O Comet 1966 (no alto) tornava-se um carro médio com entre-eixos de 2,95 m; no Cyclone GT 1967, tomadas de ar e motor 6,4-litros de 335 cv

Separados em 1969, o Comet (em cima) continuava sóbrio e o Cyclone, apenas como fastback, oferecia o motor V8 Cobra Jet 428 com 335 cv

As séries especiais do Spoiler II: alusão aos pilotos Mercury na Nascar


O Cyclone básico (acima) e o Spoiler (na abertura deste artigo) de 1970 exageravam no "nariz" saliente e vinham em quatro versões do V8 429

Compacto de novo: o Comet de 1971 a 1976, uma variação do Maverick

Se a posição dos faróis não mudava para 1966, todo o restante era novo. O Comet passava ao segmento dos carros médios ou intermediários, com entre-eixos de 2,95 metros — o mesmo do Fairlane, com o qual também compartilhava parte da carroceria — e quase 8 cm a mais nas bitolas, o que abria espaço no cofre para motores de bloco grande. Suas formas estavam mais arredondadas e elegantes, sobretudo na cabine do cupê hardtop, e havia duas longas grades sobrepostas. Os para-lamas traseiros seguiam o estilo "garrafa de Coca-Cola", com linha de cintura ondulada, que tomaria grande parte da indústria na época. Havia quatro versões: 202, Capri, Caliente e Cyclone.

Aparecia também um conversível que, a exemplo do cupê, podia receber o vigoroso motor Marauder V8 de 390 cm³ (6,4 litros) e 335 cv com carburador quádruplo e duplo escapamento, com o qual ele acelerava de 0 a 96 km/h em 6,7 segundos. Tal motor vinha de série no Cyclone GT, que ainda trazia capô de plástico reforçado com fibra-de-vidro com tomadas de ar, freios dianteiros a disco, suspensão mais esportiva, pneus 7,75-14 em rodas mais largas e a opção de caixa manual de quatro marchas (o padrão era de três) ou automática, além de faixas decorativas. Nesse ano, um Comet foi usado como carro-madrinha na famosa prova 500 Milhas de Indianápolis.

O lançamento do cupê Cougar — um "primo" mais refinado do Ford Mustang — em 1967 prejudicou as vendas do Comet, que trazia poucas novidades nesse ano. A frente trocava as duas grades por uma só, com o emblema no centro, e os motores perdiam um pouco de potência: 200 cv no V8 289 e 320 cv no V8 390, que estava disponível no Cyclone básico e no GT. O mercado já esperava uma grande reformulação, que chegou no modelo seguinte, acompanhando o novo Fairlane. Sem alterar o entre-eixos, o Comet estava mais longo e largo e ganhava uma versão cupê fastback que fez grande sucesso — por outro lado, desaparecia o conversível. Os quatro faróis voltavam a seguir alinhamento horizontal, dentro de uma grade com o centro e as extremidades salientes, e os para-lamas ondulados ficavam mais pronunciados.

O motor básico era o V8 de 302 pol³ (4,95 litros, o mesmo usado no Brasil por Maverick e Landau) com carburador duplo e 210 cv. Quem optasse pelo pacote GT levaria bancos individuais e acabamento mais esportivo, mas nenhum ganho de potência. Alternativas para deixar mais borracha no asfalto nas arrancadas eram o mesmo 302 com carburador quádruplo e 230 cv, o conhecido 390 em duas versões (265 e 325 cv) e o bloco grande de 427 pol³ (7,0 litros) e 390 cv, oferecido apenas por alguns meses. Como era um motor projetado para as competições da Nascar, tinha construção mais precisa e cara, levando a Mercury a sua substituição pelo Cobra Jet 428 de cilindrada quase igual e 335 cv. Com este, de 0 a 96 bastavam 6,2 segundos.

O êxito do fastback foi tão grande que a marca o deixou como única carroceria no Cyclone 1969, que abandonava o nome Comet. Como antes, o pacote GT limitava-se a mudanças visuais. Se o interesse fosse por desempenho, a opção certa era a versão CJ, com motor Cobra Jet 428 de 335 cv, caixa de quatro marchas e a suspensão esportiva Competition Handling. Curiosamente era usado nela um banco dianteiro inteiriço, na contramão da tendência pelos individuais. Havia, porém, algo ainda mais esportivo na linha: o Cyclone Spoiler II. A ideia era oferecer ao público um carro similar na aparência aos da Nascar, com anexos aerodinâmicos. Até os nomes das duas séries remetiam aos pilotos da Mercury na categoria: Dan Gurney, com faixas e teto em azul escuro, e Cale Yarborough, com tais itens em vermelho, sempre sobre carroceria branca. O motor de ambas era o V8 "Windsor" de 351 pol³ (5,8 litros) com carburador quádruplo e 250 cv. Pouco mais de 500 exemplares foram feitos entre as duas séries.

Se o Cyclone 1969 era imponente, o de 1970 caía no excesso. A seção central da grade e do capô avançava formando um "nariz" destacado e recessos na região dos faróis, que ficavam ocultos quando apagados. Em parte por isso, o comprimento crescia em 17 centímetros (para 5,33 metros), embora apenas 2,5 cm do aumento estivesse no entre-eixos. No restante o desenho estava um pouco diferente, mas dentro do normal da classe. A versão hardtop voltava com um formato intermediário entre o do antigo hardtop e o do fastback. Três acabamentos estavam no catálogo. O básico vinha com banco inteiriço, caixa de quatro marchas com trambulador Hurst, suspensão esportiva e o motor V8 de 429 pol³ (7,0 litros) e 360 cv, parte de uma nova família que incluía o enorme 460 de 7,55 litros.

Como alternativas havia o Cobra Jet 429 (com carburador quádruplo Rochester e 370 cv), o Super Cobra Jet 429 (com carburador Holley também quádruplo, pistões forjados e 375 cv) e o Boss 429 — com componentes reforçados, aptos a lidar com preparação para mais de 600 cv em competições. O GT, curiosamente, era o "lanterninha" da família com o V8 Windsor 351 de 250 cv, que podia dar lugar ao novo "Cleveland" de mesma cilindrada e 285 cv — os apelidos, referentes às cidades onde eram produzidos, identificam os motores de diferentes linhas e cilindrada similar. Permanecia o Spoiler com motor 351. O modelo 1971, sem alterações de desenho, perdia o motor Boss 429 e mantinha os demais 429. O Windsor 351 estava presente apenas no GT, com 240 cv, enquanto básico e Spoiler vinham com o Cleveland de 285 cv.

Na linha seguinte o Cyclone tornava-se apenas um pacote opcional para o Mercury de porte médio, com os mesmos motores, exceto o Cleveland. Como a maioria dos "musculosos", ele sucumbiu às normas de controle de emissões poluentes e à pressão das companhias de seguro, que queriam o fim desses carros velozes e de estabilidade precária. Uma proposta de reviver o carismático nome seria feita em 1990 com um carro-conceito de quatro portas, dotado de motor V8 de 4,6 litros, faróis com uso de fibra ótica e teto envidraçado com transparência variável ao toque de um botão. Enquanto o Cyclone se foi, o Comet manteve-se de 1971 a 1976 como a versão Mercury do Ford Maverick, novamente um carro compacto. Um retorno às origens pacatas daquele que, durante anos, representou bem essa divisão da Ford no prestigiado segmento de "carros musculosos".

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