Lazer na terra do canguru

De austeros utilitários para o trabalho, as peruas fechadas
da Holden tornaram-se os veículos preferidos pelos surfistas

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Assim como o canguru tem a bolsa para carregar o filhote, uma perua fechada, tipo furgão, é ideal para dois ocupantes e cargas, um bom veículo para trabalho e para fazer entregas. Mas na Austrália, país-ilha-continente, imenso, ele é usado para lazer — e muito apreciado.

A Holden australiana começou suas atividades em 1917 construindo carrocerias para automóveis. Carregava o sobrenome de seu fundador, Edward Wheeldon Holden. Antes disso era especialista em carruagens. Em 1926 a poderosa americana General Motors assumia o controle acionário e passava a construir seus modelos no país. Em 1948 a Holden começava a construir seus próprios modelos com mais independência, fabricados no território de Victoria, na cidade de Port Melbourne, ao sul do país. Já na década de 1950 começava a moda dos furgões de lazer. Se não fosse pelas cores, podiam ser confundidos com peruas funerárias... Sempre eram modelos de duas portas, fechados nas laterais traseiras. Eram os chamados Panel Van.

A série FJ foi a segunda da longa linhagem de Panel Vans da Holden: embora menor, tinha desenho inspirado nos utilitários 3100 da Chevrolet americana

A série FX foi a primeira e a FJ deu seqüência. Em 1953 eram lançados os picapes, a perua com vidros laterais e o furgão Panel, com linhas que tinham clara inspiração na linha Chevrolet 3100 americana. Mas eram bem menores. Suas linhas curvas seguiam o estilo da década. Na frente tinha faróis circulares com molduras cromadas — aliás, cromados eram o que não faltava no carro. A grade imponente tinha um friso central com "dentes" e ostentava o símbolo da fábrica, um leão dourado com a cabeça empinada e uma pata sobre uma roda. Os retrovisores eram apoiados na coluna do pára-brisa, que era dividido por um fino friso.

Seu motor era de seis cilindros em linha, com 2.150 cm³; a caixa manual tinha três marchas e sua tração era traseira. Com potência modesta para todo o peso, atingia velocidade máxima de 151 km/h e chegava aos 100 km/h em 20 segundos. Por dentro era elegante: volante de dois raios com um aro metálico para acionamento da buzina, painel todo em metal, alavanca de marchas na coluna. No confortável banco inteiriço viajavam até três adultos com bom espaço para as pernas.

Nas gerações EJ, EK e EH (ao lado), a perua já era derivada de um sedã, bem mais baixa e elegante -- embora tivesse todo o jeito de carro funerário...

Na década de 1960 os furgões começaram também a ser derivados dos sedãs. E foram ainda mais apreciados. Eram carros de recreação muito apreciados por surfistas, viajantes e aventureiros. As distâncias no país dos cangurus são imensas como no nosso. A série EJ Panel ganhava um teto mais elevado, que podia ter clarabóias e teto solar. Alguns tinham janelas laterais, mas os vidros eram muito escuros ou tinham escotilhas mínimas. Após veio a série EK, produzida entre 1961 e 1962. Os EH começaram a ser fabricados em 1963. O motor era o famoso Chevrolet Blue Flame, um seis-cilindros com potência que variava entre 95 cv (com 2.441 cm³) e 115 cv (com 2.933 cm³). Equipada com uma caixa manual de três marchas ou com uma automática, a perua chegava aos 160 km/h. Continua

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Data de publicação: 8/3/05

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