

Enzo Ferrari ainda jovem e
(no centro da foto inferior) entre os Alfas de competição em 1920,
quando obteve a segunda posição na Targa Florio


Ainda de Alfa, em 1923 e
1924; ele comandou a equipe italiana até que essa fosse terceirizada, em
1929, quando abriu sua própria escuderia |
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Da Ford à Bugatti, da Chrysler à Porsche, muitos fabricantes de
automóveis mundo afora carregaram o sobrenome de seus fundadores. Mas
talvez nenhuma dessas empresas tenha alcançado o carisma de uma marca
italiana fundada em 1947 por um homem não menos relevante na história da
mobilidade: Enzo Ferrari.
Nascido em 18 de fevereiro de 1898 (mas registrado no dia 20) em Modena,
Enzo Anselmo Ferrari era filho de Alfredo, dono de uma oficina mecânica
e uma pequena metalúrgica. Um dos primeiros proprietários de automóveis
da região, Alfredo levou o filho de 10 anos para assistir a uma corrida
em Bolonha, o que certamente contribuiu para despertar nele a paixão por
pistas e motores. O pai queria que os dois filhos — o mais velho, também
Alfredo, tinha dois anos a mais — se formassem engenheiros, mas apenas o
primogênito gostava de estudar.
Alfredo pai e Alfredo filho morreram em 1916, o primeiro de pneumonia e
o outro de doença contraída no serviço militar. Também adoentado e assim
dispensado do exército, o jovem Enzo encontrou falido o negócio da
família e teve de buscar trabalho em outro lugar. Tentou vários, foi
rejeitado pela Fiat e decidiu se instalar em Milão, onde passou a
trabalhar no fabricante de carros CNM (Costruzioni Meccaniche Nazionali).
Foi com um modelo dessa marca com motor de 2,3 litros que ele competiu
em corrida pela primeira vez, em uma subida de montanha na região de
Parma.
Logo conquistou um lugar na equipe Alfa Romeo, então a mais prestigiada
do automobilismo. Em 1920 obtinha a segunda posição na prova Targa
Florio, na Sicília. Três anos mais tarde, após uma corrida em Ravena,
recebeu dos pais de Francesco Baracca — maior piloto da brigada italiana
na Primeira Guerra Mundial — um pedaço da aeronave na qual ele morrera
durante um combate. Constava da peça o emblema da família, um cavalo
empinado sobre um fundo branco. Ferrari aceitou a lembrança e, em 1932,
adotaria o símbolo (só que em um escudo amarelo referente a Modena) para
sua própria equipe de competição.
A Scuderia Ferrari surgiu em dezembro de 1929 quando a Alfa decidiu
terceirizar sua participação em corridas. Participaram da nova equipe
mais de 40 pilotos, vários renomados como Achille Varzi, Antonio Ascari,
Giuseppe Campari, Louis Chiron e Tazio Nuvolari. Antigos parceiros de
Enzo respondiam pela engenharia, como Luigi Bazzi, que corria pela Alfa
desde 1923 e seria engenheiro de desenvolvimento da Ferrari até se
aposentar nos anos 60. Outros eram Vittorio Jano, projetista de notáveis
Alfas para a escuderia, e Gioacchino Colombo, responsável pelo motor dos
Alfettas 158 e 159 de Grande Prêmio e pelo primeiro V12 da Ferrari.
Enzo casava-se em 1932 com Laura e no mesmo ano nascia o filho Alfredo,
apelidado de Dino. Seis anos mais tarde a Alfa Romeo voltava a ter a
própria equipe de corridas, gerenciada por Ferrari, mas já em 1939
desentendimentos levavam a uma separação definitiva entre eles. O
ex-piloto retornou para Modena para lançar outra equipe, que pelos
termos contratuais não poderia usar seu sobrenome por quatro anos.
Auto Avio Costruzioni foi como Enzo chamou o novo empreendimento. O
primeiro modelo, o tipo 815, teve duas unidades construídas para a Mille
Miglia italiana de 1940, com motor de oito cilindros e 1,5 litro (por
isso o número 815) obtido pela união de duas unidades Fiat de quatro
cilindros. Elegantes com suas carrocerias Touring, os 815 foram os
carros mais rápidos em sua classe de cilindrada, mas não terminaram a
prova.
Continua
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