Mensageiro de alta velocidade

A linha 320 dos anos 30, que contribuiu para o prestígio da Mercedes,
contou com um ousado sedã aerodinâmico: o "Autobahnkurier"

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O sedã básico (de teto aberto) era a base para o luxuoso Pullman, que acrescentava 15 centímetros e trazia até um refrigerador para bebidas

Conversíveis: o Kombinationswagen de capota macia (em cima), o Kombinations-Coupe de teto rígido (centro) e o Cabriolet B, mais formal

Não é sem motivo que a Mercedes-Benz desfruta elevado prestígio nos dias de hoje. Além da qualidade e da tecnologia com que projeta e constrói seus carros, a marca alemã tem um histórico dos mais respeitáveis — e não é preciso voltar ao Benz Patent-Motorwagen de 1886, considerado o primeiro automóvel, para saber mais a esse respeito. Na década de 1930, enquanto BMW e Jaguar davam os primeiros passos sobre quatro rodas, a Mercedes já era conhecida por fazer carros luxuosos e de técnica refinada em diferentes segmentos, dos quais a série 500/540K e o 770 eram notáveis exemplos. Na classe média, um de seus representantes era a linha 320, identificada pelo código interno W142.

Lançada em fevereiro de 1937, ela vinha substituir a série 290 (código P18) de 1932 e, como a antecessora, oferecia ampla gama de carrocerias. A mais comum era a Limousine ou sedã de quatro portas e quatro lugares — o termo Limousine em alemão indica simplesmente um sedã, sem a conotação de carro alongado que ele tem no inglês. De linhas conservadoras, era mais alto e retilíneo que outras das versões. A grade alta e cromada, com o emblema da estrela de três pontas "espetado" no topo, estava ladeada por faróis circulares com carcaças cônicas, dentro do estilo habitual da época. O carro trazia um estepe em cada para-lama dianteiro, para-brisa inteiriço e quase vertical com os limpadores montados na parte superior, um volumoso porta-malas saliente na traseira e portas dianteiras que se abriam para trás ("suicidas"), um arranjo comum na época. Um teto solar de lona, enrolado na traseira quando aberto, era oferecido como opção.

Mais luxuosos eram o sedã Pullman e o conversível Pullman Cabriolet F. O nome estava em uso pela marca desde 1930 em modelos de elevado conforto, em geral com carroceria alongada, e assim permaneceria por décadas — o mais famoso talvez seja o 600 Pullman, produzido entre 1964 e 1981. Com cabine alongada e mais uma janela em cada lado, sem prejuízo do porta-malas saliente, esse sedã media 15 centímetros a mais que o básico, trazia acabamento superior e requintes como compartimento refrigerado para bebidas. O Cabriolet F combinava esse refinado conjunto à capota macia retrátil e a um aspecto menos formal, embora ainda tivesse as quatro portas e os estepes nos para-lamas.

Todas as demais versões vinham a céu aberto, ao menos em parte do tempo. O 320 N Kombinations-Coupe era um cupê de dois lugares com teto rígido conversível. Mais baixo e aerodinâmico, trazia um só estepe inclinado na traseira, teto de linhas arredondadas, estrias nos capôs laterais e estribos que ligavam com harmonia os para-lamas dianteiros aos traseiros. Em comum com os sedãs, apenas as rodas e parte do aspecto frontal. Derivado desse modelo, o 320 N Kombinationswagen usava capota macia e mantinha o ar descontraído.

As versões Cabriolet B e D eram conversíveis baseados no Limousine, isto é, com estilo sóbrio, dois estepes laterais e o mesmo comprimento. O B tinha duas portas "suicidas" e quatro lugares, ao menos em teoria, já que o banco traseiro inteiriço oferecia espaço um tanto limitado. Maior, o D oferecia quatro portas (dianteiras invertidas, traseiras normais) e quatro lugares de verdade, embora a capacidade do porta-malas fosse insuficiente para a bagagem desse número de ocupantes. Havia ainda o Tourenwagen, um conversível com quatro portas, seis lugares em dois bancos inteiriços e capota macia de perfil mais retilíneo que no Cabriolet D. Algumas versões tinham pintura em dois tons e um só farol auxiliar, sobre a placa dianteira, ou um par deles. Também foram feitas ambulâncias — ou Krankenwagen — com base no 320.

O motor de seis cilindros em linha tinha comando no bloco, válvulas laterais e dois carburadores. Com cilindrada de 3.208 cm³ (razão do número 320), obtinha potência de 78 cv e torque de 22,2 m.kgf, que se refletiam em velocidade máxima ao redor de 130 km/h. O Cabriolet D e o sedã Pullman ganhariam no fim de 1938 uma unidade de 3.405 cm³, também de 78 cv, mas com mais torque em baixa rotação. A designação 320 seria mantida, em um início da desvinculação entre nome e cilindrada tão comum nos Mercedes de hoje. Junto do motor maior viria um sistema overdrive Zahnradfabrik Friedrichshafen, para menor rotação em velocidades de viagem, que podiam ficar próximas à máxima sem esforço do motor. Continua

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Data de publicação: 9/6/09

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