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No interior, o destaque é o painel em dois níveis, com o conta-giros no lugar usual e os demais instrumentos, digitais, vistos por cima do volante

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O novo Civic denota acabamento cuidadoso e traz sistema de áudio com funções MP3 e WMA, que na versão de topo admite seis discos no painel

Há ainda a versão LX, apenas com caixa automática e destinada a portadores de deficiência física. Com acabamento igual ao da LXS, seu motor teve a potência limitada a 125 cv a 5.500 rpm, de modo a atender à legislação que concede isenção de impostos (IPI e ICMS). Custa os mesmos R$ 64.200, que entretanto baixarão com a isenção segundo o estado, devido à variação do ICMS (a alíquota do IPI é nacional, 13%). Os preços subiram em relação ao Civic anterior, mas estão coerentes com a evolução do produto e o acréscimo de equipamentos de série. O que pode incomodar — como a toda a concorrência, aliás — é o Ford Fusion 2,3 em pacote completo a R$ 80 mil.

Motor i-VTEC   Além das conhecidas virtudes do controle eletrônico de duração de abertura e levantamento de válvulas — o correspondente à sigla VTEC em português —, o novo motor estende a "inteligência" ao controle do coletor de admissão variável, conjugando o sistema ao funcionamento do comando, no que a fábrica chama de i-VTEC (já era assim no Accord e no CR-V vendidos no Brasil). O objetivo é conferir maior elasticidade ao motor, embora dirigindo o veículo com caixa manual não se perceba nada de excepcional nesse aspecto. É apenas elástico, como se espera do estado-da-arte da tecnologia. O LX de 125 cv não traz coletor de admissão variável.

Além de bloco e cabeçote de alumínio, já existentes, o cárter passa a ser do mesmo material e constitui elemento estrutural do bloco, o que não ocorria antes por ser de aço estampado. Novas também as capas dos mancais, que agora constitui um berço único em vez de itens individuais. Outra novidade, ainda não vista em motores, é o coletor de escapamento integrado ao cabeçote, portanto de alumínio, não mais de ferro fundido ou tubos de aço aparafusado ao cabeçote. O catalisador vem a seguir, junto ao próprio motor.

As bielas são forjadas (antes fundidas) e incluem a divisão capa-corpo pelo método de fratura, moderno método já aplicado em motores VW e Fiat. Os pistões recebem jato de óleo para aprimorar lubrificação e arrefecimento. Em relação ao motor anterior, o diâmetro dos cilindros se aproxima mais do curso dos pistões, 81 x 87,3 mm contra 75 x 94,4 mm. Com o bom comprimento das bielas (157,5 mm), a relação r/l é muito boa, 0,277, e explica o funcionamento suave. Subiu a taxa de compressão, de 9,5:1 para 9,9:1, mas em outros mercados é maior (10,5:1), como se a gasolina brasileira ainda fosse inferior em número de octanas.

De tudo isso resulta um motor do nosso tempo, aliás um dos predicados da Honda, fabricante de motores por excelência — começou em 1948 fazendo justamente um motor auxiliar para bicicletas. A potência de 140 cv a 6.300 rpm e o torque de 17,7 m.kgf a 4.300 rpm (mantido no motor de 125 cv) parecem concentrados em altos regimes, mas na verdade estão bem distribuídos e dão conta do peso entre 1.230 e 1.260 kg. A Honda não informou números de desempenho (veja boxe abaixo), mas podem-se esperar aceleração de 0 a 100 km/h pouco abaixo de 10 segundos no manual e perto de 12 s no automático, com velocidade máxima superior a 200 km/h. Continua

Segredo trancado a sete chaves
É inaceitável que um fabricante da importância da Honda no cenário mundial, que até em competições internacionais participa com brio, se dê ao papel ridículo de esconder informações que interessam a todos, como o consumo de combustível e o desempenho, como ocorre mais uma vez no lançamento do novo Civic. Seria como um fabricante de eletrodoméstico não informar ao consumidor o consumo de energia elétrica de uma geladeira, por exemplo.

Por que será que a empresa faz isso? Será medo de algum órgão de imprensa efetuar medições e os números obtidos serem diferentes? Ou de algum cliente partir para a justiça por constatar
que o consumo é maior do que o anunciado? Nos dois casos, tolice pura. Tanto consumo quanto desempenho são obtidos segundo normas internacionais e servem apenas como referência. São dados que dificilmente serão repetidos no mundo real. Qualquer bom advogado consegue argumentar em juízo o porque de discrepâncias encontradas.

Tudo isso é mesmo lamentável. Tenho certeza de que não seria assim se Soichiro Honda estivesse vivo e ao comando da grande empresa.

Bob Sharp

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