No interior muito espaçoso, os
materiais de acabamento e a aparência melhoraram muito e há ampla
dotação de itens de conforto e segurança |
|
|
|
A tela de 8,4 pol traz navegador
e há ajuste elétrico de bancos, volante e até pedais, mas faltou uma
forma para seleção manual das marchas |
|
Com tração traseira, o grande sedã passa a ser equipado com caixa de
câmbio ZF de oito marchas, três a mais que na anterior, que vinha da
extinta associação com a Mercedes-Benz. Nova por dentro, nova por fora:
a alavanca passa a ser como a dos BMWs, com toques para frente e para
trás para selecionar entre as posições P, R, N e D, sem que a posição da
alavanca se altere após o comando se completar.
Uma pena não haver seleção manual de marchas: foi prevista apenas a
posição L (low, baixa) para a alavanca, à direita de D, que leva o
câmbio a usar marchas inferiores para obter freio-motor — útil em longas
descidas de serra, por exemplo. Segundo a Chrysler, a maioria dos
compradores não usava o comando manual, então chamado de AutoStick, o
que levou a empresa a adotar alavancas de mudança junto ao volante
apenas em modelos mais esportivos, como o
Dodge Charger. A
suspensão, que teve sua geometria revista, usa braços sobrepostos à
frente e sistema multibraço na traseira.
Ao volante
A avaliação da imprensa com o Chrysler consistiu em uma viagem entre São
Paulo e Santos, no litoral do estado. De imediato o motorista nota o
ambiente requintado e com ótimo acabamento, encontrando com facilidade a
melhor posição para dirigir, já que até a colocação dos pedais admite
regulagem elétrica. Pressionado o botão que aciona o V6, nota-se um som
encorpado, mas bastante discreto como convém a um carro de luxo.
Com câmbio automático na posição D, o teste começa pelo trânsito intenso
de São Paulo. O conforto está em toda parte, do baixíssimo nível de
ruídos e vibrações ao banco amplo e bem desenhado, feito para abrigar
com conforto mesmo os norte-americanos mais acima do peso, passando pela
boa absorção de irregularidades do piso. Os grandes instrumentos
mantém-se iluminados todo o tempo no refinado tom azulado. Incomodam um
pouco as pequenas janelas que, aliadas às largas colunas, dificultam a
visão lateral e para trás. Os vidros laminados das portas são levemente
escurecidos, mas tão suaves que quase não se notam. Uma câmera de ré na
hora das manobras ajudaria muito.
Entramos na rodovia dos Imigrantes, que liga a capital ao litoral, e não
há dúvidas de que uma boa estrada é o hábitat do 300C. Mesmo sem o V8
tão associado aos carros da América do Norte, as respostas ao acelerador
são consistentes, tornando qualquer ultrapassagem quase instantânea,
ainda que o modelo pese mais de 1.800 kg. O câmbio de oito marchas faz o
motor usar apenas 1.600 rpm para manter a velocidade de 120 km/h na
última delas. Ao se colocar a posição L, a rotação sobe para 4.000 rpm e
as respostas se tornam imediatas — em poucos segundos se está a 180
km/h.
Com uma distribuição de peso muito perto do ideal (52% sobre o eixo
dianteiro), o 300C revela uma assistência de direção bem balanceada, com
peso correto em qualquer velocidade e relação rápida (15,5:1). Mesmo sob a mais forte aceleração a
direção sem mantém suave, sem reações, uma vantagem indiscutível da
tração traseira quando se vai bem além dos 200 cv. Deixando-se de lado
BMW e Mercedes, apenas o Omega compartilha essa característica entre os
concorrentes.
Apesar de parecer um sedã comportado e sem pretensões esportivas, o
comportamento em curvas surpreende pela firmeza na trajetória, mesmo sem
recorrer a pneus de perfil baixo demais, que afetariam o conforto e
seriam mais vulneráveis a danos em buracos — a medida 225/60 R 18 chega
a ser conservadora para nossos dias. Na serra do Mar, ainda que com
poucas curvas, foi possível avaliar a boa estabilidade e a sensação de
solidez do sedã.
Abrigada sob o guarda-chuva da Fiat, que a adquiriu em 2009, mas com uma
rede própria de 33 concessionárias, a Chrysler pretende vender 1.000
unidades do 300C este ano, com a meta de dobrar as vendas mensais até a
virada para 2013. Para quem gosta dos elementos clássicos dos grandes
carros norte-americanos, esse descendente da famosa
"série letra" dos anos 50 e 60 é a escolha certa.
|
MOTOR
- longitudinal, 6 cilindros em V; duplo comando variável nos cabeçotes,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 96 x 83 mm.
Cilindrada: 3.604 cm3. Taxa de compressão: 10,2:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 286 cv a 6.350 rpm. Torque máximo:
34,7
m.kgf a 4.650 rpm. |
CÂMBIO
- automático, 8 marchas; tração traseira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente, braços sobrepostos; traseira,
independente, multibraço. |
RODAS
- 7,5 x 18 pol; pneus, 225/60 R 18. |
DIMENSÕES
- comprimento, 5,044 m; largura, 1,902 m; altura, 1,485 m;
entre-eixos, 3,052 m; capacidade do tanque, 72 l; porta-malas, 460
l; peso, 1.814 kg. |
CONSUMO -
em cidade, 8,1 km/l; em estrada, 13,2 km/l. |
Dados do fabricante;
desempenho
não disponível; consumo conforme padrões dos EUA |
|