Praticidade com cinco portas,
bom aproveitamento de espaço e muita economia ajudaram a fazer o 800
líder do mercado indiano por 20 anos
Novos faróis e lanternas e
versão a GLP foram as últimas mudanças do 800, que em 2010 deixa de ser
vendido nas 11 maiores cidades do país |
O
Maruti significava uma notável modernização para o país: quem imaginaria
um carro japonês recém-lançado ganhar as ruas ao lado de Ambassador e
Premier, que se baseavam em modelos europeus da década de 1950. Com o
passar do tempo a fábrica implantou melhorias. Em 1986 vinham retoques
visuais e as opções de sistema de áudio e ar-condicionado, novidades que
aumentaram as vendas em mais de 50%. Só em 1997 apareciam outras
mudanças de estilo, sem afetar as formas básicas da carroceria ou a
parte mecânica. Um ano mais tarde o motor da versão EX adotava injeção
eletrônica multiponto e a suspensão
tinha novas molas e amortecedores. Houve também uma versão de 12
válvulas do motor, capaz de 46 cv e conjugada a um câmbio de cinco
marchas, mas a aceitação do mercado foi baixa e a opção deixou o
catálogo.
Em 2002 aparecia uma edição limitada com elementos de estilo, como
para-choques, na mesma cor da carroceria. Com preços reduzidos, a Maruti
chegou a ter fila de espera de três meses naquele ano. Faróis de
superfície complexa e tampa traseira
mais "limpa" ladeada por novas lanternas vinham em 2005, juntos de nova
central eletrônica no motor para atender a normas de emissões poluentes
mais severas. Três anos depois, no Dia Mundial do Meio Ambiente, a
Maruti aproveitava a onda ecológica para apresentar o 800 Duo, que
funciona com gasolina ou gás liquefeito de petróleo (GLP) quase sem
variação de potência: 37 cv com o combustível líquido, 35 com o gás. Do
mesmo ano, a versão Uniq trazia itens decorativos externos, revestimento
interno em bege e cobertura no porta-malas.
A honestidade de não prometer o que não possa entregar parece o segredo
desse modelo. Recente avaliação do site indiano Zig Wheels
destacou a robustez e a boa calibração da suspensão: "O conforto de
rodagem é muito bom nos buracos das cidades e ele é firme o suficiente
na estrada", condição de uso em que fez 21,4 km/l de gasolina no teste.
Por outro lado, não faltaram críticas ao desempenho do 800 Duo ao rodar
com GLP ("atingiu 126 km/h com vibrações por todos os lados"), aos
freios que levam com facilidade ao travamento das rodas e ao câmbio,
cujos engates requerem muito esforço. Outro teste, o de 2005 do site
Rediff, foi mais tolerante: "Você vai notar como o 800 é básico e
favorável ao motorista. O motor é tudo o que você vai querer para se
deslocar pela cidade e dificilmente haverá algo tão manobrável quanto um
800. Apenas na estrada você gostaria de ter um pouco mais de carro. E,
no fronte da economia de combustível, ele é provavelmente o carro mais
eficiente da Índia até hoje".
Ao completar 25 anos, em dezembro de 2008, o veterano 800 acumulava 2,7
milhões de unidades vendidas, parte delas a mercados de exportação. A
Maruti chegou a vendê-lo a países europeus como Hungria e França, entre
1995 e 2002, com o nome Suzuki Maruti — que ele mantém no Marrocos e no
Chile. Outros países do sul da Ásia, como Sri Lanka e Bangladesh, e da
América do Sul também o compram até hoje. Em seu próprio país, porém, o
800 perdeu muitos compradores desde o auge de 2003, quando atingiu o
recorde mensal para um carro indiano de 20 mil unidades. A média anual
hoje não chega a 5% do que ele obtinha na virada do milênio.
Grande parte da clientela migrou para o "irmão mais novo" Alto, lançado
em 2000 com preço pouco superior e que conquistou a liderança do
mercado. Marcas como Tata, Hyundai, Ford e General Motors também
ganharam espaço com produtos mais modernos. Outro grande desafio para o
800 é o Tata Nano, que começa a
ter sua produção ampliada. O recém-chegado é mais espaçoso, embora menor
por fora, e seu preço cerca de 30% mais baixo tirou em definitivo das
mãos do Maruti o título de mais barato carro indiano. Em função das
novas normas de emissões poluentes que entram em vigor na Índia em 2010,
a empresa anunciou que deixará de vendê-lo nas 11 maiores cidades do
país, onde sua aceitação já vinha sendo modesta. Ele faz mais sucesso no
interior, onde as vantagens de resistência, manutenção simples e
disponibilidade de peças são muito apreciadas.
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