A visão impressiona. Têm-se a impressão de estar chegando a uma
filial de indústria multinacional, e das poderosas. Poder-se-ia
esperar ver tudo numa cidade de 70.000 habitantes no sul de Goiás,
quase tocando o triângulo mineiro, menos uma fábrica de
automóveis. Fábrica de gente grande.
O lançamento do L200 Sport celebra o fim de uma fase de expansão
da fábrica que teve sua pedra fundamental lançada em 1997 —
portanto ontem, em termos de história — a partir da tenacidade de
Eduardo Souza Ramos. De 1996, quando acertou com a Mitsubishi uma
operação de peso no Brasil, deixando de ser mero importador, até
hoje, foi muito empenho e dedicação e, por que não, dificuldades.
Como a de ter feito uma cirurgia plástica no L200 e tê-lo mostrado
aos japoneses depois — não gostaram nem um pouco e as
relações chegaram a ficar estremecidas.
“Aí”, contou Souza Ramos, “os ventos viraram a nosso favor. Quando
a DaimlerChrysler adquiriu o controle acionário da Mitsubishi no
Japão, com 31,7% das ações, em março de 2000, quem foi nomeado
para diretor-presidente foi Rolf Eckrodt, um alemão que havia
conduzido por vários anos a Mercedes-Benz do Brasil, quem eu
conhecia bem.
Ele, conhecedor do jeito brasileiro, baixou a ordem: a MMC
Automotores terá autonomia para adequar seus produtos localmente
e, mais importante, permanecerá como operação independente, com
rede própria, fora do esquema Mercedes-Benz e Chrysler.” Rede que
conta hoje com 80 concessionárias.
Assim, num investimento que já passou dos R$ 300 milhões — reais
mesmo, a nossa moeda, como fez questão de frisar Souza Ramos —, a
MMC Automotores dá emprego a 1.068 pessoas, das quais 900 em
Catalão, onde apenas 15 são “estrangeiros” de São Paulo. A empresa
faturou R$ 1 bilhão em 2002, está entre as 250 maiores empresas
brasileiras e já detém participação de 1,35% do
mercado global (julho). Uma fábrica capaz de produzir 30.000
veículos por ano, salto de 200% sobre a capacidade |
inicial de 10.000, de onde saem todo dia
44 veículos. São 250.000 m² de terreno e 45.000 m² de área
construída.
“Hoje é o dia mais importante da minha vida profissional”, disse
Souza Ramos, ao falar do término desta fase de expansão.
Por que Catalão? “O Estado do Rio já tinha a Peugeot-Citroën, o
Paraná estava com Audi e Renault, Minas Gerais já contava com Fiat
e Mercedes e só dava incentivos para o Triângulo Mineiro. Então o
Governo de Goiás nos contatou e ofereceu-nos inclusão no programa
de incentivos deles, embora sem nenhum investimento. Achamos
atraente e fechamos a questão”, explicou.
Quando os jornalistas convidados para o lançamento visitavam a
fábrica, a bordo de carrinhos elétricos como os usados em campos
de golfe, viram numa das alas um grupo de funcionários da produção
fazendo ginástica coletiva de relaxamento, à Japão. Não admira que
a qualidade dos Mitsubishis — palavra que significa ‘três
diamantes’, justamente o logotipo da empresa — seja um destaque em
si mesma.
Qualidade essa tem um artífice por trás dela: o engenheiro Luiz
Rosenfeld, diretor industrial da empresa e responsável por
desenvolvimento de produto. Autor do L200 Sport. Braço direito de
Eduardo Souza Ramos. |