Defletor, rodas de 17 pol em tom
escuro e os característicos faróis do atual A3 conferem um aspecto
interessante ao A3 Sport de três portas |
A vontade da Audi de reforçar sua imagem e conquistar mais clientes no
Brasil é mais do que evidente. Num momento em que as vendas na Europa e
nos Estados Unidos estão com a marcha a ré engatada, as coisas por aqui
vão muito bem — a marca cresceu quase 50% em 2009, acima do mercado como
um todo e do segmento de luxo. Por conta disso, incrementar as opções no
catálogo é a estratégia. Em dezembro chegaram
S3 Sportback e TT-S — sofisticados,
poderosos, custando entre 200 e 300 mil reais. Agora chega a vez do A3
Sport e do A4 Sport.
O primeiro retoma a linhagem do A3 de três portas, quase extinta com a
"morte" em 2006 do A3 brasileiro feito em São José dos Pinhais, PR.
Houve importação dessa opção na segunda geração, mas apenas com o
modesto motor de 1,6 litro e 102 cv e não por muito tempo. Custando R$
110 mil em versão básica, esse pequeno Audi entrega o que seu sobrenome
— Sport — promete, ou seja, esportividade, mas sem a tração integral
presente no S3 e com 20% a menos de potência, o que vale dizer ainda
bons 200 cv. É a mesma mecânica já conhecida do
A3 Sportback de cinco portas. Já o
A4 Sport, também apenas com tração dianteira como o A3, vem para ser a
versão intermediária de sua estirpe: nem tão essencial como o A4
Ambiente de 183 cv, que parte de R$ 150 mil, nem tão exagerado como o
A4 Ambition, que com seu motor V6 de 3,2
litros e 269 cv exige um cheque de cerca de R$ 240 mil. Pela novidade a
Audi cobra R$ 185 mil reais e oferece, em relação ao A4 mais simples do
catálogo, mais potência e mais esportividade por meio de um pacote de
componentes estéticos (para-choques, rodas, frisos) denominado S Line.
Avaliamos as duas novidades num percurso por excelentes rodovias do
interior de São Paulo, mas, antes do relato das impressões desse breve
contato, vale dar uma pincelada no conteúdo técnico desses alemães.
Um motor, dois
câmbios
Ambos dividem o motor turboalimentado de
quatro cilindros em linha e 2,0 litros com
injeção direta. No A3 Sport a potência é de 200 cv, enquanto no A4
ela chega a 214 cv. Quanto ao torque, são 28,5 m.kgf para o hatchback
enquanto o sedã dispõe de 35,7 m.kgf, nos dois casos em ampla faixa de
rotações. A explicação para números tão diferentes deve ser creditada à
eletrônica, que permite aos técnicos elaborar acertos específicos em
função de cada utilização. O A3 pesa 1.330 kg, enquanto o volumoso A4
registra 1.475 kg na balança. E, é claro, não só o tamanho ou peso os
diferencia, mas sobretudo as expectativas do usuário final de cada um
deles. O cliente do A3 Sport está interessado num ágil compacto com viés
esportivo, por pouco mais de R$ 100 mil, enquanto o do A4, apesar do
nome Sport na certidão de batismo, quer levar para casa um imponente
sedã, um veículo "de representação" que confere elevado status e, de
quebra, traz bom espaço interno e de bagagem.
Outro histórico ponto de diferenciação entre A3 e A4 é a disposição do
motor — transversal no hatch, longitudinal no sedã, pois são plataformas
bem distintas —, assim como diferente é a caixa de câmbio escolhida para
cada um. No A3 Sport reina a caixa manual
automatizada S-Tronic de seis marchas com o requintado sistema de
duas embreagens. As marchas tanto podem
ser selecionadas por borboletas atrás do volante quanto pela alavanca no
assoalho. A grande qualidade desse câmbio é a velocidade da troca de
marchas e a suavidade com que ela acontece. Uma embreagem serve às
marchas ímpares e a outra às pares. Quando uma marcha está trabalhando,
a sucessiva já está a postos, faltando apenas a permuta de embreagens.
No A4 o câmbio é o não menos sofisticado Multitronic, a interpretação da
Audi para o sistema CVT de transmissão
continuamente variável. O sistema permite a seleção de oito marchas
"virtuais", estabelecendo "degraus" no que seria em tese uma variação
contínua. A eletrônica favoreceu a definição de oito estágios para
permitir ao motorista optar entre deixar o câmbio na tradicional posição
"D", onde sensores escolhem qual ponto do variador é adequado para a
necessidade do momento (de acordo com rotação do motor, pressão no pedal
do acelerador, etc.), ou escolher entre as oito possibilidades de
"marchas".
Continua |