Bons ângulos de entrada e saída
fazem diferença em certas situações; a tração pode ter o diferencial
central bloqueado para repartição 50:50
Quando a brincadeira acaba, o
Hilux volta à rodovia para dar vazão aos 238 cv do motor V6 de 4,0
litros, que tem variador de tempo de válvulas |
Mas se no cardápio de tarefas houver estrada de terra, sítio ou fazenda,
viagens de aventura ou transporte de volumes grandes e/ou pesados — como
reboque do que for, de barcos a trailers —, este Toyota pode mostrar sua
melhor faceta. Nesse tipo de condição de uso, o DNA do velho Bandeirante
salta à vista, pois o descendente distante SW4 é sólido e valente. Um
trator confortável, mas cujo poder e versatilidade é apenas entrevisto
em uso citadino. A escolha pela receita de chassi com carroceria enseja
um posicionamento dos órgãos mecânicos sob o carro que permite abusar de
terrenos ruins: motor, caixa de câmbio, diferencial, braços de suspensão
e sistema de escapamento estão localizados de maneira a garantir um
mínimo de contato com o solo. Vão livre inferior (22 cm), ângulos de
entrada (30°) e de saída (25°) são favoráveis a prática de um
fora-de-estrada digno do nome e a limitação, como já comentado, vem dos
pneus endereçados para um bom comportamento no asfalto liso ou estrada
de terra batida, mas que em terrenos soltos como areião ou lama mostram
sérios limites. Se equipado com pneus realmente apropriados, acreditamos
que o SW4 V6 surpreenderia por seus dotes, favorecido pelas suspensões
de amplo curso e pelo sistema de transmissão competente e pleno de
opções.
Mas a realidade indica que os clientes dispostos a desembolsar os R$ 149
mil sugeridos pela Toyota para a versão V6, feita na Argentina como todo
Hilux, não estão pensando em superar aclives íngremes de piso
escorregadio ou tampouco explorar rincões distantes. Símbolos de status,
vistosos e detentores da (falsa) fama de veículos mais seguros, SUVs
como este são destinados a serem os vetores das viagens de famílias para
sítios ou casas de praia. As qualidades procuradas nesse caso são a
possibilidade de levar mais que os cinco passageiros habituais, o
empolgante motor V6 responsável por vigoroso empurrão e o conforto
consequente das amplas dimensões externas
— fator
que, como dito, é meia verdade no SW4.
As suspensões de longo curso são adequadas ao fora-de-estrada, mas
também a cidades esburacadas e cheias de lombadas e valetas como São
Paulo. O SW4 V6 simplesmente ignora pisos ruins de qualquer calibre,
mérito das bem acertadas suspensões. A traseira, apesar de manter o
ultrapassado eixo rígido (mesmo utilitários com chassi separado vêm
usando sistemas independentes há tempos, caso do Ford Explorer desde
2002), recorre a molas helicoidais como a dianteira e mostra uma
calibração que a faz copiar muito bem as irregularidades, poupando os
passageiros de desconforto e mantendo os pneus em constante contato com
o piso. O SW4 é coerente para atender à proposta de carro familiar com
dotes de verdadeiro fora-de-estrada, motor potente e de tecnologia
evoluída (bloco de alumínio, bielas forjadas, o sistema de
variador do tempo de válvulas VVT-i),
transmissão em estado de arte e capacidade para sete pessoas. Um "arroz
com feijão" mais do que bem feito.
Todavia, faltam itens atualmente comuns em concorrentes mais baratos,
desde o travamento das portas em determinada velocidade até sensores
para acionar faróis e limpador de para-brisa. Mas pecado mesmo é a
inexistência de equipamentos de segurança como controle de estabilidade,
bolsas infláveis laterais e de cortina, sobretudo se considerado o
exagerado preço cobrado pela Toyota. Na mesma faixa de valor é possível
escolher utilitários bem mais equipados, como
Ford Edge (motor de 3,5 litros e 269 cv, R$ 129 mil), Hyundai Santa
Fe (3,5 litros, 280 cv, R$ 120 mil) e Subaru Tribeca (3,6 litros, 280
cv, R$ 160 mil), embora nenhum deles esteja tão apto a ir longe fora do
asfalto quanto o SW4. Esse padrão de sobrepreço — ainda mais em um
veículo argentino, que é trazido sem Imposto de Importação, ao contrário
dos importados citados — tem origem na fama de solidez da marca, que,
mesmo com os recentes problemas enfrentados nos Estados Unidos, continua
forte. E o Hilux SW4 V6 parece fazer jus à ascendência, ao legado do
mito Bandeirante, no que pese seu requinte técnico irrefutável. |
MOTOR
- longitudinal, 6 cilindros em V; duplo comando variável nos cabeçotes,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 94 x 95 mm.
Cilindrada: 3.956 cm3. Taxa de compressão: 10:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 238 cv a 5.200 rpm. Torque máximo:
38,3
m.kgf a 3.800 rpm. |
CÂMBIO
- automático, 5 marchas; tração integral. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a tambor; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica; diâmetro de
giro, 11,8 m. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente, braços sobrepostos; traseira, eixo
rígido. |
RODAS
- 7,5 x 17 pol; pneus, 265/65 R 17. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,695 m; largura, 1,84 m; altura, 1,85 m;
entre-eixos, 2,75 m; capacidade do tanque, 80 l; porta-malas, ND; peso, 1.920 kg. |
Dados do fabricante;
desempenho e consumo
não informados; ND = não disponível |
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