Atraente para alguns, exótico
demais para outros, o Elite aproveitava o formato retilíneo da traseira
para ganhar espaço a quem viajasse atrás
O Eclat seguia formas mais
convencionais, com traseira inclinada, mas oferecia menos conforto na
traseira; usava o mesmo motor 2,0
litros |
Fundada em 1952 pelo engenheiro
Colin Chapman como a Lotus Engineering Ltd., a marca de carros
esporte britânica Lotus ingressou no mercado de automóveis de rua em
1957, com o modelo Elite, e dois anos depois se
tornava a Lotus Cars Ltd. Ao lado do Elite, modelos como o clássico
Elan, um dos símbolos da onda dos roadsters
ingleses nos anos 60, e o longevo
Esprit, fabricado entre 1976 e 2004, fizeram a fama da empresa nas
ruas enquanto pilotos como Jim Clark, Emerson Fittipaldi e Mario
Andretti venciam nas pistas com a equipe comandada por Chapman.
Como qualquer fabricante, porém, a Lotus também teve modelos menos
conhecidos do grande público, mas nem por isso menos interessantes. É o
caso da dupla Elite/Eclat, produzida entre 1974 e 1982, e do modelo
Excel, que os sucedeu desse ano até 1992. Todos ofereciam espaço para
mais de duas pessoas e preocupações com o conforto e o acabamento que
não existiam em modelos mais antigos da marca. Vale diferenciar o Elite
em questão de seu homônimo feito de 1958 a 1963, um cupê de dois lugares
bem menor e com motor de apenas 1,2 litro.
Primeiro Lotus com quatro lugares de verdade, o Elite — lançado em maio
de 1974 — mantinha a concepção usada pela marca desde o Elan: chassi de
aço do tipo "espinha dorsal" com uma estrutura central à qual eram
fixadas as suspensões, o motor e a transmissão; carroceria de plástico
reforçado com fibra-de-vidro, motor dianteiro e tração traseira. De
linhas retas, seu estilo antecipava tendências que se repetiriam no
Esprit dois anos mais tarde. A frente longa e baixa usava faróis
circulares escamoteáveis e um para-choque preto-fosco. As laterais
tinham ampla área envidraçada e coluna traseira em forma triangular.
Atrás, o grande vidro servia como terceira porta e as lanternas estavam
encaixadas no para-choque preto. O Cx era
ótimo para seu tempo, 0,30.
Embora a estrutura principal do chassi estivesse no centro do carro,
havia uma caixa à frente da cabine para ancorar as portas e uma forte
estrutura ao redor dos ocupantes, o que fazia dele o mais seguro Lotus
em caso de acidentes até então. No caso do Eclat, grande parte do estilo
era mantido, mas a traseira em formato
fastback tradicional vinha mais inclinada, o que lhe conferia ar
menos exótico e mais equilibrado. Se a frente era praticamente a mesma
do Elite, não havia a terceira porta, sendo o vidro traseiro separado da
tampa do porta-malas. Visto de trás, mantinha a identidade visual com o
outro modelo, já que as lanternas eram incrustadas no para-choque. O
espaço interno vinha um pouco mais restrito na parte traseira pelo
perfil do teto, fazendo dele um típico
2+2.
Amplos, ambos mediam 4,47 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,21
m de altura e 2,49 m de distância entre eixos. No interior de qualquer
um deles, desenhado com participação de
Giorgetto Giugiaro, um alto
console emoldurava o chassi e dividia a cabine ao meio, a ponto de
servir de apoio de braço para quem viajasse nos baixos bancos traseiros.
Como a alavanca de câmbio estava "espetada" nele, ficava bem à mão do
motorista. O painel de desenho retilíneo continha seis mostradores e os
raios do volante formavam uma larga faixa horizontal. Os bancos
dianteiros traziam encostos altos para apoio da cabeça. Ar-condicionado
e direção assistida eram opcionais.
O Elite foi o primeiro Lotus a empregar o motor 907, que em diferentes
versões moveria o Esprit do lançamento até a década de 1990. Até então,
a fábrica o produzira apenas para fornecer ao Jensen-Healey. Com quatro
cilindros, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando e quatro válvulas
por cilindro, a unidade ficaria conhecida como Slant Four (quatro
inclinado) por sua inclinação para a esquerda a fim de permitir um capô
mais baixo.
Continua
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