Emerson em 1974 e a apresentação do Copersucar Fittipaldi FD-01 no mesmo ano: o sonho do carro de F-1 nacional resultaria em decepção

Na Fórmula Indy, novos sucessos: venceu a 500 Milhas de Indianápolis (em cima) e foi campeão em 1989; embaixo, já na Penske-Mercedes

Dez anos depois de deixar a Indy, voltou às pistas em 2006 pela GP Masters, que reunia ex-pilotos de F-1; hoje Fittipaldi apóia a A1GP

As versões se sucediam e o carro não dava resultado. A situação melhorou pouco no ano seguinte, com Emerson obtendo apenas 11 pontos. Divila saía da equipe, dando lugar a David Baldwin, que havia trabalhado na Ensign-Ford. No fim de 1977 a sede foi transferida para Reading, Berkshire, pequena cidade a oeste de Londres. O modelo F5 sofria mais alterações na estrutura e na mecânica. Na segunda prova do campeonato de 1978, o Brasil vibrou ao ver Emerson em seu carro amarelo em segundo lugar em Jacarepaguá, no Rio. Terminou o ano em décimo no campeonato e a equipe em sétimo.

Em 1979, já na época do carro asa, Fittipaldi testava o modelo F6, que não apresentava bons resultados. Um problema no chassi comprometia todo o carro. O F5A entrava novamente nas pistas para tentar um milagre, mas fez apenas um ponto no campeonato e as esperanças começaram a minguar. Entravam na década de 1980 com mais investimentos e gastos. Os irmãos Fittipaldi, que haviam adquirido toda a estrutura da equipe Wolf, passavam a contar com a valiosa ajuda do projetista Harvey Postlethwaite e do audaz piloto Keke Rosberg, em início de carreira. Este conseguia o terceiro lugar logo no GP da Argentina. Havia também novo patrocinador, a cervejaria Skol, que havia injetado muito dinheiro.

Em Long Beach, EUA, Emerson ainda conseguia outro terceiro lugar, mas estava muito desgastado com toda a empreitada. Os resultados continuavam ruins e a equipe fechou as portas em 1982. O sonho havia se transformado em pesadelo e dívidas pesadas. Além de Wilson, Emerson e Keke, chegaram a pilotar o fórmula brasileiro Chico Serra, Ingo Hoffmann, Alex Dias Ribeiro e o italiano Arturo Merzario, já em fim de carreira. Na categoria mais famosa do planeta, Emerson disputou 149 provas, obteve dois campeonatos e dois vices, 14 vitórias e seis pole positions.

Nos tempos de F-1, Fittipaldi declarou após algumas voltas que jamais correria num circuito oval, que era muito perigoso e os carros desinteressantes. Mas em 1984 começou a correr na Cart da Fórmula Indy pela equipe WIT, que tinha um carro com motor Chevrolet. Fez boas provas e se entusiasmou. No ano seguinte assinava com a Patrick Racing para disputar o campeonato todo, com chassi Penske e motor Chevrolet. Ganhava sua primeira prova em Michigan, correndo 500 milhas, e provava a si mesmo que não estava acabado para as pistas. Feliz, já no segundo casamento, mudou-se para a Flórida, no sul do país. Como tinha ainda alguns compromissos no Brasil, viajava demais e não participou de toda a temporada da Cart.

Começou a vencer provas e ficar muito popular em terras norte-americanas. Seu capacete preto e vermelho estava mais estilizado. Até 1989 foram 10 corridas vencidas, mas a mais importante e vital para a consolidação de sua carreira por lá foi a 500 Milhas de Indianápolis. Emmo, como era chamado carinhosamente pelos norte-americanos, disputou de forma emocionante as últimas voltas com Al Unser Jr. e foi campeão na categoria. Emerson venceu corridas na Indy em praticamente todas as temporadas que disputou, mas foi nesse ano que atingiu o ponto mais alto de sua volta por cima. Em 1990 mudou-se para a equipe de Roger Penske, de quem se tornou muito amigo.

Em 1993, outra temporada memorável. Teve disputas épicas com o inglês Nigel Mansell. Uma delas foi pelo segundo lugar em Cleveland, chegando a trocar várias vezes de posição na mesma volta. Emerson venceu o duelo e foi vice-campeão, atrás de Mansell, mas coroou sua temporada com mais uma vitória em Indianápolis. Para irritação dos patrocinadores locais, tomou suco de laranja em vez do tradicional leite. Homem de negócios, estava promovendo sua atividade de citricultura no interior paulista. Também em 1994 (já com motor Mercedes no Penske) foi vice-campeão, mas dois anos depois abandonou a categoria após um grave acidente em Michigan. Em sua carreira na Indy ganhou 22 corridas e obteve 12 poles, outra marca invejável.

Muito patriota, sempre honrou nosso país no exterior. Trouxe para o Brasil a categoria norte-americana, disputada no Rio de Janeiro entre 1997 e 2000. Em 2006 voltava a se “divertir” na GP Masters, que reunia ex-pilotos de F-1 com mais de 40 anos. Teve como colegas Nigel Mansell, Riccardo Patrese, Hans Stuck, René Arnoux, Patrick Tambay e Eddie Cheever. Hoje apóia e presta consultoria à A1GP, que tem como piloto Felipe Guimarães. Presença constante em nossas pistas e ao redor do mundo, Emerson sempre foi e será um dos maiores representantes do Brasil no automobilismo mundial.

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