No ápice da constelação

Conhecido também como XT e SVX, o Subaru Alcyone
trouxe esportividade e ousadia incomuns à marca

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

A carreira invejável da Subaru nos ralis muitos acompanham desde os anos 90, com destaque para as conquistas do Legacy e do Impreza. Entretanto, a esportividade na linha deste fabricante japonês, sempre associada à tração integral, nem sempre visou o universo das competições. Houve uma época em que a marca oferecia seu próprio cupê para fazer frente aos equivalentes Toyota Supra, Honda Prelude, Nissan Silvia e Mitsubishi Starion. Conhecidos como XT e SVX pelo mundo afora, eles foram, na ordem, a primeira e a segunda geração do que os japoneses conheciam como Subaru Alcyone.

Estrela mais brilhante da constelação das Plêiades, em que se baseia o logotipo da marca japonesa, o nome Alcyone já era um forte indício do que a Subaru esperava ao criar um modelo esportivo: oferecer mais exclusividade ou, pelo menos, uma personalidade marcante. Ainda que nunca tenha conseguido a mesma repercussão do Supra ou do Silvia, desde que surgiu para 1985, este Subaru sempre se destacou por seu estilo elaborado aliado à mecânica típica dos carros da marca, fortemente identificada pela tração nas quatro rodas. O desenho nada ortodoxo do primeiro Alcyone representou uma ruptura para a empresa.

Linhas retas, faróis escamoteáveis, ampla área de vidros: o desenho do XT dividiu opiniões, mas estava de acordo com as tendências da época

Se o comedimento no estilo era nítido em seus carros até então, o Alcyone estava em dia com o que havia de mais moderno nos anos 80, com traços rigorosamente retos. Sua frente inclinada era simplificada por faróis escamoteáveis. Havia um único limpador no pára-brisa e junto aos faróis brotava o pára-choque, do qual saía um vinco que percorria toda a lateral, embutindo desde as luzes de direção dos pára-lamas dianteiros até as lanternas na traseira. As estreitas colunas do teto, pintadas de negro, acentuavam a amplitude das janelas e o teto solar abria quase todo o teto.

Inspirado na aviação, o painel era um capítulo à parte. Além de computador de bordo, havia opção por instrumentos digitais. O volante era regulado em altura e distância e os instrumentos o acompanhavam. Dos raios que formavam um “T”, o inferior e o direito eram bem mais largos. Atrás deles, dos dois lados da coluna, uma espécie de central de controles unia vários botões — como os dos faróis, climatização e limpadores —, comodidade que exigia atenção do motorista para localizar cada função. A alavanca do câmbio imitava um joystick. Com o polegar se acionava a tração total por meio de um botão.

De início com motor de 1,8 litro aspirado ou com turbo, o XT ganhava em 1988 esta
versão XT6, com seis cilindros, 2,7 litros e controle eletrônico da suspensão

O jornal The New York Times se referiu ao XT como “a última palavra em desenho extravagante”. Já quem desaprovava o desenho preferia chamá-lo de calço de porta voador... A inclinação do capô era possível pelo motor de quatro cilindros horizontais opostos (boxer), configuração já usada por todo Subaru naquele ano, e ajudava a manter o coeficiente aerodinâmico (Cx) em 0,29, um dos melhores da época. A versão de tração integral — e mais tarde a de seis cilindros — diferia das básicas também pelos encostos de cabeça, que eram vazados. Na Austrália e Nova Zelândia o Alcyone tinha outro nome também, Subaru Vortex.

O motor de 1.781 cm³ podia vir com aspiração natural ou turbocompressor. No primeiro caso rendia a potência de 97 cv e o torque de 14,2 m.kgf; no segundo eram 112 cv e 19,7 m.kgf. Isso para o mercado americano, com suas normas rigorosas de emissões poluentes — na Europa a versão Turbo produzia 136 cv. A tração era dianteira nas versões básicas, mas podia acionar as quatro rodas no Turbo, que vinha também com regulagem pneumática de altura na suspensão. O câmbio podia ser manual de cinco marchas ou automático de três. Até sistema de auxílio à saída em aclives, por meio de aplicação e liberação automáticas do freio, já estava disponível. Continua

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Data de publicação: 27/5/08

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