sabe, a facilidade de
financiamento é uma das molas propulsoras desses resultados, o que
traz alguma preocupação para o futuro. Mas é assunto em que ninguém
quer pensar agora.
Não foi dos melhores anos em termos de produto, porém. É verdade que
ganhamos um verdadeiro esportivo nacional, o Civic Si; um carro
pequeno moderno, o Punto; um médio ainda atual, o Astra (ops, Vectra
GT!); e dois modelos fortes em relação custo-benefício, o Logan e o
Sandero da Renault. Houve também a reformulação do Ka, a reestilização
parcial do Golf e a chegada de novos modelos do México e da Argentina
sem Imposto de Importação, casos de Citroën C4 Pallas, Nissan Sentra e
Tiida.
Mas foi pouco. Um mercado aquecido como o nosso merecia mais
novidades, maior evolução técnica, em conforto, em segurança. O que se
viu na maioria dos lançamentos nacionais foram novas aparências para
mecânicas conhecidas, o que só ampliou nossa defasagem em relação aos
países desenvolvidos. Ao conversar com pessoas dos fabricantes, ouço
que há boas perspectivas para os próximos anos, em que projetos mais
ousados se tornarão viáveis. Torço para que isso se confirme, e o
quanto antes.
Para nosso Best Cars, 2007 foi um ano de comemoração:
completamos em outubro 10 anos com a sensação de dever cumprido, pela
grande aprovação deste trabalho pelos leitores e leitoras. Mais que
buscar a liderança do segmento nos frios números de páginas visitadas,
temos como objetivos sua confiança e predileção como a melhor
referência no assunto — e a cada dia mais me convenço de que estamos
no caminho certo.
Foi também um ano de expectativa por uma decisão favorável do
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que até o momento
nada decidiu sobre nossa oposição ao uso da marca Best Cars
pela editora Motorpress. Enquanto se aguarda a posição do órgão, a
empresa pode continuar a fazer, por meio da revista Carro, uma
pesquisa sobre automóveis entre seus leitores com o nome de um site
que, há 10 anos, faz... uma pesquisa sobre automóveis entre seus
leitores. Esperamos que esse abuso chegue ao fim em 2008.
E o que mais gostaríamos que Papai Noel trouxesse para o ano que vai
nascer? Bons resultados para a indústria, pois são o pontapé para que
todo o resto funcione. Mais e melhores carros, a preços competitivos e
com evoluções a passos mais largos. Oferta e preço mais estáveis para
os combustíveis, sem tantas flutuações ao sabor de usineiros de
cana-de-açúcar ou de presidentes latino-americanos com pretensões
inaceitáveis. Melhores ruas e estradas, pedágios menos extorsivos, o
fim da adulteração de combustíveis... Hum, será que é pedir muito ao
bom velhinho?
Vamos deixar a decisão nas mãos dele. Mas vamos também torcer para que
2008 seja um grande ano para todos nós, com saúde, realizações
pessoais e bons assuntos no mundo do automóvel para curtirmos juntos
aqui no Best Cars. |