Flash Gordon

A passagem do Gordon-Keeble GT pelo mercado inglês dos
anos 1960 foi tão rápida quanto o desempenho do carro

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação e site gordonkeeble.com

Foram meros oito anos, mas a passagem meteórica do Gordon-Keeble GT foi suficiente para deixar um rastro de magia pela história do automóvel na Inglaterra. Exceto pelo universo restrito dos colecionadores de carros clássicos, hoje o nome desse curioso esportivo britânico nada significa para o grande público, mesmo entre os apreciadores do antigomobilismo. Mas nos anos 1960 a falta dessa referência era bem mais difícil para quem se interessava pelas novidades do mundo do automóvel.

Projetado pela dupla John Gordon e Jim Keeble, o GT era de certa forma um descendente do Peerless, um modelo de configuração semelhante que Gordon desenvolvera em 1957 ao lado de Bernie Rodger. Esse ancestral do Gordon-Keeble buscava atender a um nicho de mercado percebido por seus criadores. Segundo eles, havia demanda por um carro com desempenho comparável ao de um Aston Martin, mas com menor preço. Ele era movido pelo propulsor do Triumph TR3, que ainda cedia o câmbio com overdrive opcional e a suspensão dianteira.

Apenas 100 unidades do Gordon-Keeble GT chegaram às ruas: estes são os exemplares de número 6 (ao lado), 54 (acima) e 29 (abaixo)

O Peerless vendeu algumas poucas centenas de unidades. Gordon deixou a firma em 1959, ano em que se associaria ao engenheiro e piloto de corridas Keeble. Um outro piloto, só que da força aérea americana, Rick Nielson fazia a manutenção de seu Corvette com Keeble e encorajou os dois sócios a unir experimentalmente um V8 de 3,5 litros da Buick a um chassi de Peerless. Nascia ali a idéia do Gordon-Keeble, um cupê luxuoso de quatro lugares com a melhor e mais atual tecnologia para corridas.

O chassi tubular de seção quadrada era semelhante ao do Peerless, com eixo traseiro De Dion, paralelogramos de Watt e freios a disco. Ainda em novembro de 1959, Keeble começou a trabalhar no desenho. Quando o chassi foi concluído, em janeiro de 1960, ele pôde ser transportado para Turim, na Itália, onde receberia a carroceria definitiva com painéis de alumínio, elaborada pelo prestigiado estúdio Bertone. Dois meses mais tarde, o carro estava pronto.

O projeto previa carroceria de alumínio, mas na produção passou-se a usar plástico com fibra-de-vidro; o desenho de Giugiaro era elegante e algo esportivo

A estréia ocorreu no Salão de Genebra de 1960, no estande do próprio estúdio. O apelo das linhas não era por acaso: o Gordon-Keeble foi um dos primeiros projetos desenvolvido pelo Midas italiano Giorgetto Giugiaro, então com apenas 21 anos de idade e já trabalhando para Bertone. O cupê tinha aquela atratividade típica dos esportivos italianos e ingleses, mas com o aspecto elitizado de um Maserati. O destaque ficava para os faróis duplos montados na diagonal e a generosa área envidraçada.

O cupê tinha um nítido terceiro volume. Primava pela simplicidade e a elegância no estilo, mas um discreto toque esportivo era marcado pela entrada de ar à frente de um ressalto no capô. No mais, o acabamento era esmerado. O GT media 4,67 metros de comprimento, 1,72 de largura, 1,34 de altura e entreeixos de 2,59 m. A tartaruga no logotipo do Gordon era uma pista falsa: além de ter ficado pronto em meros quatro meses, o carro tinha mesmo conteúdo sob o capô. Continua

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Data de publicação: 10/8/04

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