Mesmo assim, o dono da marca insistia em construir um cupê que levasse seu nome, um antigo desejo. Pediu a Frank Feeley, ex-projetista da Lagonda, para desenhar o novo esportivo com motor de 2,0 litros, que foi chamado de DB1. Assim que os três primeiros protótipos ficaram prontos, Brown os inscreveu na 24 Horas de Le Mans de 1949, a primeira após o conflito mundial. Apesar da competente direção de Reg Parnell, os carros não foram bem. No ano seguinte, sob a batuta de John Wyer, que se tornaria um famoso diretor de equipes, a Aston inscreveu seus carros sob a denominação DB2. Os resultados foram bem melhores, ganhando em algumas classes. Em 1951, um dos DB2 ficou em terceiro em sua classe, encorajando todo o time.

Mas antes disso — em 1950, no Salão de Nova York — o Aston Martin DB2 foi apresentado ao público em sua versão de rua. O belo cupê para duas pessoas tinha linhas aerodinâmicas, ousadas para seu tempo, e traseira em formato fastback. A frente tinha três grades separadas, que logo cederam lugar a uma de frisos horizontais com formato parecido ao de um chapéu de soldado. Este formato de grade, pouco alterado ao longo dos anos, se tornaria um símbolo da marca. Havia dois faróis circulares e, junto a estes, pequenas luzes de direção.

A versão Vantage, com três carburadores, obtinha 25 cv adicionais do motor de 2,6 litros e contou com belas carrocerias conversíveis

O capô e os pára-lamas faziam uma só peça, abrindo-se para frente. Bom para acesso à manutenção do motor, também lhe conferia um charme à parte. Neste ainda havia uma entrada de ar em forma de triângulo próxima ao pára-brisa, formado por vidros separados. Mais duas entradas de ar nada discretas, de cada lado dos pára-lamas, pareciam mais uma grelha culinária. O belo esportivo era compacto: media 4,12 metros de comprimento, 1,65 m de largura, 1,35 m de altura e 2,52 m de distância entre eixos. Seus rivais ingleses na época eram o Jaguar XK 120 e o Bristol 402.

Por dentro o DB2 era muito bem-acabado. Nas extremidades do painel, revestido em madeira de ótima qualidade, havia dois compartimentos que serviam de porta-luvas. Ao centro, três grandes instrumentos: velocímetro à esquerda com relógio inserido, conta-giros à direita e ao centro outro grande mostrador que unia temperatura, nível de gasolina, pressão de óleo e amperímetro. O belo volante de três raios também tinha acabamento em madeira.

Sob o capô estava um motor com seis cilindros em linha, todo em ferro fundido, com cilindrada de 2.580 cm³ e duplo comando de válvulas no cabeçote, alimentado por dois carburadores da marca SU. Entregava a potência de 100 cv a 5.000 rpm e o torque máximo de 17 m.kgf a 3.100 rpm. A tração era traseira e contava com câmbio manual de quatro marchas. Com carroceria em alumínio e chassi tubular em aço, o carro pesava 1.150 kg e alcançava velocidade máxima de 165 km/h. O DB2 tinha suspensão dianteira independente, com braços arrastados, e atrás eixo rígido com barras tipo Panhard, sempre com molas helicoidais. Usava pneus dianteiros na medida 5,75-16 e traseiros 6,00-16, com belas rodas raiadas de cubo rápido, como era comum nos esportivos ingleses da época. Seus quatro freios eram a tambor, da marca Girling, com comando hidráulico.

O DB2/4, lançado em 1953, trazia espaço para dois passageiros sem muito conforto; o pára-brisa perdia a repartição central

Em 1951 chegava a versão especial Vantage — nome que por muito tempo designaria opções "quentes" na marca —, cuja potência era de 125 cv a 5.000 rpm. Dotado de três carburadores SU com maior capacidade, mostrava belas cornetas de aspiração. Nesta configuração atingia 185 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 11 segundos. Algumas versões conversíveis muito atraentes chegaram a ser fabricadas. Dois anos depois era a vez do DB2/4. Alguns clientes reclamavam do espaço interno limitado e do pequeno porta-malas. Com a nova carroceria de 2+2 lugares, podia acomodar passageiros atrás só em caso de emergência. Outras novidades eram pára-brisa em uma só peça, entradas de ar laterais mais discretas e maior comprimento: 4,24 metros.

Em 1954 era encerrada a produção do DB2 após 411 unidades. Baseado nele, a empresa italiana Touring de Milão fez uma bela versão conversível. Outra que deu um toque especial foi a Vignale com um cupê. O DB2 foi o primeiro Aston Martin de produção em série e deu origem a uma saga de esportivos de rara beleza.

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