O alongamento da cabine
obteve ótimo efeito visual, exceto pela peça plástica abaixo da nova
janela lateral, que cobre a emenda de chapas
Igual ao Strada conhecido na
frente, o Cabine Dupla ganha dois lugares relativamente confortáveis; o
teto solar sem forro deveria ser revisto |
A Fiat costuma ser, dos fabricantes instalados no Brasil, o mais ágil em
responder aos anseios do mercado. No entanto, desta vez o consumidor
surpreendeu os próprios italianos, que viram uma oportunidade surgir em
função de uma inovação da mesma marca anos atrás.
Quando foi lançado o Strada Cabine Estendida, há 10 anos, a Fiat inovou
no segmento dos picapes compactos ao eliminar uma parte da caçamba e
oferecer em troca um espaço interno maior, que permitia, além de mais
conforto na regulagem dos bancos, a possibilidade de levar objetos que
seriam de difícil acomodação em um modelo de cabine simples. O
resultado, como se sabe, foi o grande sucesso dessa versão. Só
que estamos no Brasil e uma coisa que o brasileiro tem é capacidade de
adaptação... Como a Fiat deu o limão ao público brasileiro, a limonada
foi feita.
Diversas adaptações surgiram em cima do Strada com cabine estendida,
como a instalação de um banco no espaço traseiro, conferindo precárias
acomodações a eventuais passageiros. A Fiat percebeu que teria ali um
nicho de mercado a ser explorado e começou a desenvolver o carro lançado
agora. O Strada Cabine Dupla — por enquanto disponível apenas na versão
Adventure de 1,8 litro — advém da identificação de uma lacuna no mercado
que, uma vez preenchida, poderia colocar a marca de Betim, MG em nova
posição de destaque na categoria com uma opção exclusiva e sem
concorrentes.
Para que isso acontecesse, a Fiat manteve a plataforma do Strada com
entre-eixos e comprimento iguais, contendo os custos de desenvolvimento
e produção. Com isso, o que se ganha no habitáculo, perde-se na caçamba
— mas isso não parece ser um problema. Com a cabine 25 centímetros mais
longa que a estendida e 55 cm maior que a simples, o Cabine Dupla mantém
uma pequena caçamba com uma área de 1,4 m² e capacidade de 580 litros
até a borda, redução de 30% sobre os 830 da versão estendida. A
capacidade de carga é pouco inferior, 650 kg, ao passo que a versão
estendida leva 685 kg e a simples 705 kg. A vantagem de ter a caçamba,
frente a uma perua — como a Palio Adventure —, é a altura e o vão livre
do compartimento. Sem a roda dianteira e com a traseira apoiada na
tampa, duas bicicletas podem ser colocadas ali. E a tampa tem fácil
remoção para qualquer eventualidade.
O banco traseiro oferece conforto até que surpreendente. Com largura de
1,25 metro ao nível dos ombros, é capaz de levar somente duas pessoas,
sendo bem complicado instalar um terceiro ocupante — por isso só foram
previstos dois cintos, do tipo retrátil de três pontos, o que configura
o novo Strada como veículo de quatro lugares. O espaço para as pernas
não é um exemplo, nem faz lembrar a boa acomodação que sempre foi uma
marca registrada dos Fiats. No entanto, a altura do banco traseiro em
relação ao solo é perfeita, não deixando os passageiros com os joelhos
dobrados em posição desconfortável, e ainda sobra um bom espaço para a
cabeça.
A distância para os bancos dianteiros, mesmo regulados para um motorista
com 1,75 m de altura, não é pior que a encontrada em picapes maiores
como S10 e L200. A inclinação do encosto não causa desconforto em
trajetos curtos, podendo incomodar um pouco em viagens mais longas.
Importante notar que sentar no banco traseiro não transmite uma sensação
claustrofóbica, pois o banco está bem colocado e as janelas fornecem boa
visibilidade. Apenas o acesso a ele é algo desconfortável, pois só há
duas portas (as do Palio de três portas, como em todo Strada), mas os
assentos dianteiros se dobram junto do encosto para aumentar o vão livre
e, quando voltam ao lugar, reassumem a regulagem anterior.
O teto solar que já equipava como opcional o picape de cabine estendida
continua disponível, agora com uma ressalva: por não ter forro, resulta
em incômoda incidência de sol sobre os passageiros do banco traseiro,
espaço onde na outra versão só se colocavam bagagens. Com um
investimento pouco maior, a Fiat poderia ter adotado um teto solar como
os de automóveis, com vão de abertura mais à frente, sistema corrediço e
forro interno. O próprio mecanismo de abertura do teto, que o faz
levantar por um botão giratório um tanto pesado (não é possível fazê-lo
correr para trás), não é conveniente de usar.
Continua |