Um inglês ao gosto dos nobres

Sofisticado e com o desempenho do motor V8, o Majestic
foi o último sedã Daimler sem a participação da Jaguar

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A marca Daimler é usada hoje em duas empresas sem nenhum vínculo entre si, mas não foi assim que tudo começou. Quando o engenheiro alemão Gottlieb Daimler patenteou um motor a gasolina para o Patent-Motorwagen, em 1886, criou a Daimler Motoren Gesellschaft, que passou a produzir automóveis e a licenciar suas patentes para outras empresas, junto do direito de uso do nome Daimler em diferentes países.

Um dos compradores de licenças foi o inglês Frederick Simms, que formou em 1893 o Daimler Motor Syndicate e três anos depois, em associação com Harry Lawson, começou a fabricar carros por meio da Daimler Motor Company, sediada em Coventry. Em 1910 a empresa britânica tornava-se parte da BSA (Birmingham Small Arms), que se tornaria o maior fabricante mundial de motocicletas quatro décadas mais tarde. A Daimler permaneceu no grupo até ser adquirida em 1960 pela Jaguar, sua proprietária ainda hoje.

O Consort de 1949 foi um dos primeiros modelos no pós-guerra do fabricante, hoje o mais antigo da Inglaterra e um dos mais longevos do mundo

Hoje a marca de automóveis mais antiga do Reino Unido e uma das mais longevas do mundo, a Daimler inglesa foi adotada já em 1898 como transporte oficial da realeza, depois que o então Príncipe de Gales (mais tarde Rei Eduardo VII) andou em um desses carros com o Lorde Henry Montagu-Douglas-Scott. Entusiasta por automóveis, o Lorde também dirigiu um Daimler no jardim do parlamento britânico, do qual era membro — foi o primeiro veículo motorizado a passar por ali. Desde então, limusines da marca levaram todos os monarcas ingleses, embora em 1950 (por causa de um problema na transmissão do carro real) a Rolls-Royce se tenha tornado o principal fornecedor, ficando a Daimler em segundo plano.

Além de carros, a empresa produziu motores para os primeiros tanques de guerra que se conhece, em 1914, e para ônibus, caminhões e até aviões. Durante a Segunda Guerra Mundial fabricou veículos militares, um deles — o veículo blindado de reconhecimento Ferret — usado em 36 países depois do fim do conflito. À mesma época a Daimler retomava a construção de automóveis e preparava o lançamento de modelos como o DB18 Consort, o DB18 Sports Special (ambos lançados em 1949), o Regency/Empress II (1952) e o Conquest (1953).

O Majestic de seis cilindros: discreto na aparência e no desempenho, trazia recursos técnicos como freios a disco, direção assistida e câmbio automático

Um dos últimos modelos desenvolvidos sob o guarda-chuva da BSA teve seguimento durante os primeiros anos da fase Jaguar: o sedã de luxo Majestic. Apresentado em 1958, o grande sedã de três volumes e quatro portas tinha estilo conservador, com os pára-lamas dianteiros em destaque em relação à carroceria, uma clássica grade vertical e vidros planos. Na traseira, o vidro era ovalado e a tampa do porta-malas tinha maiores altura e comprimento que os pára-lamas, onde vinham três pequenas lanternas de cada lado. Discreto, mostrava moderação quanto a elementos cromados. Continua

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Data de publicação: 21/8/07

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