O clube das três rodas

Um tipo peculiar de carro marcou a trajetória da Reliant, que teve no
Regal e no Robin seus modelos mais bem-sucedidos no gênero

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O furgão Regent: como um baú com frente de moto

Em 1952, o primeiro Regal, com motor de 750 cm3

Na versão 3/25 o Regal já tinha teto rígido, carroceria de plástico e versões sedã, perua e furgão, abaixo

A britânica Reliant Motor Company talvez seja o fabricante mais especializado, no mundo, em veículos de três rodas. Durante 65 anos produziu diversos modelos nessa configuração, dos quais o Robin — último deles a ser descontinuado — tornou-se o mais famoso. A empresa foi formada no primeiro dia de 1935 por T. L. Williams, que construiu um protótipo de três rodas em seu quintal, em Kettlebrook, Tamworth, na Inglaterra.

Williams havia-se demitido da Raleigh, também fabricante de carros de três rodas, por discordar da posição da empresa de que eles não tinham futuro. Denominado Reliant, o pequeno utilitário usava o motor do Austin Seven e era, grosso modo, uma frente de motocicleta acoplada a uma cabine, com uma pequena caçamba atrás. Acredita-se que tenha influído na escolha do nome a inicial R — Williams usara peças da Raleigh que tinham essa letra estampada.

O motor do Seven durou pouco: decepcionada com o fraco desempenho, em 1936 a Reliant passava a usar o da Jap, de dois cilindros e 600 cm³. No ano seguinte voltava ao Austin, desta vez com quatro cilindros, mas o fornecedor logo interrompia a produção desse motor. Assim, em 1939 a Reliant desenvolvia seu próprio propulsor, com base no da Austin.

Interrompida pela Segunda Guerra Mundial em 1940, a produção era reiniciada em março de 1946 com o nome Regent. Quatro anos depois o segundo modelo era apresentado, com maior capacidade de carga e janelas corrediças, em vez de meras telas de plástico. Podia vir como picape ou furgão. O primeiro veículo de passageiros da empresa surgiria só em novembro de 1952: o Regal, com quatro lugares, motor de 750 cm³ refrigerado a água e câmbio de quatro marchas, mais ré.

Bem diferente dos anteriores no estilo, parecia mais um carro comum, do qual se removeram as rodas dianteiras e se fecharam esses pára-lamas, colocando uma só roda no centro. Na frente, os dois grandes faróis circulares lembravam olhos esbugalhados. O teto era de lona, removível, e o estepe servia às três rodas. Os freios tinham comando hidráulico.

Até o início efetivo das vendas passaram-se vários meses, durante os quais a Reliant reduziu seu tamanho e eliminou alguns equipamentos (como maçanetas externas e vidros descendentes nas portas), a fim de enquadrá-lo como uma moto nas classes de tributação. A distância entre eixos, por exemplo, caiu de 2,13 para apenas 1,88 metro.

De início com carroceria em alumínio, já no ano seguinte (versão Mark II) o Regal passava a usar peças de plástico reforçado com fibra de vidro, material que se tornaria freqüente na marca. Seu desempenho podia surpreender, com velocidade máxima de 105 km/h, mas o consumo de 21 km/l era o maior destaque. Da versão Mk III (1956) em diante, toda a carroceria era de "fibra". A publicidade destacava: "Você economiza uma garagem e mantém o valor de revenda", pois o material não enferrujava. Continua

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Data de publicação: 25/1/05

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