O começo de uma lenda

Em meio às dificuldades da Aston Martin, o DB2 iniciou
nas ruas uma tradição de refinamento em esportivos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Uma das empresas de automóveis mais antigas e conceituadas da Inglaterra, a Aston Martin foi fundada em 1914 por Lionel Martin e Robert Bamford. Instalou-se em 1921 em Kensington, cidade próxima à capital do país, e sua trajetória sempre foi muito instável financeiramente. No mesmo ano, Lionel deixava a firma por esse motivo. Pouco depois entrava em cena como sócio um milionário, piloto e entusiasta do automobilismo, Louis Zborowski. Mas a sorte não durou muito, pois ele morreu numa corrida em 1924.

Pouco depois, dois homens chegados a Zborowski — Augustus Bertelli e William Renwick — deram novo impulso à empresa e começaram a produzir carros com motores de 1,5 e 2,0 litros, que fizeram sucesso na década de 1920, sobretudo nas corridas do circuito francês de Le Mans. A situação financeira tornava-se outra vez frágil no começo da década seguinte, em que um novo personagem entrava com ajuda financeira de vulto: Arthur Sutherland. Os negócios começaram a dar certo e produziram 300 carros até 1936.

O engenheiro Claude Hill, amigo de Bertelli, era o cabeça do departamento técnico. Mais 200 carros foram produzidos até o início da Segunda Guerra Mundial. Antes do conflito, Hill trabalhava em um projeto interessante: um sedã com motor de quatro cilindros e 90 cv, batizado de Atom. Durante a guerra, Sutherland e Hill testavam o carro às escondidas. Sutherland procurava alguém que pudesse sustentar o projeto e salvar a empresa. Foi quando entrou em cena um homem que faria parte da história moderna dos automóveis esportivos e daria as cartas na Aston Martin durante anos: David Brown.

Já com a grade adotada pouco depois do início da produção, o DB2 exibe formas harmoniosas; o capô formava uma só peça com os pára-lamas dianteiros

Esse homem vinha de uma família rica de empresários desde o século 19. Seus ascendentes começaram fabricando engrenagens de madeira e depois em metal. Após o conflito, Brown refez as precárias instalações da fábrica e investiu no talento de Hill para desenvolver um chassi eficaz para um protótipo de corridas. Em 1948 esse carro fazia sucesso na famosa prova belga Spa-Francorchamps. Foi aperfeiçoado e adaptado para as ruas, mas era muito caro, razão pela qual não passou de uma dúzia de exemplares produzidos.

Foi, entretanto, o primeiro passo para uma produção famosa do futuro. No mesmo ano o novo patrão da Aston comprava a Lagonda, uma empresa de muito prestígio na Grã-Bretanha. Esta tinha em seu histórico êxitos em Le Mans em 1935 em um carro com motor de seis cilindros e 4,5 litros e, em 1939, terceiro e quarto lugares com um V12 da mesma cilindrada. Desta origem renasceu um motor de seis cilindros projetado pelo famoso Walter Owen Bentley. Brown fez então uma proposta pouco ética a Claude Hill: que projetasse um novo motor de seis cilindros para ser comparado ao desenhado por Bentley. Hill, aborrecido, pediu demissão. Pouco depois, seguindo os passos do companheiro, Sutherland fazia o mesmo. Continua

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Data de publicação: 18/9/07

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