Os amortecedores
Uma vez compreendidas as molas, passemos ao amortecedor, que existe para
que haja controle dos movimentos da suspensão. Não serve para “absorver
choques”, como sugere o nome em inglês (nos EUA somente) shock
absorber, embora ajude a evitar que uma suspensão chegue ao fim de
curso, nos impactos de até média intensidade da roda contra um buraco ou
obstáculo. Na França chama-se amortisseur e na Inglaterra,
damper, este o equivalente a amortecedor.
Seu princípio de
funcionamento é a dificuldade que um líquido tem para passar por
orifícios de pequeno diâmetro. É como uma seringa de injeção com e sem
agulha: sem ela o êmbolo expulsa líquido mais facilmente do que com ela.

Os amortecedores, neste caso
envolvidos pelas molas, freiam suas oscilações
Como o líquido (neste caso, óleo) agita-se muito durante o trabalho do
amortecedor, mantê-lo pressurizado com um gás inerte, como o nitrogênio,
ajuda a evitar que se formem bolhas de ar, fenômeno chamado de
cavitação, que afeta sua eficiência. São os amortecedores a gás, que
continuam hidráulicos, só que são pressurizados. O primeiro deste tipo
foi o DeCarbon, em 1953.
Vale explicar ainda a
função da barra estabilizadora, ou estabilizador, como o BCWS a
chama. Preso aos dois lados da suspensão (seja dianteira ou traseira),
controla a rolagem e tem um efeito colateral positivo: permite molas
mais macias, para ganho em conforto ao transpor irregularidades em linha
reta (salvo se estas atingirem as rodas de apenas um lado, quando a
rigidez do estabilizador será percebida). |
É por isso que modelos do segmento inferior, como Celta e Peugeot
206 1,0-litro, que não usam estabilizador para redução de
custos, têm rodar mais rígido que o de modelos com suspensões similares
equipados com a barra, como Corsa e 206 1,6. Quando a Ford
adotou estabilizador dianteiro no Fiesta, em 1995 na Europa (1996 no
Brasil), pôde utilizar molas cerca de 20% mais macias.

A barra mais à esquerda, que liga os dois lados
da suspensão, é o estabilizador: menor inclinação em curvas, molas mais
macias
Veremos adiante os tipos de suspensão mais comuns, valendo lembrar que
ao descrevê-las sempre é considerado apenas um lado, para que não haja
confusão pelo emprego do plural. Cabe salientar também que massa
não-suspensa é toda parte do veículo em contato com o solo, sem
interposição de mola, e massa suspensa aquela após a mola. A divisão de
massas de uma suspensão fica em torno de 50% para cada.
Eixo
rígido O
tipo mais simples e antigo de suspensão é um eixo ligando as rodas e
fixado ao chassi, com interposição de uma mola transversal ou duas
longitudinais.
Sua simplicidade tem
vantagens: baixo custo, robustez, ausência de manutenção (não requer
alinhamento de câmber jamais) e, quando aplicado à traseira, a
propriedade de manter as rodas sempre verticais em curvas. No entanto, é
fácil perceber seu maior inconveniente: a total dependência entre as
rodas do mesmo eixo faz com que toda oscilação sofrida por um lado
chegue ao outro, o que perturba o comportamento. Continua |