A reestilização no ano
passado causou polêmica, mas trouxe alguns itens bem-vindos; com fortes
qualidades, seus índices de vendas permanecem inabaláveis
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Por
mais otimista que Giorgetto Giugiaro fosse no início da década de 1980,
ao desenhar o Fiat Uno (leia história),
ele dificilmente imaginaria que aquele projeto se tornaria um sucesso
tão grande no Brasil. No ano passado, em que completou 20 anos de
produção nacional, ele ainda foi o quinto carro mais vendido de nosso
mercado.
Hoje representado pela versão única Mille Fire, o Uno consagrou-se como
um vencedor. É verdade que o fator preço — é há anos o modelo mais
"barato" do Brasil... como se houvesse carro barato neste país — conta
muito, mas não só. O que realmente conquista nesse Fiat é oferecer, a um
custo imbatível, um conjunto de qualidades que o tornam plenamente
viável como carro popular dos tempos modernos. Um sucessor para o que o
Fusca representou durante décadas, mas com muitas vantagens.
Começa pelo espaço: bem mais alto que os concorrentes de seus primeiros
tempos, como o Gol de primeira geração, e com formas retilíneas que não
invadem a área dos passageiros, o Mille oferece acomodações melhores que
as de carros mais recentes. O compartimento de bagagem é bem razoável
(270 litros, contra 245 de um Peugeot 206) e está livre do estepe, que
vem junto ao motor, posição única e inigualável em termos de acesso com
o veículo carregado.
Com um motor de concepção atual, o Fire adotado em 2001, consegue ser
ágil e ainda obter ótimos índices de consumo. Não menos importante, é um
carro contemporâneo ao volante: dos freios à suspensão, nada existe no
Mille que traga dificuldades ao motorista, mesmo àquele que o dirige em
alternância com modelos mais modernos. Um atributo que o Fusca, com suas
suspensões arcaicas e freios sem assistência, já não tinha pelo menos
desde os anos 80.
Saudável
simplicidade
Quem compra nosso carro mais barato sabe que não vai encontrar luxo. De
fato, o interior do Uno é de uma simplicidade franciscana, com chapa
aparente nas portas e colunas, plásticos baratos, nenhuma alça de teto.
Faltam locais para objetos e o acelerador não tem uma simples borracha
para cobrir o metal. Os ruídos de rodagem dos pneus são ouvidos
claramente, por causa do descuido com material fonoabsorvente, e o motor
exposto do limpador do vidro traseiro permite uma aula de mecânica
quando a tampa é aberta. Mas o que importa tudo isso?
Continua |