Moss também de Mercedes 300 SLR na prova Tourist Trophy, de 1955 (em cima); o Maserati 250 F pilotado em 1956 era um dos prediletos

Em foto recente, o piloto britânico ao volante do Vanwall que dirigiu em 1958; embaixo, o Aston Martin DBR1 com que venceu em Nürburgring

Moss é presença frequente em provas de antigos (na foto em um Osca); embaixo, a partir da esquerda, Jack Brabham, Jackie Stewart e Moss

Em 1956 Fangio mudava para a Ferrari, e Moss, para a Maserati. Foi pilotar o carro vermelho 250 F, que se tornaria um de seus preferidos em toda sua carreira. Na segunda prova da temporada, em Monte Carlo, o inglês venceu pela segunda vez na F-1 em uma demonstração de pilotagem. Com a frente do carro de número 28 um pouco amassada, chegava com muito orgulho à frente de Fangio numa das provas de maior prestígio da temporada. Fechando o ano, em setembro, ganhava pela Maserati em sua terra natal no autódromo de Monza. Pela segunda vez era vice na temporada.

O ano de 1957 chegava e o coração do piloto batia mais forte pela velha Inglaterra. Ele foi disputar o campeonato pela Vanwall, de Tony Vanderwell, que também era dono da Thinwall. Assim como a Itália tinha seus carros com a cor vermelha e os franceses com azul, a Inglaterra desde os tempos da Bentley dos anos 20 tinha como oficial a cor verde escuro, o famoso British racing green. O fórmula com motor de 2,5 litros e 240 cv era um carro bonito, com aerodinâmica bem estudada. A armada italiana da Maserati era composta por Fangio, Jean Behra, Harry Schell e Carlos Menditeguy. Moss era considerado tão competente quanto o argentino, mas outra vez ficou em segundo lugar no campeonato, vencendo na Itália em Pescara e Monza. Seu colega de equipe, Tony Brooks, ficou em quinto e ambos venceram também na Inglaterra, já que o regulamento permitia que o carro fosse usado por dois pilotos.

A Fórmula 1 da época, além de ser um esporte para homens extremamente hábeis, era ambientada por dignidade, caráter e hombridade. Em 1958 Fangio se retirava e a batalha pelo título estava entre Moss, Brooks, Maurice Trintignant, Mike Hawthorn e Peter Collins. À exceção do francês, que corria com um Cooper-Climax, todos eram britânicos; Hawthorn acelerava um Ferrari. O americano Phil Hill estreava na equipe do comendador num ano que seria trágico para Maranello — ela perderia em acidentes Luigi Musso e o jovem Peter Collins.

Nesse ano Moss vencia em Buenos Aires, Zandvoort (Holanda) e Ain-Diab (Marrocos). Hawthorn havia vencido na França e acumulava bons resultados. Ambos estavam em condições de vencer o campeonato, pois a diferença era de apenas um ponto. No último GP, na cidade do Porto, em Portugal, Hawthorn estava à frente e fez a volta mais rápida, mas rodou e o carro morreu. Empurrou-o pelo canteiro em contramão, conseguiu ligá-lo, retornou à pista e seguiu. Na comemoração pelo campeonato, porém, soube que o feito estava impugnado: os dirigentes não haviam visto o que ocorrera e o desclassificaram. Moss tornou-se campeão... mas foi até os homens e contou que o procedimento feito pelo patrício após a rodada havia sido correto. Perdeu o campeonato, mas não a honra. Foi dormir tranqüilo, com mais um vice. Não se arrependeu. Quanto a Vanwall, ganhava a primeira copa dos construtores.

Em 1959 ele corria de Cooper-Climax, com motor na traseira. Muito hábil, não teve dificuldades em se adaptar. A disputa do campeonato estava entre ele, Brooks e Jack Brabham. Os dois ingleses trocaram de equipe e de carro duas vezes na temporada. Stirling ganhou em Portugal e foi terceiro na Itália, atrás de Brooks e do neozelandês Brabham, que conseguia seu primeiro campeonato. No mesmo ano Moss vencia a 1.000 Quilômetros de Nürburgring com um Aston Martin DBR1. Pilotava tão bem em várias categorias que se adaptava com facilidade às mudanças.

Nova década, novo equipamento: Moss estava na Lotus de Colin Chapman em 1960, com motor Coventry-Climax de 2,5 litros e 240 cv. Com esse monoposto deu a primeira vitória à marca na segunda prova do campeonato, em Mônaco. Na quinta prova, na Bélgica, sofreu um acidente grave que machucou bastante suas pernas e lhe comprometeu o campeonato. Venceu outra vez no fim do ano em Riverside, EUA, e ficou em terceiro na temporada. Continuou fiel à equipe privada de Rob Walker em 1961. Fez a temporada com um Lotus 18, já ultrapassado, pois a nova versão 21 entrava em cena. Tornou a ganhar em Mônaco e também no inferno verde de Nürburgring, Alemanha, num campeonato disputadíssimo. Ficou outra vez em terceiro lugar, atrás do americano Phil Hill e do alemão Wolfgang von Trips, ambos com Ferrari.

No ano seguinte, devido a ótimas relações com o comendador Enzo, correu o Mundial de Marcas com um Ferrari 250 GT SWB, mas em condições não oficiais, e ganhou novamente o Tourist Trophy em Goodwood. No mesmo circuito, numa prova fora do campeonato em abril, pilotava o Lotus e disputava posição com Graham Hill quando sofreu grave acidente. Teve múltiplas fraturas, ficou em coma durante semanas e não disputou mais provas em 1962. Restabelecido após várias fisioterapias, a título de teste Moss voltou a pilotar um carro de corridas no mesmo Goodwood no ano seguinte. Em sua própria avaliação, não ficou satisfeito. Preferiu abandonar as pistas. Ao todo foram 16 provas de F-1 vencidas, quase um quarto das que disputou entre 1951 e 1961, e várias vitórias em outras categorias, incluindo o Mundial de Marcas.

Nunca ganhou um título, mas era considerado tão bom quanto Fangio. Modesto, sempre considerou o amigo um piloto melhor e mais completo. Hoje é presença simpática e constante em provas de veículos históricos, sempre competindo. Muito admirado por seu povo, foi agraciado em 2000 com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II.

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