Com a frente renovada no
modelo 2009, o desenho do Hilux SW4 ainda mostra atualidade; as rodas de
17 pol usam pneus de perfil alto, 265/65 |
O Toyota Hilux SW4 V6 é o representante mais potente de sua família,
dotado de um motor V6 de 4,0 litros com a musculosa potência de 238 cv e
o torque de 38,3 m.kgf, ante os 158 cv e 24,5 kgf.m da versão com motor
2,7 de quatro cilindros a gasolina e os 163 cv e 34,3 m.kgf do 3,0
turbodiesel, também quatro-em-linha. Todos eles pertencem à casta dos
utilitários esporte — SUVs na sigla em inglês —, tão prestigiada pelos
brasileiros atualmente. Ao cabo de uma semana e pouco mais de 1.000
quilômetros percorridos em condições variadas, o que percebemos é que o
SW4 V6, como bom Toyota que é, tem muito de utilitário e bem pouco de
esportivo.
A história da empresa japonesa entre nós tem no icônico jipe
Bandeirante seu maior símbolo,
disseminador de um DNA que, acredite, se encontra às pencas nesse SW4 —
apesar do elegante interior revestido de couro bege, da maciez das
suspensões e do silêncio em ordem de marcha que nem de longe remetem ao
extinto, mas ainda inesquecível, jipe lançado em 1958 ainda sob o nome
Land Cruiser. Ainda que requintado, a faceta utilitária do SW4 V6 — elo
entre ele e o Bandeirante — reside no fato de que não é necessário
pensar um segundo sequer se a estrada boa acabar, virando um lamaçal.
Basta ter em mente que os pneus são muito mais afeitos ao asfalto que à
lama e conduzir o SW4 com atenção, mas a hipótese de faltar competência
no fora-de-estrada está descartada.
E, assim como o SW4 passa da rodovia para a trilha sem perder a pose,
ele volta para o asfalto impassível para mostrar aqueles músculos
citados no primeiro parágrafo. Os bons cavalos reagem de maneira
controlada ao comando do acelerador, sob gestão de uma impecável caixa
automática de cinco marchas acoplada a uma tração integral permanente
que envia a dose exata de força a cada uma das rodas. O grande cúmplice
desse comportamento civilizado é o diferencial central do tipo Torsen,
que reparte a força enviada pela caixa entre os eixos dianteiro e
traseiro de acordo com a necessidade sem que o motorista perceba as
mudanças. O resultado é surpreendente, ainda mais para quem dirigiu um
Bandeirante por estradas de todo tipo, reverenciando a competência do
antiquado "tratorzinho" nas dificuldades, mas imprecando contra seu
ruído, rigidez e desconforto típicos da rústica lenda sobre rodas.
No SW4 desconforto não é um item de série — nem esportividade. Apesar do
fôlego do V6, o Hilux definitivamente não é um SUV com vocação de
esportivo. A resposta do motor até empolga e a aceleração faz colar as
costas no banco. Levá-lo acima das velocidades regulamentares em rodovia
é algo fácil. Difícil é fazer aquela massa de mais de duas toneladas
digerir comandos ousados, que podem ter efeitos desastrosos tendo em
vista o SW4 não trazer controle eletrônico de
estabilidade, item cada vez mais comum no segmento. Claro que há
sistema antitravamento (ABS) nos freios que, como cabe a veículos desta
natureza, não têm uma atuação brusca. Todavia, a frenagem se mostrou um
tanto "longa", exigindo uma energia que não pode ser o padrão no SW4.
Lição número um na condução é, portanto, suavidade ao volante. Lembrar
sempre que o veículo é pesado, alto (1,85 metro) e longo (4,7 m) e que o
"S" de SUV — Sport Utility Vehicle — não deve ser levado ao pé da letra.
É um esporte no sentido de informal, de voltado ao lazer, como uma roupa
esporte. Jamais de esportivo.
Após galgada a significativa altura que separa o solo do plano dos
assentos (felizmente há um estribo para auxiliar na tarefa de subir a
bordo), o que se encontra é agradável. Revestimento padrão é o couro
bege, que cativa a visão e o toque, apesar da preferência nacional por
tons mais escuros — e quentes — no interior. Assumindo o posto de
controle, causa decepção a ausência de regulagem de distância no
volante, assim como a pouca amplitude da regulagem de altura. O banco do
motorista oferece ajustes elétricos para encosto e assento, mas o
posicionamento não alcança o ideal quanto à ergonomia. Os comandos
seguem o padrão da marca, caso do
controlador de velocidade numa alavanca solidária ao volante. Nas
laterais deste estão também os comandos de áudio (rádio/toca-CDs para
seis discos com leitura de MP3, mas sem entrada USB ou outra mídia
qualquer) e do computador de bordo, cuja localização do visor, no centro
do painel, e legibilidade merecem melhorar.
Continua |