Tradição e refinamento

Nascido com um estranho "terceiro olho", o Rover P4 tornou-se
mais bonito com o tempo e agradou pelo luxo e conforto

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A Rover Co. Ltd foi fundada em 1877, por John Kemp Starley e William Sutton, para produzir bicicletas. A cidade de Coventry, na Inglaterra, era a terra natal das indústrias que fabricavam veículos sobre rodas. No ano seguinte a Rover, de forma experimental, já construía triciclos elétricos. Em 1903 nascia a primeira motocicleta com motor a gasolina, e no ano seguinte, o primeiro automóvel, com chassi central, motor monocilíndrico e máxima de 40 km/h. Três anos depois um modelo de quatro cilindros vencia, na ilha de Man, o famoso Tourist Trophy.

Como todas as indústrias européias, no pós-guerra a inglesa voltava a fabricar os modelos de 1939, já um tanto antiquados mesmo naqueles tempos. Em 1948, porém, em Solihull, começavam a ser produzidos os modelos 60, com quatro cilindros e 1.595 cm³, e 75, com motor de seis cilindros em linha e cilindradas de 1.997, 2.103 e 2.500 cm³. Tinham novos chassis, freios com acionamento hidráulico e suspensão dianteira independente. Eram conhecidos como P3.

O "ciclope": o modelo inicial foi assim apelidado pelo farol no centro da grade, que prejudicava o estilo de um carro elegante quando visto de lado

O ano de 1948 foi marcado pelo primeiro Salão de Londres depois da guerra. Com poucas novidades na Rover, as carrocerias sofriam apenas pequenas mudanças. Mas já estava em andamento o projeto de um modelo com forte inspiração no americano Studebaker Champion. A empresa havia importado dois, que foram estudados e desmontados. Um deles, com algumas modificações, foi montado no chassi de um modelo 75 P3. Suas dimensões eram muito semelhantes.

No salão inglês de 1949 o público conhecia o novo Rover, cujo código interno era P4, sendo que esta designação caiu na preferência dos britânicos. Seria produzido em Cowley, perto de Oxford, já que as instalações de Solihull estavam tomadas pela produção do Land Rover. Em tempos de retomada de crescimento, o aço estava com outras prioridades. Sendo assim, o capô, a tampa do porta-malas e as portas eram feitos em liga de alumínio.

A traseira baixa seguia o padrão dos sedãs da época, sobretudo os britânicos. O motor inicial era um seis-cilindros de 2,1 litros e 74 cv

O modelo era um três-volumes com traseira em queda e frente "ponton", bem comum na época. Com linhas bem arredondadas, tinha quatro portas, sendo que as traseiras tinham abertura inversa à usual ("suicida"). Na coluna entre as duas havia setas direcionais, as famosas "bananinhas". O inusitado estava na parte dianteira: tinha três faróis redondos, sendo que um central no meio da grade quadrada com frisos horizontais. Ganhou logo o apelido de ciclope – e não era injusto. Causava muita estranheza. Uma pena, pois de perfil era um carro muito elegante e ao mesmo tempo discreto. Media 4,54 metros.

Por dentro mantinha a classe, a discrição e a sofisticação britânicas: bancos confortáveis revestidos em couro, tapetes espessos, madeira no painel e nas forrações de portas, iluminação no porta-luvas, no porta-malas e para os ocupantes que iam com muito conforto atrás. Se não fosse usado o apoio de braço, três viajavam com conforto e o mesmo número na frente, já que a alavanca de câmbio estava na coluna de direção. Continua

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Data de publicação: 12/10/04

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