Surgia também a Cruising Wagon, uma perua com apenas uma janela lateral traseira, circular, de cada lado. Voltada ao público jovem, tinha acabamento esportivo, conta-giros, volante "de rali", spoiler dianteiro, dutos para refrigerar os freios, estabilizador mais espesso, rodas especiais e molas mais firmes. Algumas saíram sem as janelas traseiras e até sem o banco posterior, o que a tornava um furgão.

Faróis retangulares eram inseridos em 1979, ao lado da versão ESS (European Sports Sedan, sedã esporte europeu), com adereços esportivos e... faixas pretas. No ano seguinte o motor V6 era eliminado, permanecendo apenas o 2,3-litros.

Em 1977 o Runabout ganhava porta traseira toda em vidro. Foi o ano em que a revista Mother Jones publicou denúncia sobre os incêndios

O Pinto foi um sucesso: em 1971 foram vendidos 328.275, tornando-o o mais bem-sucedido da categoria. Seu melhor ano foi 1973, com 479.668 exemplares. Mas o êxito começou a declinar em 1977, quando surgiram denúncias de sua propensão a incêndios. A causa era o tanque de combustível em posição vulnerável na traseira, que fazia romper facilmente o tubo de abastecimento em colisões, levando a gasolina a derramar e explodir. O próprio tanque raspava na carcaça do diferencial nesses eventos, podendo romper-se pelo atrito.

A revista investigativa Mother Jones acusava a Ford, em setembro daquele ano, de conhecer a fragilidade em testes de impacto e não ter tomado nenhuma medida para sua correção. Segundo a publicação, o tanque se rompia sempre que a velocidade da colisão fosse maior que 40 km/h. Em impactos mais severos era comum que as portas se travassem, impedindo o escape do calor e o resgate dos ocupantes.

A Cruising Wagon, uma perua com pequenas janelas circulares na parte
traseira, e o Cruising Sedan, lançado em busca do mesmo público jovem

E por que a Ford não resolveu logo o problema? O limite de preço fixado por Iacocca não deixara margem para investir em um aperfeiçoamento do tanque. A pressa em seu desenvolvimento também contribuiu, pois o ferramental de fabricação tivera de ser produzido antes mesmo que o projeto fosse devidamente testado.

Consta que 500 pessoas morreram e centenas se feriram. A Ford sofreu 117 processos na Justiça, tendo sido a primeira empresa acusada de homicídio nos Estados Unidos, pelas autoridades do estado de Indiana. Em 9 de julho de 1978 era anunciada a convocação de 1,5 milhão de Pintos e 30 mil Bobcats para modificações no tanque. Iacocca era despedido no mês seguinte.

Apesar das mudanças de estilo de 1979 e dos motores mais potentes, a crise dos incêndios acabou com a imagem do Pinto, substituído no ano seguinte pelo Escort

Em março de 1980 a marca era considerada inocente no processo de Indiana, mas o dano à imagem do carro já estava consolidado. Em 1979 haviam sido vendidos apenas 187.708 Pintos, que teve sua produção encerrada em julho de 1980. Em seu lugar a Ford colocou uma versão local do Escort. Ainda hoje o carro mantém adeptos, que criam adaptações com motor V8 e até com rodas imensas, os populares big-foot.

O curioso é que, segundo um suposto memorando da empresa, a Ford teria calculado uma perversa relação custo-benefício: indenizar 2.100 carros queimados, 180 mortes e 180 feridos gravemente por ano lhe custariam US$ 49,5 milhões, bem menos que os US$ 137 milhões necessários para a correção do problema (US$ 11 por unidade, estimados 12,5 milhões de carros). Mas a marca não contava com as indenizações milionárias que teve de pagar, uma delas de US$ 128 milhões.

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