

O fundador Battista Farina, que
assumiu o famoso sobrenome em 1961; o filho Sergio (embaixo à esquerda)
e o neto Andrea: talento em família


Conversível Lancia Astura Bocca
de 1936 e o prestigiado Cisitalia 202


A produção do Alfa Giulietta
impulsionou a ampliação da empresa; o conceito X, embaixo, tinha formas
estranhas e Cx de 0,23 já em 1960 |
O nome Pininfarina está diretamente associado ao da Ferrari, mas o
estúdio italiano de desenho tem uma longa trajetória, anterior mesmo à
do fabricante de Maranello. É a história da família Pininfarina, em três
gerações, que desde 1930 contribui para deixar mais bonitas as ruas e
estradas do mundo todo.
Battista Farina nasceu em Turim em 1893. Décimo de 11 irmãos, era o
menor deles, o que lhe rendeu o apelido Pinin. Com apenas 11 anos passou
a trabalhar na empresa do irmão Giovanni, a Stabilimenti Farina, e aos
27 — em 1920 — viajou aos Estados Unidos para conhecer os avanços do
setor automotivo no país. Conheceu Henry Ford, que o convidou para
trabalhar em sua empresa, mas Farina preferiu voltar à Itália. A viagem
serviu para aumentar ainda mais seu gosto por automóveis e aeronaves. No
ano seguinte, ao volante de um carro de rua, ele vencia a corrida
Aosta-Gran San Bernardo, firmando um recorde que duraria 11 anos.
A Pininfarina que conhecemos começou a nascer em 1930 com a fundação da
Società Anonima Carrozzeria Farina, em Turim. Embora parecesse apenas
mais uma entre muitas construtoras de carrocerias — à época era comum o
comprador de carros mandar "vestir" um chassi de fábrica com as linhas
de seu gosto —, a empresa tinha um foco diferente: ampliar o volume
desse tipo de trabalho para atender a maiores demandas da indústria. O
primeiro resultado aparecia no ano seguinte com mecânica Lancia, o
Dilambda, seguido pelo Fiat 518 Ardita (1932), o
Alfa Romeo 6C Pescara Coupé (1935) e o
Lancia Astura Bocca Cabriolet (1936).
Embora contatos tenham sido feitos com a General Motors e a Renault, a
Farina permaneceu limitada a marcas italianas até o início da Segunda
Guerra Mundial. Em 1946 a derrotada Itália foi impedida de participar do
Salão de Paris, mas Battista não se deixou abater: com o filho Sergio,
levou de Turim à capital francesa um Alfa Sport 2500 e um Lancia Aprilia
Cabriolet, que ficaram estacionados diante do evento no Grand Palais,
para admiração dos que passavam.
O primeiro carro de Farina no pós-guerra chegava às ruas no ano
seguinte: o belo cupê esporte
Cisitalia 202. Uma colaboração com a Nash americana levou à
remodelação do Nash-Healey, em 1952, cuja
carroceria era construída em Turim. No mesmo ano eram apresentados o
Alfa Romeo 1900 Sprint Coupé e o
Ferrari 212 Inter, que marcava o começo de
uma longa parceria. Em 1954 apareciam o conversível
Lancia Aurelia B24 S e o cupê
Maserati A6 GCS Berlinetta Sport; um ano
depois o Peugeot 403. Com o
Alfa Giulietta, de 1955, os
negócios cresceram com rapidez: o que deveria ser uma série para
exportação aos EUA se tornou um grande sucesso por toda a Europa.
Três anos depois, uma fábrica bem maior era aberta em Grugliasco. Em
1959 surgia o Ferrari 250 GT SWB; no
ano seguinte, um carro-conceito de linhas curiosas, frente arredondada e
ótimo Cx 0,23, o Pininfarina X, e o
Fiat-Abarth Monoposto, feito para disputar recordes de velocidade.
Pininfarina tornava-se o sobrenome oficial de Battista em 1961, quando
uma proposta do Ministro da Justiça foi acatada pelo presidente
italiano, Giovanni Gronchi. No mesmo ano o fundador entregava a direção
da empresa ao filho Sergio, nascido em 1926, e ao genro Renzo Carli. O
primeiro ficava com a parte de criação, o outro com o setor
administrativo.
Battista morreria cinco anos mais tarde aos 73. Diversos títulos
consagraram suas contribuições ao país e ao desenho de automóveis, como
o Légion d'Honneur do General De Gaulle, o Cavaliere del Lavoro e os de
membro honorário da Sociedade Real de Artes de Londres e da Sociedade de
Engenheiros e Arquitetos de Turim, que mais tarde lhe conferiria o
Prêmio Turim. Recebeu ainda o prêmio Compasso d'Oro e uma medalha de
ouro do presidente da República pelo que fez pela educação, a cultura e
a arte na Itália.
Teve ainda graduação honoris causa na faculdade de arquitetura
do Instituto Politécnico de Turim em 1963. Justificou-se a faculdade:
"Mestre inquestionável das técnicas de construção arquitetônicas de
automóveis, Pininfarina tem um perfeito conhecimento desta tecnologia e
da aerodinâmica automotiva. Tem um verdadeiro e prestigioso talento
artístico, aliado à imaginação criativa dedicada à inovação".
Continua
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