Havia também conversíveis de quatro portas, caso do Cabriolet D (no alto e no centro) e do Pullman Cabriolet F, mais comprido e sofisticado

O conversível Tourenwagen, com seis lugares e teto mais retilíneo que nos demais, e uma ambulância feita com base nos sedãs da linha 320

Estrela da série, o "Autobahnkurier" destacava-se pelo estilo suave da traseira; com 78 cv, tinha bom desempenho nas novas estradas alemãs

Em todas as versões da linha 320, a transmissão contava com câmbio manual de quatro marchas (todas elas sincronizadas, recurso raro na época), alavanca de mudanças no assoalho e tração traseira; os freios eram a tambor de comando hidráulico e os pneus tinham a medida 6,50-17. Ambas as suspensões eram independentes, por meio do conhecido esquema de semi-eixos oscilantes —que a marca usaria por muito tempo — no caso da traseira. Nada de novo nesta área, pois o antecessor 290 já recorria ao mesmo conceito, mas era de qualquer forma uma técnica refinada em um tempo de uso frequente de eixos rígidos, mesmo por automóveis de luxo.

O destaque da série, no entanto, viria na linha 1938: o sedã quatro-portas aerodinâmico que ficou conhecido como Autobahnkurier, ou "mensageiro da autobahn" — referência a seu desempenho nas estradas de alta velocidade que Adolf Hitler havia mandado construir na década de 1930 e que, ao fim da guerra, somariam 2.100 quilômetros. O nome já havia sido usado em versão semelhante do vigoroso 540K lançada em 1934. Como nos norte-americanos Chrysler Airflow e Lincoln Zephyr, no francês Peugeot 402 ou no checo Tatra T77, todos do mesmo período, foram aplicadas as noções que se tinha à época de como reduzir a resistência ao ar.

Até a metade dianteira, o "mensageiro" era similar aos 320 mais esportivos, com para-lamas que fluíam para os estribos e ausência de estepes laterais. Dali para trás, adotava formas suaves que terminavam na traseira longa e em gradual declínio. Um ressalto em forma de barbatana começava acima do vidro, dividia-o em duas pequenas partes, passava pela tampa do porta-malas de forma circular e terminava, pouco mais largo, junto ao para-choque servindo de apoio para o emblema da estrela de três pontas. Para completar o ar avançado, grande parte das rodas posteriores vinha encoberta e as lanternas traseiras, circulares e bem pequenas, estavam em suportes salientes da carroceria. Era realmente um desenho ousado para a época.

No interior, essa opção trazia bancos dianteiros individuais, revestimento em couro e um enorme volante com aro de buzina, elemento que a Mercedes continuaria a usar por longo tempo. O luxuoso painel, com três mostradores circulares de fundo branco em posição central, trazia um interessante velocímetro defasado em 180 graus em relação à posição mais comum, ou seja, o zero estava acima à direita, o ponto médio (70 km/h) embaixo e o fim da escala acima à esquerda.

Dotado de série do motor de 3,4 litros, o "Autobahnkurier" andava bem para seu tempo, apesar das acelerações modestas permitidas pelo elevado peso — 1.950 kg, o mesmo do sedã Pullman, contra 1.725 das versões 320 N e 1.850 do sedã básico, por exemplo. Também nas dimensões havia diferença entre as versões. O comprimento variava de 4,70 metros, dos carros de dois lugares, a 5,25 m do Pullman fechado, passando pelos 5,10 m dos modelos de quatro lugares. A distância entre eixos ia de 2,88 a 3,30 m. A largura de 1,77 m era comum a toda a linha, mas a altura estava em 1,50 m nos mais esportivos, 1,51 m no "mensageiro", 1,64 m no sedã normal e nada menos que 1,79 m no sedã Pullman.

A linha 320 teve vida curta. O Tourenwagen saiu de produção ainda em 1937, o sedã e os 320 N no ano seguinte, o "Autobahnkurier" durou apenas o modelo 1938. Restaram os Cabriolets e o sedã Pullman, que resistiram aos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial e foram feitos até 1942. Depois do fim do conflito, porém, uma plataforma da série W142 ainda foi usada em um projeto de conversível, construído em exemplar único, que não chegou à produção de série: o A 320 Cabriolet de 1948.

Segundo a empresa que o colocou em leilão na Austrália em 2007, a Mercedes pretendia com esse carro lançar uma carroceria mais moderna com a tradicional mecânica. No entanto, após desenvolver um motor com comando no cabeçote e 115 cv e outras melhorias técnicas para o sedã 300 "Adenauer" de 1951, a marca cancelou o projeto e vendeu o único exemplar azul claro a um empresário holandês. Mais tarde ele foi enviado à Indonésia, onde passou 40 anos e foi repintado em vermelho, até que um australiano o comprasse e fizesse cuidadosa restauração com auxílio do museu Mercedes.

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