Em qualquer versão o motor dianteiro, refrigerado a água, tinha três cilindros em linha a dois tempos — concepção já tradicional na empresa germânica — e cilindrada de 980 cm³. Alimentado por um carburador de corpo duplo da marca Zenith-Stromberg, sua potência era de 44 cv a 4.250 rpm, e o torque máximo, de 8 m.kgf a 3.000 rpm. Ao abastecer era misturado óleo para motor dois-tempos à gasolina. O filtro de ar era banhado a óleo, artifício muito eficaz para trabalhos pesados. O câmbio tinha quatro marchas, sendo que a primeira não era sincronizada, e a tração nas quatro rodas incluía reduzida.

Em qualquer versão, a mesma mecânica: motor de 980 cm3 e 44 cv a dois tempos, tração nas quatro rodas, suspensão independente

O chassi era formado por longarinas paralelas, sendo que os pára-choques faziam parte. Para melhor sustentação da carroceria, havia mais quatro barras perpendiculares que a apoiavam. O jipe era muito forte e bem construído. A velocidade máxima do valente veículo era de 98 km/h e seu consumo médio de 9 km/l de gasolina, números razoáveis para um fora-de-estrada. Muito importantes eram os ângulos de entrada (43°) e saída (41°) dos modelos 4 e 6. Devido à carroceria um pouco maior, no Munga 8 o ângulo da traseira caía para 31°.

Mas o desempenho em neve, barro e montanhas não deixava nada a desejar. Era ágil, esperto e fácil de dirigir. Para isso contribuía a suspensão independente nas quatro rodas — e com o detalhe de serem intercambiáveis, dianteira e traseira. Por dentro, o volante de três raios tinha bom tamanho e no painel havia conta-giros. O Munga era muito usado pela Bundesgrenzshutz (guarda costeira alemã), pela polícia e, claro, também pelo exército.

Hora do aperto: no Munga 8 cabiam sete passageiros em um jipe de apenas 3,6 metros

Na mesma classe, para desempenhar tarefas de peso na década de 1960, seus concorrentes eram os ingleses Land Rover e Gipsy (da Austin Motor, muito semelhante ao Land), o italiano Fiat Campagnola, os americanos Jeep CJ-5 e International Scout, os japoneses Nissan Patrol e Toyota Land Cruiser (que deu origem a nosso Bandeirante) e o russo Ulyanowsk UAZ 469. Anos mais tarde, para o desenvolvimento do Audi Quattro, grande vencedor de ralis, a equipe de engenheiros do Grupo Volkswagen estudou a transmissão do Munga, na qual se basearam os princípios para construir a tração integral do novo carro.

Foram produzidos, até 1968, cerca de 75 mil exemplares deste bravo DKW. Foi tão importante que um Munga 4 dos anos 50 fez parte da Audi Forum Paris, que celebrava os 25 anos do sistema Quattro na importante Rue Royale da capital francesa.

A versão brasileira: de início chamada de jipe DKW, depois de Candango, teve também tração dianteira e capota de aço, não aplicadas na Alemanha

Em 1958 veio desbravar terras brasileiras. Produzido pela DKW-Vemag, foi chamado de jipe DKW, mas logo batizado de Candango, em homenagem aos operários que deram seu suor na construção da nova capital federal, Brasília. Sua aparência era semelhante à do Jeep americano, fabricado aqui pela Willys. Agradou, mas não fazia tanta concorrência. De início tinha tração integral permanente, com reduzida, mas quatro anos depois passou a vir apenas com tração dianteira, no Candango 2, exclusividade nacional. Era facilmente reconhecido pelo barulho do motor a dois tempos. Uma novidade aqui foi a capota de aço. Teve sua produção encerrada após 4.400 unidades. Não ganhou a simpatia do exército, mas teve a dos civis.

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Foto do Candango: cortesia de Flávio Gomes

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