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No interior do Escapade, o visual conhecido da linha 207, instrumentos com fundo claro e bancos envolventes com o nome da versão no encosto

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A versão XR, que deve ser a mais vendida, mostra estilo mais discreto e traz conteúdo adequado, mas poderia receber opção do motor 1,6 16V

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Foto: Geraldo Tite Simões
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Aributos como o espaço suficiente para motos médias e o degrau que extrai ar da cabine fazem esperar uma boa aceitação do picape Peugeot

O interior não traz surpresas aos habituados a essa família da Peugeot, pois dela o Hoggar aproveita bancos (diferentes no Escapade, com apoios laterais mais pronunciados e revestimento exclusivo com o nome da versão nos encostos), portas, painel, volante e comandos. A posição de dirigir é confortável, embora um ajuste do volante em distância fosse oportuno, e o volante de três raios tem boa pega. A cabine é capaz de receber motoristas altos por meio de um teto alto e um banco baixo, mas de altura ajustável. A visibilidade é boa pelo vidro traseiro, corrediço em todas as versões, mas continua a inexplicável posição dos comandos elétricos de vidros no console (ficariam melhor nas portas) e há pequenos pênaltis de ergonomia, como a trava para levantar o encosto e acessar o porta-objetos: é difícil encaixar a mão e puxar a trava quando o encosto está alinhado com a coluna central. Para liberar o freio de estacionamento o motorista acaba batendo na alavanca de câmbio e o curso dos pedais, sobretudo do acelerador, é exagerado.

Caçamba medida e aprovada   Lá atrás, o Hoggar tem a maior capacidade volumétrica da categoria (1.151 litros) e, com a caixa de rodas reduzida graças à suspensão adotada (leia adiante), sobra espaço para levar motos médias — veja foto com uma Yamaha XTZ 250 Lander — e até um quadriciclo. Se faltar comprimento, a tampa pode ser retirada facilmente, como permite a legislação; proibido é rodar com a tampa aberta, pois oculta a placa de licença. Como as fábricas adotam o sistema volumétrico para medir a caçamba, quem avalia as dimensões para a decisão de compra pode se iludir. Afinal, para o fabricante aumentar a capacidade de uma caçamba, basta elevar excessivamente a linha da cintura (como foi feito no Montana) e isso se traduz em muitos litros a mais. No entanto, como não se transportam líquidos num picape, essa medição serve apenas como ferramenta de marketing. Acreditamos ser mais honesto usar o sistema métrico tradicional e por isso fomos com a trena medir a caçamba com o protetor plástico aplicado. As medidas internas são: comprimento, 1,677 m; largura, 1,332 m; distância entre as caixas de roda, 1,19 m; diagonal, 2,082 m; e altura, 53,5 cm. Esse último dado mostra uma escolha bem feita pela fábrica, que não dificulta a visão traseira. No comprimento, a caçamba do Hoggar é 2 cm menor que a do Courier, a maior da categoria. As medidas podem ganhar alguns milímetros sem protetor.

Como Montana e Saveiro, o picape Peugeot tem um degrau nas laterais da caçamba para facilitar a acomodação e amarração de cargas. Os projetistas fizeram do limão uma limonada das boas. Esse “buraco” na lateral, assim como qualquer protuberância, torna-se um agente complicador na aerodinâmica. No caso do degrau, produz-se uma baixa pressão que foi aproveitada para “chupar” o ar da cabine. Essa solução, patenteada pela fábrica, aumenta a renovação de ar. Há também apoios no para-choque traseiro e um total de 10 ganchos dentro e fora da caçamba. O estepe fica localizado sob a caçamba e sua liberação, por um parafuso, requer afastar uma peça metálica que fica travada quando a tampa da caçamba está fechada, afastando o risco de furto do pneu.

Para chegar à plataforma do picape a Peugeot associou a parte frontal dos automóveis 207 à seção traseira do furgão Partner, alongada em 30 centímetros, apropriada para maior capacidade de carga. Daí resultou a distância entre eixos de 2,74 metros, semelhante à dos concorrentes Strada, Montana, Saveiro e Courier. A combinação permitiu obter a caçamba com maior volume da categoria e também a maior capacidade de carga da classe, 742 kg na versão X-Line — curiosamente na XR já cai para 660 kg, embora o peso do veículo aumente só 14 kg de um acabamento para outro. O uso de componentes do Partner também deu ao Hoggar uma peculiaridade no segmento.

É o primeiro picape leve no mercado com suspensão traseira independente em mais de 15 anos (antes dele, apenas o Fiat 147 Pickup/City e o Fiorino da linha Uno no modelo até 1994, quando houve aumento de entre-eixos e mudança na suspensão). A concorrência divide-se entre o tradicional eixo rígido com molas parabólicas, no Courier e no Strada, e o conceito típico de automóvel com eixo de torção e molas helicoidais, no Montana e no Saveiro. O Hoggar é todo diferente: as rodas independentes estão ligadas a braços arrastados e o elemento elástico são barras de torção transversais, enquanto os amortecedores vêm inclinados em posição próxima da horizontal. Esse arranjo de suspensão traseira, que já foi muito comum na indústria francesa e também equipa a linha 207, tem a vantagem de ser compacto (menor interferência no compartimento de carga) e, claro, de permitir plena independência entre as rodas, o que os demais não conseguem. Uma pequena desvantagem é ser preciso fazer alinhamento periódico de rodas, o que os esquemas dos adversários dispensam. Na suspensão dianteira o sistema McPherson foi mantido com recalibração de molas e amortecedores, estes dotados de batente hidráulico.

Os motores são os conhecidos da linha Peugeot-Citroën: de 1,4 litro com duas válvulas por cilindro e potência de 80 cv com gasolina e 82 cv com álcool (X-Line e XR) e de 1,6 com quatro válvulas e 110/113 cv (Escapade), ambos flexíveis. São unidades de projeto ainda atual e bem inseridas na categoria, com alguma ressalva à potência da 1,4, a mais baixa da classe (está próxima apenas à do Strada de mesma cilindrada, 85/86 cv). Oferecer o 1,6 16V como opção no XR seria uma boa medida, já que nem todo comprador interessado em melhor desempenho deseja a decoração mais chamativa — e pode ou quer pagar o preço — do Escapade. No restante a mecânica dos 207 foi mantida, com detalhes como as três medidas disponíveis de pneus (o modelo é Pirelli Chrono no X-Line e Scorpion ATR do mesmo fabricante no XR e no Escapade), os dois compensadores de freios na traseira (que aumentam a pressão de frenagens sobre aquelas rodas à medida em que há mais carga) e o uso de freios a disco não ventilados nas rodas dianteiras da versão 1,4, medida de economia que deveria ser repensada em um veículo apto a transportar cargas pesadas. Continua

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Pouco mais simples por dentro que o Escapade, o Hoggar XR traz boas acelerações com os 80/82 cv, mas sente-se falta de torque nas retomadas

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