


O sedã básico (de teto aberto)
era a base para o luxuoso Pullman, que acrescentava 15 centímetros e
trazia até um refrigerador para bebidas



Conversíveis: o
Kombinationswagen de capota macia (em cima), o Kombinations-Coupe de
teto rígido (centro) e o Cabriolet B, mais formal |
Não
é sem motivo que a Mercedes-Benz desfruta elevado prestígio nos dias de
hoje. Além da qualidade e da tecnologia com que projeta e constrói seus
carros, a marca alemã tem um histórico dos mais respeitáveis — e não é
preciso voltar ao Benz Patent-Motorwagen de 1886,
considerado o primeiro automóvel, para saber mais a esse respeito. Na
década de 1930, enquanto BMW e Jaguar davam os primeiros passos sobre
quatro rodas, a Mercedes já era conhecida por fazer carros luxuosos e de
técnica refinada em diferentes segmentos, dos quais a
série 500/540K e o
770 eram notáveis exemplos.
Na classe média, um de seus representantes era a linha 320, identificada
pelo código interno W142.
Lançada em fevereiro de 1937, ela vinha
substituir a série 290 (código P18) de 1932 e, como a antecessora,
oferecia ampla gama de carrocerias. A mais comum era a Limousine ou sedã
de quatro portas e quatro lugares — o termo Limousine em alemão indica
simplesmente um sedã, sem a conotação de carro alongado que ele tem no
inglês. De linhas conservadoras, era mais alto e retilíneo que outras
das versões. A grade alta e cromada, com o emblema da estrela de três
pontas "espetado" no topo, estava ladeada por faróis circulares com
carcaças cônicas, dentro do estilo habitual da época. O carro trazia um
estepe em cada para-lama dianteiro, para-brisa inteiriço e quase
vertical com os limpadores montados na parte superior, um volumoso
porta-malas saliente na traseira e portas dianteiras que se abriam para
trás ("suicidas"), um arranjo comum na época. Um teto solar de lona,
enrolado na traseira quando aberto, era oferecido como opção.
Mais luxuosos eram o sedã Pullman e o conversível Pullman Cabriolet F. O
nome estava em uso pela marca desde 1930 em modelos de elevado conforto,
em geral com carroceria alongada, e assim permaneceria por décadas — o
mais famoso talvez seja o 600 Pullman,
produzido entre 1964 e 1981. Com cabine alongada e mais uma janela em
cada lado, sem prejuízo do porta-malas saliente, esse sedã media 15
centímetros a mais que o básico, trazia acabamento superior e requintes
como compartimento refrigerado para bebidas. O Cabriolet F combinava
esse refinado conjunto à capota macia retrátil e a um aspecto menos
formal, embora ainda tivesse as quatro portas e os estepes nos
para-lamas.
Todas as demais versões vinham a céu aberto, ao menos em parte do tempo.
O 320 N Kombinations-Coupe era um cupê de dois lugares com teto rígido
conversível. Mais baixo e aerodinâmico, trazia um só estepe inclinado na
traseira, teto de linhas arredondadas, estrias nos capôs laterais e
estribos que ligavam com harmonia os para-lamas dianteiros aos
traseiros. Em comum com os sedãs, apenas as rodas e parte do aspecto
frontal. Derivado desse modelo, o 320 N Kombinationswagen usava capota
macia e mantinha o ar descontraído.
As versões Cabriolet B e D eram conversíveis baseados no Limousine, isto
é, com estilo sóbrio, dois estepes laterais e o mesmo comprimento. O B
tinha duas portas "suicidas" e quatro lugares, ao menos em teoria, já
que o banco traseiro inteiriço oferecia espaço um tanto limitado. Maior,
o D oferecia quatro portas (dianteiras invertidas, traseiras normais) e
quatro lugares de verdade, embora a capacidade do porta-malas fosse
insuficiente para a bagagem desse número de ocupantes. Havia ainda o
Tourenwagen, um conversível com quatro portas, seis lugares em dois
bancos inteiriços e capota macia de perfil mais retilíneo que no
Cabriolet D. Algumas versões tinham pintura em dois tons e um só farol
auxiliar, sobre a placa dianteira, ou um par deles. Também foram feitas
ambulâncias — ou Krankenwagen — com base no 320.
O motor de seis cilindros em linha tinha
comando no bloco, válvulas laterais e dois
carburadores. Com cilindrada de 3.208 cm³ (razão do número 320), obtinha potência de 78 cv e torque de 22,2 m.kgf, que se
refletiam em velocidade máxima ao redor de 130 km/h. O Cabriolet D e o sedã Pullman ganhariam no
fim de 1938 uma
unidade de 3.405 cm³, também de 78 cv, mas com mais torque em baixa
rotação. A designação 320 seria mantida, em um início da
desvinculação entre nome e cilindrada tão comum nos Mercedes de hoje.
Junto do motor maior viria um sistema
overdrive Zahnradfabrik Friedrichshafen, para menor rotação
em velocidades de viagem, que podiam ficar próximas à máxima sem
esforço do motor.
Continua
|