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Precursor francês

Leve, compacto e com tração dianteira, o Matra Rancho
criou o conceito, hoje consagrado, de SUV compacto

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A Matra francesa era, desde a década de 50, uma famosa empresa especializada em pesquisas aeroespaciais. Mísseis eram um de seus produtos e, por sua qualidade e eficiência, era muito respeitada em seu segmento. No início dos anos 60 passava a fabricar carros com a ajuda de René Bonnet, um nome de destaque em carros esporte e de corridas. A pequena firma passava a se chamar Matra Sports.

O primeiro desta cooperação foi o Matra Bonnet Djet 5, de 1964. Depois vieram o Djet 6, de 1966, e o 530, em 1967. Usavam motores Renault e depois Ford. No final de 1969, a Matra assinava um acordo com a Chrysler francesa, que detinha a marca Simca (origem dos carros brasileiros desta marca; leia história). Quatro anos depois era lançado um interessantíssimo esportivo de três lugares, o Matra Bagheera.

O carro esporte Djet, que lembra o Renault Alpine (nosso Interlagos): primeiro produto da Matra Sports

Mais tarde, em março de 1977, a Matra tornava a inovar lançando um ancestral dos utilitários esporte (SUVs) compactos atuais, como Toyota RAV4, Suzuki Grand Vitara e similares. O Matra Simca Rancho nasceu a partir do pequeno e simples furgão Simca 1100 VF2, sendo que este era derivado de um hatch com opção de duas e quatro portas para uso urbano. A inspiração talvez tivesse vindo do Range Rover, de 1970, mas este sempre teve tração integral.

O novo francês de múltiplos usos impressionava pela ampla área envidraçada. Para todos os lados a visibilidade era ótima. Sua carroceria, na parte atrás da cabine do motorista e passageiro, era de plástico reforçado com fibra-de-vidro. Vinha em cores vivas e nada discretas para despertar jovialidade. E havia também muito preto-fosco, no contorno das caixas de roda, pára-choques e molduras de janelas, para um ar agressivo e robusto. Não passava desapercebido.

Robusto na aparência, mas menor e menos valente que outros utilitários da época, o Rancho delineou um conceito muito comum hoje. Nunca teve tração integral, mas enfrentava caminhos inacessíveis aos automóveis

De espírito jovem e aventureiro, chamou logo a atenção. Não chegava a ser um Land Rover em capacidade fora-de-estrada, nem tinha a pretensão. Mas custava 20% a menos que este e tinha um visual agressivo, que já despertava admiradores. Acima da parte dianteira da capota havia um pequeno bagageiro e partir deste ponto o teto era mais alto. O modelo, de duas portas, media 4,32 metros de comprimento, 2,51 metros entre eixos e 1,74 de altura. Pesava 1.130 kg, leve para os padrões atuais.

O motor de quatro cilindros em linha, emprestado do Simca 1308, era pequeno para um utilitário, com 1.442 cm3 e potência de 80 cv a 5.600 rpm. Tinha um carburador de corpo duplo e taxa de compressão de 9,5:1. O torque máximo era de 12 m.kgf a 3.000 rpm, suficiente para um desempenho razoável. A caixa tinha quatro marchas e a tração era dianteira. O consumo girava em torno dos 10 km/l e o tanque podia receber 60 litros.

Ganchos de reboque, guincho frontal e um banco adicional na traseira, em posição
invertida: um veículo prático e bem-equipado para aventuras de fim-de-semana

A suspensão era independente nas quatro rodas, um requinte para o tipo de veículo. A dianteira usava barras de torção longitudinais, e a traseira, transversais. Os pneus eram 185/70-14. Atingia velocidade máxima de 145 km/h e de 0 a 100 km/h levava 15 segundos, mas isso não interessava muito ao comprador: este queria um carro para lazer, para freqüentar montanhas, passear longe dos centros urbanos e enfrentar terrenos mais difíceis do que poderia com um automóvel. Tinha suas limitações, mas com consciência delas se podia tirar muito proveito. Continua

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Data de publicação deste artigo: 10/12/02

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