Nome de amigo, cara de inimigo

Derivado do 2CV, o Citroën Ami estava longe de ser
bonito, mas conquistou os franceses com outros atributos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Uma das principais características da empresa automobilística francesa Citroën era, e ainda é, a de lançar automóveis pouco convencionais, seja no que se refere ao desenho de carroceria ou no conjunto mecânico. Ela choca e surpreende. Os automobilistas amam ou detestam. Foi assim em 1934 com o Traction Avant, um grande revolucionário. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, chegava o pequeno e popular 2CV. E, em 1955, o surpreendente DS.

No princípio da década de 1960, seus principais produtos eram o grande DS, o pequeno 2CV e o furgão tipo H. As vendas iam muito bem, mas a companhia queria preencher a lacuna entre o carro popular e o de prestígio. Em abril de 1961 outra obra de Flaminio Bertoni, que concebeu as linhas do DS, entrava em cena. Baseado no chassi do 2CV, chegava o Citroën Ami 6. Em francês a palavra Ami quer dizer amigo, mas também pode ser entendida como "entre", "no meio de" — o que se aplica bem a seu papel dentro da marca.

Como se não bastasse o desequilíbrio entre os grandes faróis e a traseira afilada e tímida, a Citroën apostou na mesma solução de vidro traseiro "ao contrário" do Ford Anglia: era difícil gostar do estilo do Ami

O sedã de quatro portas, de estilo pouco convencional, tinha três volumes, sendo que a coluna traseira fazia um ângulo obtuso em relação à linha do porta-malas — tão estranho quanto no Ford Anglia britânico lançado em 1959. Media 3,96 metros e pesava apenas 620 kg, sendo que a distância entre eixos era de 2,4 m. De qualquer ângulo em que se via a carroceria, causava estranheza. De frente era visível o "afundamento" do capô. Tinha grandes faróis retangulares incrustados e grade com formato oblongo, protegida pelo pára-choque, cujo desenho era um trapézio invertido. As luzes de direção ficavam abaixo do conjunto ótico principal. A capota, com seus vincos, mais parecia um quepe. A traseira era afilada, algo tímida com suas diminutas lanternas, e os pára-lamas cobriam parte das rodas de trás.

Era um automóvel feio — mas agradou. Mostrou-se um veículo eficaz, muito confiável em termos mecânicos, econômico e confortável. E os franceses sempre se referiam a ele como um carro com estilo barroco. Por dentro viajavam com conforto, mas sem nenhum luxo, de quatro a cinco adultos. No painel havia apenas o velocímetro, o marcador de nível de combustível e o hodômetro total. O volante de bom tamanho, com um só raio, tinha boa empunhadura. A alavanca de marchas vinha do painel, tal e qual o Traction e o 2CV. E havia muito espaço para pequenos objetos.

Estranho também por dentro, tinha instrumentos simples, volante de um só raio e a alavanca de câmbio montada no painel, mas oferecia razoável conforto e espaço

O motor dianteiro longitudinal, em liga leve (tanto o bloco quanto o cabeçote), tinha dois cilindros em posição oposta e refrigeração a ar. Pouco mais potente que o do 2CV, tinha a cilindrada de 602 cm³, 22 cv a 4.500 rpm e torque máximo de 4,1 m.kgf a 2.800 rpm. Era alimentado por um carburador Solex em posição invertida. A velocidade máxima de 110 km/h atendia à proposta e era um carro muito econômico: fazia até 16 km/l e em seu tanque cabiam 25 litros de gasolina. A tração era dianteira, já uma tradição da casa desde 1934, e as quatro marchas eram sincronizadas. Continua

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Data de publicação: 17/1/06

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