

Apesar dos deslizes
corrigíveis, um carro esporte com desempenho e estabilidade à altura, a
um preço bem menor que o dos importados
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> O Lobini usa
chassi tubular de aço carbono, "vestido" pela carroceria de
plástico reforçado com fibra-de-vidro. Trata-se de esquema
bastante usado por modelos de produção reduzida, em que não se
justifica o elevado investimento em ferramental para produção da
carroceria em chapas de aço. |
> O motor fornecido
pela Volkswagen, que o utiliza no Golf GTI, tem duplo comando,
cinco válvulas por cilindro (três para admissão e duas para
escapamento), turbocompressor e resfriador de ar. A pressão de
superalimentação, controlada pela central eletrônica do motor,
tem valor máximo de 0,7 bar. Apesar da boa
potência específica de 101 cv/l,
o torque máximo de 24 m.kgf pode ser mantido constante desde
1.950 até 4.700 rpm. |
> No Golf o comando
de câmbio é a cabo, mas no H1 esse sistema não tinha o
comprimento necessário para atuar a caixa na parte
central-traseira. Assim, foi desenvolvido um sistema misto, com
varão na seção central do carro e os cabos só na parte traseira.
Embora os engates sejam precisos, o câmbio não ficou tão bom
quanto o do carro doador. |
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MOTOR -
central-traseiro, transversal,
4 cilindros em linha; bloco de ferro fundido,
cabeçote de alumínio; duplo comando no cabeçote, 5 válvulas por cilindro
(3 de admissão, 2 de escapamento). Diâmetro e curso: 81 x 86,4 mm. Cilindrada: 1.781
cm3. Taxa de compressão: 9,5:1. Potência máxima: 180 cv a
5.500 rpm. Torque máximo: 24 m.kgf de 1.950 a 4.700 rpm. Injeção multiponto seqüencial;
turbocompressor; resfriador de ar.
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CÂMBIO
- manual, 5 marchas; tração traseira. Relações: 1ª) 3,30; 2ª)
1,94; 3ª) 1,31; 4ª) 1,03; 5ª) 0,84; diferencial, 3,647.
Velocidade por 1.000 rpm (em km/h): 1ª) 10; 2ª) 17; 3ª) 25; 4ª)
32; 5ª) 39. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado, 288 mm ø;
traseiros a disco, 252 mm ø. |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica;
diâmetro de giro, ND. |
SUSPENSÃO
- dianteira e traseira, independente, braços sobrepostos, molas
helicoidais, estabilizador. |
RODAS
- 7 x 17 pol; pneus dianteiros, 205/45 R 17; traseiros, 225/45 R
17. |
DIMENSÕES
- comprimento, 3,72 m; largura, 1,80 m; altura, 1,18 m; entreeixos,
2,40 m; bitola dianteira, 1,45
m; bitola traseira, 1,55 m; coeficiente aerodinâmico (Cx), 0,39; capacidade do tanque, 58 l; porta-malas,
ND; peso, 1.030 kg. |
CARRO AVALIADO - Ano-modelo, 2007;
pneus, Pirelli PZero Assimetrico. |
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A
suspensão independente nas quatro rodas, formada por
braços triangulares sobrepostos, usa
amortecedores desenvolvidos para o H1 e foi alvo de muito estudo por
parte da Lobini, que até mandou um carro para a Lotus inglesa para o
acerto de suspensão. O resultado foi muito bom. É claro que a calibração
firme, típica de esportivo, transmite as irregularidades da via, mas é
algo que só incomoda em baixas velocidades. Quando se passa a andar mais
rápido a suspensão trabalha muito bem e copia o piso, comunicando ao
motorista o que acontece com as rodas, sem desconforto excessivo. O
carro demonstrou estabilidade exemplar ao contornar os mais variados
tipos de curva, com ou sem ondulações.
Havia expectativa por um comportamento arisco, tanto pela posição
central do motor, que reduz o momento polar
de inércia, quanto pela distribuição de peso de 41% na dianteira e
59% na traseira. Mas essa impressão se desfez: o carro é muito prazeroso
e pode ser dirigido com empenho sem maiores riscos. A reação normal em
curvas é levemente subesterçante,
passando a sobresterço apenas quando se
aplica muita potência. Mérito da suspensão bem acertada e, claro, dos
pneus Pirelli PZero Assimetrico italianos de 17 pol, que na dianteira
têm a medida 205/45 e na traseira 225/45.
A direção tem um inconveniente: transmite muito as irregularidades do
piso. De resto, porém, o sistema rápido (2,5 voltas entre batentes) e
preciso permite ao motorista colocar o carro onde ele quer.
Habituando-se a essa sensibilidade, andar com o Lobini H1 é pura
diversão. A potência e o ronco convidam a sair dos sinais de trânsito
como se fossem largadas de grande prêmio, esticando as marchas até a
rotação máxima de 7.000 rpm — embora a maior potência apareça bem mais
cedo, a 5.500. A aproximação de curvas em alta velocidade, com o motor
cheio, é ainda mais agradável. Os engates do câmbio são bons, mas em
comparação com o Golf perdem um pouco em precisão por uma razão técnica
(leia ao lado).
Em estradas retas, viajar com o H1 é tranqüilo e comprova o acerto na
escolha do motor e câmbio. Em quinta marcha parece que se está
conduzindo um carro com câmbio automático, tamanha a elasticidade que o
motor obtém com o turbo. A 120 km/h o motor gira a cerca de 3.000 rpm e,
se for necessário aumentar a velocidade, basta pressionar o acelerador
para ganhá-la rapidamente. Não resta dúvida de que um motor de
aspiração natural com potência similar
perderia nesse aspecto, mesmo que trabalhar em rotação mais alta
estivesse dentro da proposta do modelo.
Embora a fábrica afirme que sua aerodinâmica foi estudada em túnel de
vento, o H1 tem Cx elevado (0,39) e um
inconveniente em velocidades mais altas: mesmo com teto fechado, o ruído
de vento a partir de 140 km/h incomoda muito. No restante, porém, o
carro exibe comportamento seguro e eficiente. E os freios, que não
trazem sistema antitravamento (ABS), usam quatro discos de bom tamanho
que proporcionam frenagens seguras, com fácil modulação graças à correta
calibração do servo-freio.
Tudo somado, o Lobini H1 é um carro puramente esportivo e muito
interessante. Tem potência, peso, sensações ao volante, comportamento e
reações de um típico carro esporte. O preço sugerido começa em R$ 160
mil e varia conforme os inúmeros opcionais, como
sensores de estacionamento, navegador
por GPS, toca-DVDs, faróis com lâmpadas de
xenônio e controlador de velocidade.
Concorrentes? Nenhum direto. Nessa faixa de preço há opções variadas
como Audi A3 Sportback (2,0 turbo, 200
cv, R$ 138,6 mil) e BMW 120i Top (2,0, 150 cv, R$ 143 mil), que têm mais
prestígio e conforto, mas são hatches e não carros esporte. O Mitsubishi
Eclipse GT V6 (3,8, 260 cv, R$ 163 mil) talvez seja o maior adversário. O
conversível Peugeot 307 CC (2,0, 143 cv, R$ 126,6 mil) está longe em
desempenho. Esportivos importados custam mais, caso do Nissan 350Z (3,5,
280 cv, R$ 215,8 mil), do Mercedes-Benz
SLK 200 K (1,8, 163 cv, R$ 218 mil) e do Porsche Boxster (2,7, 240
cv, cerca de R$ 260 mil).
Tanto quanto conhecer o carro, agrada ver que por trás dele existe uma
fábrica bem estruturada. Fica a impressão de que está sendo construído
no Brasil um esportivo de verdade, não apenas mais um carro com ar
imponente e sem a alma necessária a essa categoria. O H1 ainda carece de
acertos, mas no geral corresponde ao que se espera dele. E tem o sabor
de se responder aos que perguntam — e não são poucos — que sua
procedência é brasileira, motivo de orgulho para qualquer um. |