A pré-história da minivan

Ao aplicar técnicas de aeronáutica a um carro muito peculiar, a
Stout criou em 1932 o precursor dos monovolumes: o Scarab

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação e reprodução

Ele foi presidente da SAE, a Sociedade dos Engenheiros Automobilísticos dos Estados Unidos, em 1935, e engenheiro chefe da divisão aeronáutica da Packard. Participou do projeto do famoso avião Ford Tri-Motor. Sua companhia aérea, a Stout Air Services, foi a primeira naquele país a oferecer vôos regulares para passageiros, depois vendida à United Airlines. Outra de suas empresas, a Stout Metal Plane Company, foi comprada em 1924 por Henry Ford. Em meio a todo esse respeitável currículo, porém, o americano William Bushnell Stout merece ser lembrado em especial pelo curioso carro a que denominou Scarab (besouro).

Inventor, engenheiro e escritor, Stout dedicou-se à construção de veículos diversos como motocicletas, aviões, automóveis — e carros capazes de voar, a que chamava Skycars. A convivência com aviões deve ter-lhe ajudado a dar amplas asas a sua imaginação. Com o primeiro protótipo finalizado em 1932, dentro dos Stout Engineering Laboratories, em Detroit, o Scarab pode ser considerado um precursor das minivans. Dotado de chassi tubular de aço e carroceria de alumínio, o carro mais parecia um projeto aeronáutico, tamanha sua diferença para os automóveis quadrados da época.

Não havia capô proeminente, estribos ou pára-lamas destacados, tão comuns àquele tempo, e por isso a cabine podia ocupar uma área bem maior das dimensões do carro. O Stout Scarab era, autenticamente, o que hoje se convencionou chamar de monovolume. A distância entre eixos — 3,43 metros — era imensa para seu tamanho e, como o motor ficava na traseira, o espaço interno beneficiava-se da ausência do túnel central de transmissão. Além disso, era realmente volumoso e largo.

Muito longo, largo e alto, o Scarab oferecia espaço interno incomparável ao dos carros de seu tempo

Só três anos depois era terminado o segundo protótipo, agora com carroceria de aço para conter os custos. Já havia sido fundada a Stout Motor Car Company, pois William pretendia produzir em série seu avançado veículo. Suas linhas não pareciam nada do que circulava pelas ruas, na América ou no resto do mundo. Todo arredondado, o Scarab tinha uma linha de cintura muito alta e janelas de perfil baixo — duas em cada lado, mais os dois pára-brisas. Além das saídas de ar que davam continuidade às janelas, a traseira exibia uma imensa grade que ligava o teto ao pára-choque, com frisos verticais em forma de arco; sua parte superior servia de persiana para o vidro. As diminutas lanternas ficavam embaixo.

A primazia entre os monovolumes — quase 20 anos antes do surgimento da Volkswagen Kombi — chegava à modularidade interna. Havia apenas duas portas, uma para o motorista à esquerda, outra para o compartimento traseiro à direita. Com exceção do banco do motorista, fixo, os quatro assentos podiam ser remanejados ou mesmo removidos, para se obter o ambiente mais adequado a cada situação.  Era possível fazer dos dois lugares traseiros uma cama e colocar o banco dianteiro direito voltado para trás, como em uma sala. Continua

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Data de publicação: 15/11/05

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