O interior remete ao do Palio,
mas com novos apliques e difusores de ar; o sedã ficou mais espaçoso que
o antigo em todas as dimensões |
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O Attractive (acima) tem painel
igual ao do Essence, salvo por apliques de acabamento; o porta-malas
aumentou de 500 (Siena) para 520 litros |
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A frente troca as formas arredondadas do Palio por ângulos mais
marcantes, como nos faróis (de duplo refletor, mas não
elipsoidais como eram no anterior), na
grade e nas tomadas de ar inferiores. Os faróis prolongam-se mais nos
para-lamas e sua posição algo inclinada sugere um olhar agressivo,
embora mais de um tenha visto ali uma influência asiática. Ao contrário
do hatch, a grade superior é mais chamativa que a tomada de ar do
para-choque. Como um todo, a dianteira transmite imponência e a sensação
de um carro de categoria superior à do Palio — um claro objetivo que foi
acertado.
De lado, o Grand Siena consegue harmonia de linhas rara no segmento,
pois nada sugere se tratar de um "hatch com porta-malas" como tanto se
vê na categoria dos compactos. Foi mantida a característica bem atual da
linha de cintura que sobe rumo à traseira, enquanto a terceira janela
torna a última coluna estreita — medida que consideramos acertada, mas
vem sendo preterida por várias marcas em prol da sensação de solidez. De
traseira, alguma inspiração nos modelos da Alfa Romeo (como na última
fase do Siena) ainda pode ser notada nas lanternas, mas o resultado é
muito superior ao do modelo antigo em função do aumento de largura e das
proporções bem mais harmoniosas.
Tudo considerado, o trabalho conjunto dos centros de estilo brasileiro e
italiano trouxe ganho apreciável que faz do Grand Siena um dos carros
mais atraentes da classe, ainda mais se comparado aos oponentes da GM e
da Nissan (em terra de cego...). Em relação ao antigo, todas as
dimensões aumentaram: 134 milímetros em comprimento, 61 mm em largura,
53 mm em altura e 137 mm em entre-eixos. A Fiat informa ligeira melhora
no coeficiente aerodinâmico (Cx), de 0,33
para 0,32.
As diferenças para o Palio tornam-se escassas no interior, o que não
chega a ser demérito, pois o do novo hatch havia agradado. A maior
novidade está na seção central do painel, em que os dois difusores de ar
circulares dão lugar a quatro retangulares. Dois deles apontam para a
região superior da cabine e podem ser fechados de modo independente dos
inferiores: com isso, a refrigeração se tornou bem mais homogênea e
melhorou bastante para quem viaja atrás — foi como se a Fiat respondesse
em dobro a uma crítica que fizemos durante toda a produção dos antigos
Palios e Siena.
Outras alterações afetaram o aspecto de materiais, como a faixa que
atravessa o painel (no Essence ela imita uma madeira escura, como no
Ford Focus Ghia de alguns anos atrás), a região dos difusores de ar (em
um bonito tom de bronze na mesma versão) e o revestimento dos bancos. O
efeito desses trabalhos é bom, mas não esconde o uso de plásticos duros
e a simplicidade do acabamento geral. Volante, bancos, painéis de porta
e quadro de instrumentos permanecem os do Palio.
As medidas externas maiores refletiram-se em interior mais espaçoso, com
aumento bem percebido em largura e na acomodação das pernas de quem vai
atrás, passageiros que ainda dispõem de altura adequada para quem tem
até 1,75 metro. Mas não se engane: o Grand Siena está longe de se
destacar nesse aspecto e continua um carro compacto, incapaz de dar o
mesmo conforto de alguns oponentes a três adultos no banco traseiro.
Grand, mas nem tanto...
Lá atrás, o porta-malas aumentou de 500 para 520 litros — um dos maiores
do mercado entre sedãs de qualquer tamanho, mesmo mantendo as dobradiças
do tipo "pescoço de ganso". O estepe, que vem por dentro, tem 15 pol
como medida máxima; por isso, impõe limitação de velocidade a 80 km/h e
não serve para reposição no caso do Essence, o que poderia ser revisto
pela fábrica.
Menos Palio também por baixo
Em termos de mecânica, o Grand Siena reprisa os motores do anterior, com
pequenas modificações apenas para o de 1,4 litro. Ele passa à série Evo,
já em uso no Uno e no Palio, com novidades como a
variação do tempo de abertura das válvulas
de admissão. No caso do Tetrafuel, evoluções no sistema de
alimentação com gás natural permitiram ganhar potência e torque quando
esse combustível é usado: de 68 para 75 cv e de 10,4 para 10,7 m.kgf.
Com gasolina ou álcool, os índices são os mesmos do Attractive (também
não mudam entre a gasolina brasileira e a sem álcool). Já o Essence
preserva intocado o E-Torq de 1,6 litro.
Falamos acima que a Fiat trabalhou no comportamento dinâmico. De fato, o
antigo Siena estava abaixo da média da classe em estabilidade, por
limitações do projeto de 1996 (Palio), pouco alterado quando o
porta-malas foi estendido para fazer o sedã. No Grand Siena, além do
maior entre-eixos (que ajuda nas curvas de alta e para conter as
oscilações longitudinais), a fábrica foi além.
A
nova estrutura, que usa aços de diferentes resistências, aumentou a
rigidez contra torção e permitiu manter um peso próximo ao do anterior,
apesar das maiores dimensões. A suspensão dianteira é a do novo Palio,
apenas com novas definições de molas e amortecedores.
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