Depois de semanas de expectativa, está na rede o resultado de mais
uma Eleição dos Melhores
Carros, evento que o Best Cars realiza desde 1998 e
que contou, nessa 13ª edição, com a participação de mais de 37 mil
internautas de todo o Brasil. Ao lado dessa notável interação, que
mostra como a internet é hoje determinante para formar opiniões e
decisões de compra de automóveis, a eleição leva a outras
interessantes conclusões.
Uma delas é de que, apesar da natural oscilação do público eleitor —
muitos votaram dessa vez sem ter participado da anterior e
vice-versa —, há bastante regularidade de um ano para outro entre os
modelos vencedores. Das 27 categorias, 20 entregaram o título para
os mesmos automóveis e utilitários vitoriosos no ano passado. Uma
parcela de 74% que se torna ainda mais expressiva por ter havido
lançamentos e renovações em boa parte dos segmentos.
Como muitos consumidores, nossos eleitores mostram-se motivados pelo
apelo de novidade, mas isso nem sempre acontece. O fator parece ter
ajudado três modelos estreantes: o Ford Fiesta entre os sedãs
pequenos, o BMW Série 5 de nova geração entre os sedãs grandes de
luxo e o Volkswagen Amarok entre os picapes médios e grandes.
Contudo, outros lançamentos de 2010 como Audi A5 Sportback, BMW X1,
Chevrolet Montana e Malibu, Citroën C3 Aircross, Ferrari 458 Italia
e California, Fiat Uno, Hyundai Sonata e IX35 e Peugeot Hoggar não
conseguiram vencer em suas categorias, mesmo que alguns deles tenham
chegado ao segundo lugar.
Outra conclusão: nem sempre os produtos mais vendidos destacam-se na
preferência dos eleitores. Exemplos: na eleição, o Fiat Punto venceu
VW Fox e Chevrolet Agile, o novo Ford Fiesta superou vários sedãs
que vendem em maior volume, o VW Jetta fez o mesmo entre os médios,
o VW Saveiro venceu o Fiat Strada, o Amarok superou Toyota Hilux e
outros picapes, as Citroëns C4 Picasso e Grand C4 Picasso ficaram à
frente de minivans bem mais vendidas.
Por que isso acontece? Há várias explicações, mas uma delas é que um
líder de vendas se faz também por motivos — como menor preço, melhor
valor de revenda, facilidade de assistência técnica — que acabam
tendo baixa influência na hora de escolher o melhor. Isso pode levar
o leitor a pensar que o carro mais caro de cada categoria será
sempre o mais votado, certo?
Errado. A 13ª eleição reforçou um aspecto que já havia chamado nossa
atenção em anos anteriores. Como se sabe, modelos de faixas de preço
bem diferentes às vezes competem na mesma categoria — acúmulo que,
para ser evitado, levaria a criar várias novas classes. É natural
que o eleitor veja poucas possibilidade de um veículo mais barato
ser o vencedor, mas isso tem ocorrido com alguma frequência. Como
exemplos, o Honda Fit entre os hatches pequenos da classe 3, o Ford
Fusion entre os sedãs grandes e o Chevrolet Captiva nos utilitários
esporte da classe 2 estão entre as opções com menor preço de entrada
— e
nenhum deles recebe a vitória pela primeira vez. |
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Vencedores e vencidos
Mais um fato digno de nota: apesar de questionarmos ao eleitor
apenas qual o melhor dos competidores, sem abrir espaço para que
selecionem seus segundos ou terceiros lugares, todos os
candidatos receberam, no mínimo, 0,16% dos votos (arredondados para
0,2%), que significam 60 pessoas. O que isso significa? Que há gosto
para tudo, até mesmo para aquele carro menos prestigiado, que causa
mais rejeição que desejo na maioria dos eleitores.
E que modelos são esses? Entre os que estão em produção, os menos
votados foram Effa M100 em hatch pequeno da classe 1 (0,2%, o menor
percentual absoluto), Nissan Tiida em sedã médio e SsangYong Kyron
em utilitário esporte da classe 2 (cada um com 0,3%), Mahindra Turbo
em picape médio/grande e Scorpio da mesma marca em utilitário da
classe 1 (0,4%), SsangYong Rexton em utilitário da classe 3 e
Peugeot 307 em sedã médio (0,7% cada, mas com o 307 vencendo o
Tiida).
Como as categorias de carros fora de linha costumam ter maior número
de candidatos, há vários ali com percentual inferior a 1%. Os piores
resultados são dos Volkswagens TL e 1600 de quatro portas nos anos
70 (0,2%), FNM 2150 na mesma década (0,3%) e Ford Fiesta nos anos 90
(também 0,3%).
Na outra ponta, a dos campeões de votos, estão Porsche Cayenne em
utilitário esporte da classe 4 (39,4%), Saveiro em picape pequeno
(38,6%), Porsche 911 em carro esporte da classe 2 (mesmo
percentual), novo Fiesta em sedã pequeno (38,5%) e Fit em hatch
pequeno da classe 3 (37,9%). No grupo dos carros fora de linha, o
maior percentual cabe ao Opala nos anos 50 e 60 (37,2%). Para
referência, o grande campeão Cayenne teve mais de 14.700 votos.
Para quem acompanha a penetração das marcas chinesas no mercado, a
eleição revela que, ao menos na preferência de nossos eleitores,
elas ainda precisam trabalhar muito em imagem e divulgação. Seu
produto com maior participação nos votos foi o Chery Face, com 4,2%
e o 9º lugar em uma categoria (hatches pequenos da classe 1) com 12
candidatos, seguido por Cielo hatch (3,6%) e o utilitário esporte
Tiggo (2,6%) do mesmo fabricante.
Finalmente, impressiona como os carros da General Motors são líderes
absolutos entre os modelos fora de produção, com o detalhe de que o
Opala conquistou dessa vez três categorias, superando o Monza
na da década de 1980. Da fase inicial de nossa indústria até o
século XXI, todos os vencedores da eleição, em suas 13 edições,
ostentaram a gravata-borboleta.
Por outro lado, apesar de ter concorrido em 12 categorias entre
carros ainda em produção (incluindo O Carro dos Meus Sonhos),
a GM só venceu em uma, a de utilitários esporte de classe 2, com o
Captiva. Parece haver todo o sentido em usar uma música de 1987 para
um recente lançamento da empresa, o Camaro: é mesmo do passado que
vive hoje esse fabricante. |
Todos os
candidatos receberam, no mínimo, 0,16% dos votos. Há gosto para
tudo, até mesmo para aquele carro menos prestigiado. |