Os Lotus com foco no conforto

Da década de 1970 à de 1990, a dupla Elite/Eclat e seu sucessor
Excel representaram Hethel entre os esportivos para mais de dois

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Atraente para alguns, exótico demais para outros, o Elite aproveitava o formato retilíneo da traseira para ganhar espaço a quem viajasse atrás

O Eclat seguia formas mais convencionais, com traseira inclinada, mas oferecia menos conforto na traseira; usava o mesmo motor 2,0 litros

Fundada em 1952 pelo engenheiro Colin Chapman como a Lotus Engineering Ltd., a marca de carros esporte britânica Lotus ingressou no mercado de automóveis de rua em 1957, com o modelo Elite, e dois anos depois se tornava a Lotus Cars Ltd. Ao lado do Elite, modelos como o clássico Elan, um dos símbolos da onda dos roadsters ingleses nos anos 60, e o longevo Esprit, fabricado entre 1976 e 2004, fizeram a fama da empresa nas ruas enquanto pilotos como Jim Clark, Emerson Fittipaldi e Mario Andretti venciam nas pistas com a equipe comandada por Chapman.

Como qualquer fabricante, porém, a Lotus também teve modelos menos conhecidos do grande público, mas nem por isso menos interessantes. É o caso da dupla Elite/Eclat, produzida entre 1974 e 1982, e do modelo Excel, que os sucedeu desse ano até 1992. Todos ofereciam espaço para mais de duas pessoas e preocupações com o conforto e o acabamento que não existiam em modelos mais antigos da marca. Vale diferenciar o Elite em questão de seu homônimo feito de 1958 a 1963, um cupê de dois lugares bem menor e com motor de apenas 1,2 litro.

Primeiro Lotus com quatro lugares de verdade, o Elite — lançado em maio de 1974 — mantinha a concepção usada pela marca desde o Elan: chassi de aço do tipo "espinha dorsal" com uma estrutura central à qual eram fixadas as suspensões, o motor e a transmissão; carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro, motor dianteiro e tração traseira. De linhas retas, seu estilo antecipava tendências que se repetiriam no Esprit dois anos mais tarde. A frente longa e baixa usava faróis circulares escamoteáveis e um para-choque preto-fosco. As laterais tinham ampla área envidraçada e coluna traseira em forma triangular. Atrás, o grande vidro servia como terceira porta e as lanternas estavam encaixadas no para-choque preto. O Cx era ótimo para seu tempo, 0,30.

Embora a estrutura principal do chassi estivesse no centro do carro, havia uma caixa à frente da cabine para ancorar as portas e uma forte estrutura ao redor dos ocupantes, o que fazia dele o mais seguro Lotus em caso de acidentes até então. No caso do Eclat, grande parte do estilo era mantido, mas a traseira em formato fastback tradicional vinha mais inclinada, o que lhe conferia ar menos exótico e mais equilibrado. Se a frente era praticamente a mesma do Elite, não havia a terceira porta, sendo o vidro traseiro separado da tampa do porta-malas. Visto de trás, mantinha a identidade visual com o outro modelo, já que as lanternas eram incrustadas no para-choque. O espaço interno vinha um pouco mais restrito na parte traseira pelo perfil do teto, fazendo dele um típico 2+2.

Amplos, ambos mediam 4,47 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,21 m de altura e 2,49 m de distância entre eixos. No interior de qualquer um deles, desenhado com participação de Giorgetto Giugiaro, um alto console emoldurava o chassi e dividia a cabine ao meio, a ponto de servir de apoio de braço para quem viajasse nos baixos bancos traseiros. Como a alavanca de câmbio estava "espetada" nele, ficava bem à mão do motorista. O painel de desenho retilíneo continha seis mostradores e os raios do volante formavam uma larga faixa horizontal. Os bancos dianteiros traziam encostos altos para apoio da cabeça. Ar-condicionado e direção assistida eram opcionais.

O Elite foi o primeiro Lotus a empregar o motor 907, que em diferentes versões moveria o Esprit do lançamento até a década de 1990. Até então, a fábrica o produzira apenas para fornecer ao Jensen-Healey. Com quatro cilindros, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando e quatro válvulas por cilindro, a unidade ficaria conhecida como Slant Four (quatro inclinado) por sua inclinação para a esquerda a fim de permitir um capô mais baixo. Continua

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Data de publicação: 21/7/09

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