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O Toyota Hilux SW4 concilia potência com suavidade, mérito do bem
acertado motor V6 a gasolina, mas o preço é difícil de justificar

Texto e fotos: Roberto Agresti

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Com a frente renovada no modelo 2009, o desenho do Hilux SW4 ainda mostra atualidade; as rodas de 17 pol usam pneus de perfil alto, 265/65

O Toyota Hilux SW4 V6 é o representante mais potente de sua família, dotado de um motor V6 de 4,0 litros com a musculosa potência de 238 cv e o torque de 38,3 m.kgf, ante os 158 cv e 24,5 kgf.m da versão com motor 2,7 de quatro cilindros a gasolina e os 163 cv e 34,3 m.kgf do 3,0 turbodiesel, também quatro-em-linha. Todos eles pertencem à casta dos utilitários esporte — SUVs na sigla em inglês —, tão prestigiada pelos brasileiros atualmente. Ao cabo de uma semana e pouco mais de 1.000 quilômetros percorridos em condições variadas, o que percebemos é que o SW4 V6, como bom Toyota que é, tem muito de utilitário e bem pouco de esportivo.

A história da empresa japonesa entre nós tem no icônico jipe Bandeirante seu maior símbolo, disseminador de um DNA que, acredite, se encontra às pencas nesse SW4 — apesar do elegante interior revestido de couro bege, da maciez das suspensões e do silêncio em ordem de marcha que nem de longe remetem ao extinto, mas ainda inesquecível, jipe lançado em 1958 ainda sob o nome Land Cruiser. Ainda que requintado, a faceta utilitária do SW4 V6 — elo entre ele e o Bandeirante — reside no fato de que não é necessário pensar um segundo sequer se a estrada boa acabar, virando um lamaçal. Basta ter em mente que os pneus são muito mais afeitos ao asfalto que à lama e conduzir o SW4 com atenção, mas a hipótese de faltar competência no fora-de-estrada está descartada.

E, assim como o SW4 passa da rodovia para a trilha sem perder a pose, ele volta para o asfalto impassível para mostrar aqueles músculos citados no primeiro parágrafo. Os bons cavalos reagem de maneira controlada ao comando do acelerador, sob gestão de uma impecável caixa automática de cinco marchas acoplada a uma tração integral permanente que envia a dose exata de força a cada uma das rodas. O grande cúmplice desse comportamento civilizado é o diferencial central do tipo Torsen, que reparte a força enviada pela caixa entre os eixos dianteiro e traseiro de acordo com a necessidade sem que o motorista perceba as mudanças. O resultado é surpreendente, ainda mais para quem dirigiu um Bandeirante por estradas de todo tipo, reverenciando a competência do antiquado "tratorzinho" nas dificuldades, mas imprecando contra seu ruído, rigidez e desconforto típicos da rústica lenda sobre rodas.

No SW4 desconforto não é um item de série — nem esportividade. Apesar do fôlego do V6, o Hilux definitivamente não é um SUV com vocação de esportivo. A resposta do motor até empolga e a aceleração faz colar as costas no banco. Levá-lo acima das velocidades regulamentares em rodovia é algo fácil. Difícil é fazer aquela massa de mais de duas toneladas digerir comandos ousados, que podem ter efeitos desastrosos tendo em vista o SW4 não trazer controle eletrônico de estabilidade, item cada vez mais comum no segmento. Claro que há sistema antitravamento (ABS) nos freios que, como cabe a veículos desta natureza, não têm uma atuação brusca. Todavia, a frenagem se mostrou um tanto "longa", exigindo uma energia que não pode ser o padrão no SW4. Lição número um na condução é, portanto, suavidade ao volante. Lembrar sempre que o veículo é pesado, alto (1,85 metro) e longo (4,7 m) e que o "S" de SUV — Sport Utility Vehicle — não deve ser levado ao pé da letra. É um esporte no sentido de informal, de voltado ao lazer, como uma roupa esporte. Jamais de esportivo.

Após galgada a significativa altura que separa o solo do plano dos assentos (felizmente há um estribo para auxiliar na tarefa de subir a bordo), o que se encontra é agradável. Revestimento padrão é o couro bege, que cativa a visão e o toque, apesar da preferência nacional por tons mais escuros — e quentes — no interior. Assumindo o posto de controle, causa decepção a ausência de regulagem de distância no volante, assim como a pouca amplitude da regulagem de altura. O banco do motorista oferece ajustes elétricos para encosto e assento, mas o posicionamento não alcança o ideal quanto à ergonomia. Os comandos seguem o padrão da marca, caso do controlador de velocidade numa alavanca solidária ao volante. Nas laterais deste estão também os comandos de áudio (rádio/toca-CDs para seis discos com leitura de MP3, mas sem entrada USB ou outra mídia qualquer) e do computador de bordo, cuja localização do visor, no centro do painel, e legibilidade merecem melhorar. Continua

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Data de publicação: 11/5/10

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