Antepassado: o modelo 1979 do
Suzuki Alto, de primeira geração, que ao ser substituído em 1983
começaria a ser feito também pela Maruti
Versões do 800 na década de
1990: as mesmas linhas do lançamento com novidades como ar-condicionado
e, em 1998, injeção eletrônica
Hindustan Ambassador (em cima) e
Premier Padmini, os indianos mais baratos até a chegada do Maruti, eram
projetos europeus dos anos 50 |
Entre os mais que veteranos Hindustan Ambassador e Premier Padmini —
derivados do Morris Oxford e do
Fiat 1100 dos anos 50, na ordem — e os curiosos "tuc-tucs",
triciclos com mecânica de moto usados até como táxis, um pequeno carro
de origem japonesa aparece em grande quantidade nas ruas indianas há
mais de 25 anos: o Maruti 800.
Sua origem é o Suzuki Alto, cuja primeira geração foi lançada em 1979 no
Japão. Era uma versão de três portas para o modelo Fronte, com motor de
três cilindros, 543 cm³ e potência de 28 cv, enquadrado nos padrões da
época para os "carros K" ou "kei jidosha" — modelos compactos, de
cilindrada e dimensões máximas definidas pelo governo, que lhes dava
benefícios fiscais. O segundo Alto aparecia em 1983 com o mesmo motor,
aliado às opções de quatro válvulas por cilindro e de
turbocompressor, e um ano mais tarde
ganhava a versão de cinco portas. A Suzuki lançaria quatro outras
gerações até hoje, mas a parte japonesa de nossa história para por aqui,
pois foi essa versão a base para o modelo indiano.
Fundada em 1981 como Maruti Udyog Limited, a atual Maruti Suzuki India
Limited — seu nome desde 2007 — é um dos maiores fabricantes de veículos
de quatro rodas no país. Sediada em Gurgaon, centro financeiro e
industrial do estado de Haryana, e com fábricas nessa cidade e em
Manesar (ambas ao sul de Nova Déli), foi a primeira marca indiana a
vender um milhão de automóveis. A Suzuki detém participação majoritária
na empresa; já o governo do país vendeu sua parcela a investidores em
2007. Hoje, mais da metade dos carros vendidos na Índia são Marutis, o
modelo Alto é o líder do mercado e o Swift ganha em seu segmento. Mas
até 2004 o mais vendido era mesmo o 800.
Na década de 1970, o governo indiano buscava um carro popular de
concepção mais moderna para motorizar a população que não podia pagar
relativamente caro pelos superados modelos da Padmini e da Hindustan.
Após a criação da Maruti, uma extensa campanha foi lançada em parceria
com a Indian Oil Petrol Stations, distribuidora de combustíveis, para
divulgar o carro que logo chegaria. Em 13 meses a empresa concluiu a
adaptação do Suzuki Alto para o mercado indiano, que recebeu o 800 em
dezembro de 1983, então com conteúdo importado de quase 100% — com o
tempo a empresa nacionalizou componentes, o que estimulou o
desenvolvimento da indústria de autopeças.
Suas linhas, que lembram vagamente as de modelos contemporâneos como o
Fiat Panda e o
Uno, revelavam muito de seu jeito
simples e funcional. Curto (3,33 metros com entre-eixos de 2,17 m),
estreito (1,44 m) e relativamente alto (1,40 m), conseguia bom espaço
interno para quatro pessoas sem deixar de ser prático de dirigir e de
estacionar. As janelas eram muito amplas, característica dos carros
daquela década, notadamente os japoneses, e os para-choques já vinham em
plástico preto desde o lançamento. Com motor transversal e tração
dianteira, a Maruti o fez apenas na versão de cinco portas.
Com três cilindros em linha e 796 cm³ — razão do número 800 que o
denomina —, o motor Suzuki que o equipava era alimentado a carburador,
refrigerado a líquido e tinha comando de
válvulas no cabeçote. A modesta potência de 38 cv e o torque de 5,8
m.kgf permitiam razoável aceleração (de 0 a 100 km/h em 26 segundos),
ajudada pelo peso de apenas 650 kg, e velocidade máxima ao redor de 125
km/h com baixo consumo. O câmbio tinha só quatro marchas, mantidas até
hoje, e as rodas de 12 pol usavam pneus radiais 145/70 R 12. Os freios
eram a disco na dianteira e a tambor na traseira, sem servo; a
suspensão, independente McPherson à frente e por eixo de torção atrás. A
direção, leve mesmo sem assistência, permitia um diâmetro de giro de
apenas 8,8 metros.
O primeiro comprador do 800 recebeu as chaves da
primeira-ministra Indira Gandhi, exemplo do interesse do governo em
promover o pequeno automóvel. Robusto e de fácil manutenção, econômico
no consumo e acessível, ele logo conquistou o mercado indiano, que o
manteve na liderança por praticamente 20 anos.
Continua
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