Os filhotes do Fusca

A família Typ 3, que a Volkswagen desenvolveu para entrar em
um segmento superior, foi a base para nossos TL, 1600 e Variant

Por maior que seja seu sucesso, nenhum fabricante deve deitar-se sobre os louros e manter um único modelo no mercado. A Volkswagen alemã, nascida na década de 1930 com o projeto do Käfer (nosso Fusca), sabia disso. Depois desse carro-símbolo, que levava o codinome de projeto Typ 1 (tipo 1 em alemão), lançou a perua Kombi ou Typ 2, em 1947, e o cupê esporte Karmann Ghia ou Typ 14, em 1955. Mas, ao final dos anos 50, era preciso diversificar ainda mais.

Mesmo que o "carro do povo" alemão ainda não temesse a concorrência, havia necessidade de oferecer algo mais amplo, confortável e potente para um público de maior exigência. O mercado americano, com sua predileção por automóveis grandes, era um campo que não poderia ser menosprezado. Assim, a VW partiu para o projeto de uma nova família, que levaria o codinome de Typ 3. No Salão de Genebra de 1960, a posição da empresa ainda era a de negar qualquer projeto em andamento... Mas protótipos já haviam sido vistos em testes e a revista americana Sports Cars Illustrated publicara, no ano anterior, que novos Volkswagens estavam por chegar.

Só no início de 1961 Wolfsburg admitia suas intenções, divulgando uma foto e o nome do sedã – VW 1500 – que chegaria em abril de 1961. Eram apresentados ao mesmo tempo três modelos da linha: o sedã três-volumes (Notchback), a perua Variant e um conversível – que acabaria não sendo fabricado em série –, todos de duas portas. Tinham estilo simples e agradável. Os faróis circulares ladeavam um capô mais baixo que os pára-lamas, dentro do desenho habitual na época, seguido também na traseira pelo terceiro volume do sedã, que abrigava o motor. A distância entre eixos era a mesma do Fusca, 2,40 metros, mas os carros mediam 4,34 m de comprimento.

Na perua, o formato retilíneo das três janelas laterais e da própria tampa do compartimento de bagagem justificava o nome Squareback, traseira quadrada, que a marca lhe atribuiria nos Estados Unidos. A denominação da Variant rende uma curiosidade. Ao introduzir o Typ 3 aos americanos, em 1965, a VW percebeu que manter o nome levaria a confusão com o Valiant, sedã compacto da Chrysler. Uma solução seria chamá-la de 1500 Station Wagon, mas o termo genérico já estava em uso na Kombi vendida naquele país... Veio então a idéia de Squareback Sedan, ou seja, uma perua que se tentava passar por sedã de dois volumes.

Como no Fusca, a disposição do motor atrás dava boas vantagens aos novos 1500: tração traseira com o propulsor fazendo peso sobre as rodas motrizes, dois porta-malas, ausência de túnel central de transmissão (necessário nos carros de motor à frente e tração atrás, comum na concorrência) e fundo plano, sem diferencial protuberante. Essas qualidades, associadas a um interior bem mais espaçoso e arejado, com o auxílio da ampla área envidraçada, logo conquistaram adeptos dos dois lados do Atlântico.

Sedã e perua faziam a estréia do motor de 1,5 litro, também com quatro cilindros opostos (boxer) e arrefecimento a ar. Os 1.493 cm³ de cilindrada rendiam potência bruta de 53 cv a 4.000 rpm e torque de 11 m.kgf a 2.800 rpm, com boa distribuição em baixas rotações. A velocidade máxima de 125 km/h atendia bem às necessidades de um carro familiar. De resto, a conhecida mecânica simples e robusta, do chassi separado da carroceria à suspensão independente nas quatro rodas, com barras de torção, passando pelos freios a tambor e o sistema elétrico de seis volts. O sedã pesava 1.010 kg, a perua 1.035. Continua

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Data de publicação: 31/5/05

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