Mais um ano — o 11º à frente deste espaço no Best Cars —
chega ao fim e, como temos feito sempre, é hora de olhar o
retrovisor e tirar algumas conclusões sobre o que 2008 trouxe ao
mercado de automóveis.
Foi, sem dúvida, um ano de altos e baixos. Até setembro, o mercado
nacional vinha experimentando um período de bonança, batendo
consecutivos recordes de produção e vendas. Os números falam por si:
nos nove primeiros meses do ano, foram produzidos 20% mais e
licenciados 27% mais carros que no mesmo período de 2007, que já
havia sido excelente. Era um cenário de muita comemoração pela
indústria e, até certo ponto, pelo consumidor — que, no entanto,
perde o poder de barganha e acaba por pagar mais caro em períodos de
vendas em alta e estoques em baixa.
Então vieram os primeiros efeitos da crise econômica mundial,
iniciada nos Estados Unidos. O crédito secou, a desconfiança na
economia se instalou e... o mercado despencou. Entre setembro e
novembro (para ficarmos em dados de meses fechados), a produção e os
licenciamentos caíram cerca de 35%. Cenário sombrio, mas que parece
clarear quando se olha mais para trás: o acumulado dos 11 primeiros
meses de 2008, comparado a igual período de 2007, ainda aponta
crescimento de 13% na produção e de importantes 18% nos
licenciamentos. Ou seja: mesmo com um dezembro mais magro que o do
ano anterior, ainda se deve chegar a razoável crescimento.
Para o consumidor, a dificuldade de obter crédito para financiar a
compra ainda se mostra um problema, mas há a compensação de
encontrar um mercado com pátios lotados e necessidade de vender, o
que facilita fazer bons negócios. A não ser por um efeito colateral:
as lojas também estão abarrotadas de carros usados, cujo mercado
desabou com a alta dos juros e a dificuldade de financiamento. Com
isso, paga-se cada vez menos pelo carro usado e, para quem pretende
trocá-lo por um zero-quilômetro, a diferença a ser aplicada aumenta.
Trata-se de uma equação difícil de resolver, pois não há como editar
ou revogar a lei da oferta e da procura...
Lançamentos
E como foi 2008 em termos de novos produtos? Bom, embora pudesse
ser melhor. Alguns fabricantes fizeram lançamentos em sintonia com
os países desenvolvidos, como as novas gerações de Toyota Corolla,
Ford Focus, Honda Fit e Nissan Frontier, além da estréia do Fiat
Linea. Também chegaram os novos Gol e Voyage, de projeto atual,
embora carente de inovações. E houve remodelações nos Fiats Strada e
Palio Weekend e no Peugeot 206, que ganhou versão sedã e — em
manobra um tanto polêmica — adotou o nome de seu sucessor francês,
207, criando homônimos dentro da mesma empresa. De resto, chegaram
atualizações de diversos modelos importados. |
|
Apesar de alguns passos adiante, a indústria mostrou timidez
excessiva no processo de evolução: os novos carros trouxeram poucas
novidades de fato, mantendo grande desnível entre a média do que
produzimos aqui e a média dos mercados de vanguarda. Em termos
práticos, ganhamos apenas novas carrocerias, com pequenas melhorias
técnicas em relação aos antecessores, enquanto os lançamentos "de
lá" sempre dão passos largos em tecnologias para melhorar
desempenho, consumo, segurança, emissões poluentes.
No restante do mundo do automóvel, poucas mudanças em 2008. É
verdade que a cotação do barril de petróleo começou o ano perto de
100 dólares, foi a quase 150 em julho e agora está abaixo dos 40, mas
esta queda não representou
vantagem aos brasileiros: continuamos a pagar muito caro pelos
combustíveis derivados do ouro negro. Nos EUA, por exemplo, a
gasolina mais barata chegou a custar 1,08 dólar o litro em julho e
agora está em apenas 44 centavos (preços médios no país). Portanto,
voltou a custar em reais menos da metade da nossa — com o detalhe de
que só no Brasil um quarto dela é álcool, que tem menor rendimento
por litro.
O site
Para o Best Cars, foi também um bom ano. Inauguramos
nosso
Shopping, um serviço de comparação de produtos e preços, baseado
na plataforma do Shopping UOL e já usado habitualmente por milhares
de internautas, conforme nossas estatísticas. Completamos 11 anos em
outubro com mais uma edição da
Eleição dos Melhores Carros, que agora entra em apuração e terá
os resultados publicados na edição de 31 de janeiro.
Nossos índices de acesso continuam em crescimento e, pelo que temos
apurado com os colegas de mídia, permanecem entre os mais altos dos
sites de automóvel — considerado apenas o conteúdo editorial, já que
o Best Cars não vende carros, nem traz anúncios classificados
ou bancos de dados com especificações. Mais importante do que isso,
porém, é recebermos de tantos leitores mensagens de aprovação e
entusiasmo, que nos dão a certeza de atender a suas expectativas.
Como dívida, 2008 deixa a decisão do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (Inpi) sobre o uso do nome "Best Cars" pela
editora Motorpress em concurso da revista Carro. Como se
sabe, por usarmos a marca há 11 anos em um site que realiza evento
semelhante de pesquisa com leitores, consideramos abusiva a
utilização pela revista, que chegou a solicitar àquele órgão o
registro do nome. As decisões do Inpi costumam levar anos, mas nos
parece justo que nosso pedido seja atendido. Vamos aguardar.
Entre os altos e baixos do ano, resta esperar que 2009 seja melhor.
Que a crise não nos afete muito, individual e coletivamente; que os
brasileiros possam rodar com bons carros, por boas estradas e usando
bom combustível; que o mercado continue a receber novidades para
termos muito do que escrever, ler e conversar durante o ano. Mais
que isso, que o caro leitor e a cara leitora tenham saúde e obtenham
suas realizações mais desejadas no novo ano. E que possamos estar
juntos por mais 12 meses nas páginas do Best Cars. |
Apesar de alguns passos adiante, a indústria mostrou timidez
excessiva no processo de evolução: os novos carros trouxeram poucas
novidades de fato. |