O Majestic contava com soluções técnicas modernas e refinadas, como freios a disco nas quatro rodas — os primeiros em um carro inglês — com servoassistência, câmbio automático Borg-Warner e direção assistida, mas era construído pelo antigo método de carroceria sobre chassi, em um tempo em que a estrutura monobloco já estava consagrada em vários modelos. A suspensão dianteira era independente com molas helicoidais; já a traseira conservava o tradicional eixo rígido com molas semi-elíticas. O carro media 5,13 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,59 m de altura e 2,89 m de distância entre eixos.

A versão inicial usava um motor de seis cilindros em linha e 3.794 cm³, com comando de válvulas no bloco, derivado de modelos anteriores da marca. A potência de 140 cv era suficiente para boa velocidade máxima, ao redor de 180 km/h, mas o desempenho geral mostrava-se apenas razoável em vista do elevado peso. Foi com a versão Major, lançada em 1959, que esse quadro mudou para bem melhor.

Sob o capô estava um leve e potente V8 de 4.561 cm³, desenhado por Edward Turner. Com cabeçotes de alumínio, câmaras de combustão hemisféricas, dois carburadores SU e duplo escapamento, o sofisticado motor fornecia 220 cv a 5.500 rpm e torque máximo de 39,2 m.kgf a 3.200 rpm. Foi desenvolvido, assim como a versão de 2.548 cm³, na mesma época que o carro e ganhou fama própria. O de menor cilindrada surgiu no mercado um pouco antes, em 1959, no modelo esporte Daimler Dart — logo renomeado SP 250, depois que a Chrysler protestou contra o homônimo de seu modelo americano.

Apesar dos expressivos 1.880 kg, o Major acelerava de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos e superava 190 km/h, marcas muito boas para a época. Por fora, apenas os logotipos V8 nas pequenas grades das buzinas identificavam o Major. Um de seus pontos negativos, além do peso excessivo do conjunto carroceria-chassi, era a dificuldade de manobras por causa do diâmetro de giro de 14 metros.

Além do compatriota Jaguar Mark X (com motor de 3,8 litros e 265 cv), o mais potente dos Majestics concorria com o alemão Mercedes-Benz 220 SEB (2,2 litros, 134 cv), mas ambos tinham apenas seis cilindros. Durante seu período de produção esses fabricantes renovaram seus competidores, que passaram a ser o 300 SEL da marca alemã (3,0 litros, 195 cv) e o 420G da inglesa (4,2 litros, 265 cv). Com menor prestígio havia ainda o Opel Diplomat (V8 de 4,6 litros, 223 cv), também germânico.

Em 1961 a Daimler adicionava à linha uma limusine de oito lugares, denominada DR 450, com 60 cm adicionais (todos entre eixos) e peso de 2.100 kg. Bancos adicionais rebatíveis, sem o mesmo conforto dos demais, eram instalados no centro do carro. Uma versão ao estilo Landaulette, com capota rebatível apenas na extremidade traseira da cabine, foi produzida para Bhumibol Adulyadej, o rei da Tailândia de 1946 até hoje. Consta que ele ainda o possui. Nesta versão ou na convencional, o Majestic Major foi o escolhido pela realeza, por embaixadas e autoridades de alto escalão do governo inglês.

Produzidos em pequena escala até 1968, o Majestic teve 1.490 unidades fabricadas; o Major, 1.180; e o DR 450, apenas 864 exemplares. Deram lugar ao DS 420, com motor de seis cilindros, que teve vida longa — até 1992. Para muitos, a linha Majestic é o último Daimler com identidade própria: os modelos subseqüentes seriam apenas variações dos produtos da Jaguar. Com a aquisição da marca do felino pela Ford, em 1989, a Daimler perdeu a pouca relevância que lhe restava e existe hoje com um só modelo: o Super Eight, clone do Jaguar XJ.

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