No caso da suspensão dianteira, o eixo rígido contribui para o temido shimmy, uma oscilação de média intensidade das rodas que é transmitida ao volante. Esse tipo de eixo também resulta em grande peso não-suspenso, o oposto do que se busca para o conforto de rodagem e a estabilidade. Numa ondulação de asfalto, por exemplo, as rodas tendem a perder contato com o solo, situação que pode constituir risco.

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O eixo rígido do Ford F-150, com feixe de molas semi-elíticas: solução clássica, mas limitada em conforto e comportamento

O eixo rígido recebe nomes distintos em inglês conforme seja o eixo de tração (live axle, eixo vivo) ou não (dead axle, eixo morto), mas em português se consagrou uma única expressão. A diferenciação, porém, se justifica: o fato de não haver um pesado diferencial facilita muito obter um bom compromisso entre conforto e estabilidade. Vejam-se os picapes Courier e Strada, com eixo traseiro rígido (só Saveiro e agora Montana usam eixo de torção).

Os automóveis tiveram por muitas décadas eixos dianteiro e traseiro rígidos, mas a evolução há cerca de meio século os tornou raros na suspensão dianteira. Permanecem em alguns poucos utilitários, como as gerações antigas do Jeep Cherokee (de 1983) e Grand Cherokee (de 1998) e o Land Rover Defender.

Na produção nacional, utilizaram esse conceito na traseira automóveis de tração atrás, como Opala, Chevette, Dodges (1800/Polara e também os de oito cilindros) e Galaxie/Landau, e de tração à frente, a exemplo do Corcel I/II e, bem antes, o DKW-Vemag. Hoje, além dos picapes leves citados, equipa os médios (S10, Frontier, L200, os argentinos Hilux e Ranger), o pesado F-250, os utilitários esporte XTerra e Blazer e furgões como Doblò e Fiorino.

Automóveis com eixo rígido são poucos atualmente, um deles o Ford Mustang (exceto na versão SVT Cobra).

De Dion

Por incrível que pareça, foi criada e patenteada pelo conde francês Albert De Dion em 1893 e utilizada no carro que produziu em 1899. É um eixo rígido motriz, mas com o diferencial fixado ao chassi e não ao eixo, solução bem superior ao eixo tradicional pela questão de massa não-suspensa — e mais ainda em relação ao semi-eixo oscilante. O movimento do diferencial chega às rodas por semi-árvores.

No Alfa 6 dos anos 1970, o eixo traseiro De Dion: diferencial e até discos de freio fixos ao chassi, para reduzir a massa não-suspensa

Foi usada em competição nos carros Auto Union de grande-prêmio (a antecessora da Fórmula 1) de 1938, no lugar do semi-eixo oscilante usado desde 1934, o que melhorou em muito o desempenho nas curvas. Nos anos 1950 foi a solução preferida em carros de corrida, como Ferrari.

Sedãs esportivos notáveis a seu tempo, como o Alfa Romeo Alfetta, tinham transeixo na traseira e suspensão De Dion. Em 2002 a Smart apresentou os carros esporte Roadster e Roadster-Coupé, de motor traseiro transversal, com esse tipo de suspensão, um raro emprego hoje em dia.

McPherson

Desenvolvida e depois patenteada por Earle Steele McPherson em 1946, a suspensão McPherson (lê-se "mecfêrson") surgiu em 1949 na dianteira do Ford Vedette francês, de tração traseira; o Simca Chambord a trouxe ao Brasil. Seu uso mais freqüente hoje é com tração dianteira, embora bons exemplos de veículos de tração traseira continuem a usá-la: Porsche Boxster, 911 e os BMWs. Continua

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