Espaço interno e conforto dos
bancos estão adequados à categoria; se rebatido, o traseiro forma um
assoalho plano e espaço para 1.965 litros
Em avaliação breve demais, o
Tiggo mostrou rodar confortável e nível de ruído adequado, mas poderia
ter mais disposição em baixa rotação |
O interior não transmite luxo, mas tem desenho correto e materiais
razoáveis para a categoria a que se destina. Na busca de partes mal
encaixadas que confirmem a fama de qualidade inferior dos produtos
chineses, o Chery se sai bem. Os plásticos aparentam resistência e as
peças do painel não têm rebarbas ou irregularidades. As portas são
acolchoadas em volta do apoio de braço e, tanto nessa forração quanto na
dos bancos, usa-se um tecido de trama grossa e agradável ao toque. O
conjunto passa a sensação de resistência, não de sofisticação, o que
tampouco é a proposta do Tiggo.
Os bancos dianteiros são confortáveis, com espuma firme na medida, e
chegam ao exagero de trazer aquecimento, inútil para revestimento em
tecido no Brasil. No painel simples, o quadro de instrumentos traz os
mostradores habituais e o do computador de bordo. O rádio tem comandos
amplos e de fácil uso e o volante de três raios traz ajuste apenas em
altura. Botões e comandos podem ser operados com suavidade, com
exceção dos que ajustam ventilação e ar-condicionado, duros de virar. Se
a simplicidade chega a ser excessiva em detalhes como as maçanetas, há
conveniências como um alto console central com porta-objetos (no qual se
bate o cotovelo durante as trocas de marcha), local para óculos acima do
retrovisor interno e luzes de leitura à frente e atrás.
O banco traseiro, que traz encostos de cabeça e cintos de três pontos
apenas para dois passageiros, tem espaço mediano e encosto reclinável. A
cobertura rígida do compartimento de bagagem é complementada por uma
seção flexível, que evita deixar vãos, escondendo a bagagem, e permite
acesso aos volumes por quem viaja atrás. O banco pode também ser
rebatido até encontrar os encostos dianteiros, o que amplia o espaço
disponível de 520 para 1.965 litros e forma uma ampla base plana — mas a
divisão em partes iguais é menos prática que a habitual 60/40.
Simples e
confortável
Se não traz surpresas na parte mecânica, o Tiggo cumpre sua função
também nesse aspecto. O motor de 2,0 litros e 16 válvulas, que não conta
com variação de comando ou coletor, fornece potência de 135 cv e torque
de 18,2 m.kgf, valores menores que os do
EcoSport 2,0 (145 cv e 19,5 m.kgf com álcool), mas bem acima dos
obtidos pelo Eco 1,6, com o qual compete em preço. Suspensão
independente e freios a disco estão aplicados às quatro rodas.
Como o percurso da avaliação de lançamento foi apenas em perímetro
urbano e claramente insuficiente — 15 minutos pelas tortuosas ruas
do bairro do Morumbi, em São Paulo —, não foi possível conferir como o Tiggo
se porta na estrada ou fora dela. Apesar de o motor pedir rotações altas
com frequência para entregar bom desempenho (explicado pelo peso um
tanto alto, 1.375 kg), o nível de ruído não causa incômodo. Com bom uso
do câmbio, também não faltou disposição em ladeiras de inclinação
amena com o carro levando duas ou três pessoas. De modo geral ele
oferece mais conforto que desempenho, com pedais, câmbio e volante que
primam pela maciez, bem ao gosto do público feminino. A suspensão
mostrou boa capacidade de absorção, até mesmo ao passar rápido por
lombadas sem causar desconforto, mas é de se supor que essa maciez torne
o carro muito "solto" em alta velocidade. Fica por ser verificado em
outra avaliação.
A Chery terá de vencer alguns obstáculos para ter êxito no Brasil. Além
da imagem de baixa qualidade dos produtos chineses, há a ausência do
motor flexível — presente em todos os concorrentes nacionais — nesta
fase inicial, a incógnita sobre valor de revenda e, como ocorre com toda
marca estreante, a limitada rede de assistência técnica. Mas a empresa
promete crescer rápido: das 30 concessionárias atuais nas principais
capitais brasileiras e grandes cidades do interior paulista, sendo
quatro na Grande São Paulo, ainda este ano deve passar a 55 e, em 2010,
chegar a 70. Apesar desses fatores, o Tiggo mostra atributos — e, sem
dúvida, preço — para conquistar seu lugar e dar trabalho aos
concorrentes locais. Parece mesmo um negócio da China. |
MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 83,5 x 90 mm.
Cilindrada: 1.971 cm3. Taxa de compressão: 10:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 135 cv a 5.750 rpm. Torque máximo:
18,2
m.kgf a 4.300 rpm. |
CÂMBIO
- manual, 5 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente, braço
arrastado. |
RODAS
- 7 x 16 pol; pneus, 235/60 R 16. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,285 m; largura, 1,765 m; altura, 1,705 m;
entre-eixos, 2,51 m; capacidade do tanque, 57 l; porta-malas, 520
l; peso, 1.375 kg. |
Dados do fabricante;
desempenho e consumo
não disponíveis |
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