

Menor que o Interceptor, mas
dotado da mesma mecânica, o 541 tinha carroceria de plástico e vincos no
para-lama como os do Mercedes SL


No interior, cinco opções de
cores no revestimento de couro e painel bem-equipado; o defletor móvel
no lugar da grade tinha comando interno |
A
fábrica inglesa Jensen Motors, Ltd., mais conhecida pelos avançados
modelos Interceptor e FF
produzidos entre os anos 60 e os 70, foi fundada em 1934 pelos irmãos
Allan e Richard Jensen em West Bromwich, a oeste de Birmingham, na
Inglaterra. Ao comprar o maquinário da extinta W. J. Smiths & Sons, os
irmãos tornaram-se construtores de carrocerias para outros fabricantes
ingleses como Morris, Singer, Standard e Wolseley.
Após elaborar uma carroceria para "vestir" um chassi Ford por encomenda
do ator Clark Gable, ainda naquele ano, chamaram atenção da marca
norte-americana a ponto de firmar um acordo de fornecimento para ela, o
que originou o Jensen-Ford. Já em 1935 apresentavam o primeiro automóvel
próprio, o Jensen S-Type, com motor V8 também da Ford. Durante a Segunda
Guerra Mundial a produção foi suspensa, mas em 1946 a marca retornava
com o sedã de luxo PW. No mesmo ano o projetista Eric Neale, que
trabalhava na Wolseley, entrava na Jensen para começar o desenho do
primeiro cupê esporte na fase pós-guerra da empresa, o Interceptor de
primeira geração, lançado em 1950.
Um dos modelos mais marcantes da Jensen, o 541 era apresentado no Salão
de Londres de 1953 para ter iniciada a produção no ano seguinte. Também
desenhado por Neale, tinha a carroceria feita de plástico reforçado com
fibra-de-vidro, tecnologia rara na época, e aplicada a um chassi de aço.
O processo permitiu expressiva redução de peso: com 1.220 kg, ele era
150 kg mais leve que o Interceptor da época. No protótipo do salão a
carroceria era de alumínio, material muito usado no pós-guerra diante da
falta de aço no mercado — o jipe
Land Rover foi um dos que o empregaram, já em 1948. As linhas do 541
eram imponentes, mas não revolucionárias. Muitas curvas formavam o
estilo requintado e com ligeira esportividade, em que os para-lamas e os
faróis destacavam-se em relação ao capô longo, um arranjo típico da
década.
Detalhe interessante é que o espaço oval abaixo da tampa do motor, onde
estaria normalmente a grade, vinha ocupado por uma peça móvel com
acionamento a partir do painel, para que o motorista controlasse a
quantidade de ar admitida para o radiador — o que ajudava a abreviar seu
aquecimento no rigoroso inverno britânico. As portas permaneceram de
alumínio e toda a seção dianteira, com capô e parte dos para-lamas,
formava uma só peça que se abria para trás para acesso aos órgãos
mecânicos. Os fortes vincos nos para-lamas dianteiros lembravam,
curiosamente, os do
Mercedes-Benz 300 SL da mesma época, causando controvérsia sobre
qual marca imaginou a solução primeiro. A cabine recuada tinha formas
arredondadas e um vidro traseiro envolvente. Uma versão conversível, a
Drop Head Coupe De Ville, foi oferecida por meio de conversão pela
empresa E. D. Abbott da cidade de Farnham.
No interior luxuoso de quatro lugares do 541, com revestimento em couro
disponível em cinco opções de cor, os bancos dianteiros individuais eram
separados pelo largo console. O traseiro podia ser rebatido para ampliar
o espaço de bagagem. O painel trazia conta-giros como opcional e o
grande volante tinha três raios. A Jensen o apresentava
como "um sedã compacto capaz de alta velocidade, quando desejado, e com
aceleração muito rápida. Ele não substitui de modo algum o Interceptor.
Acreditamos que muitos não precisam de sua generosa acomodação para
passageiros e bagagem, mas querem um carro com conforto para motorista e
passageiro, bom espaço para bagagem e razoável acomodação para dois
ocupantes adicionais no banco traseiro".
Continua
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