Produzida por 34 anos, a linha de sedãs e cupês mostrou
uma sutil esportividade e adotou soluções técnicas sofisticadas
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Em seus 80 anos de história, a japonesa Nissan é conhecida por automóveis de categorias bem diversas, de modelos acessíveis como o Cherry e o Bluebird a luxuosos como o President e esportivos como a série Z. Em algum ponto no meio desses segmentos, por nada menos que 34 anos, esteve um de seus carros com nome mais longevo: o Laurel.
Sua primeira geração (código C30) foi lançada em abril de 1968 para ocupar o segmento entre o Bluebird e o Cedric, com carroceria sedã de quatro portas, seguida dois anos depois pelo cupê hardtop sem coluna central. O estilo era típico da época, com quatro faróis circulares, grandes vidros e tampa do porta-malas à mesma altura do capô, que trazia os retrovisores conforme exigia a legislação japonesa. Com 4,30 metros de comprimento e 2,62 m de distância entre eixos, o Laurel tinha tração traseira e a mesma suspensão posterior independente por braço semiarrastado do Skyline, uma técnica sofisticada para seu tempo. Pesava 985 kg.
Iniciada com o sedã quatro-portas (em cima), a gama Laurel recebia em 1970
o cupê hardtop, oferecido também na versão 2000 GX, com motor de 125 cv
De início as versões DeLuxe e Super DeLuxe usavam motor de quatro cilindros e 1,8 litro com potência de 105 cv, mas uma unidade de 2,0 litros e 110 cv entrava no catálogo em 1970, mesmo ano em que o sedã adotava a linha de teto mais esportiva do cupê. A variação 2000 GX vinha com dois carburadores no motor de maior cilindrada, para 125 cv, e acessórios como teto revestido em vinil, faróis de neblina e rodas de alumínio para um ar jovial. O câmbio manual tinha quatro marchas, e o automático opcional, três.
Os ingleses definiram o modelo 1976 como “um desafiador japonês que oferece excelente valor pelo dinheiro, sobretudo pelo generoso equipamento”
O Laurel passava à segunda geração (C130) em abril de 1972 com expressivo crescimento: agora media 4,50 m com 2,67 m entre eixos e pesava 1.155 kg. Estava mais volumoso também na aparência, com para-lamas traseiros largos que renderam o apelido de Butaketsu (traseiro de porco). Os quatro faróis permaneciam, mas os vidros estavam menores; atrás, as lanternas do cupê vinham integradas ao para-choque como em alguns norte-americanos da época — inspiração notada, aliás, por todo o desenho no caso dessa versão. As rodas passavam de 13 para 14 pol.
As linhas volumosas da segunda geração demonstravam a inspiração em carros
norte-americanos; os motores de seis cilindros foram oferecidos com até 2,8 litros
Um motor de seis cilindros em linha e 2,0 litros, com 115 cv, estava disponível pela primeira vez ao lado dos 1,8 e 2,0 de quatro cilindros. Uma unidade de 2,6 litros e 140 cv aparecia no ano seguinte na versão 2600 SGL, sendo ampliada para 2,8 na linha 1976, que trazia também injeção eletrônica para o 2,0 de seis cilindros. Caixa manual de cinco marchas foi outro ineditismo dessa geração. Embora o cupê permanecesse com suspensão independente na traseira, o sedã havia adotado um eixo rígido, mais simples e barato.
Ao testar em 1976 a versão 2,0 de seis cilindros, vendida na Inglaterra sob a marca Datsun, a revista Autocar apontou-o como “um desafiador japonês que oferece excelente valor pelo dinheiro, sobretudo considerando o generoso equipamento de série. O desempenho compara-se bem ao dos rivais, com estabilidade segura, rodar abaixo da média e ruídos em alta velocidade. Boa caixa automática”.
O sedã hardtop (acima à direita) era novidade no terceiro Laurel, que oferecia
motor a diesel; o sedã (embaixo) mostra os faróis adotados para 1979
C230 era o código da terceira geração, revelada em janeiro de 1977 com medidas próximas às da anterior (4,52 m de comprimento e o mesmo entre-eixos), mas peso aumentado para 1.235 kg. As linhas vinham mais tradicionais, com grade dianteira de dois retângulos, para-choques cromados e maiores e largas colunas traseiras. Agora havia um sedã hardtop de quatro portas ao lado das opções habituais.
Um motor 1,8 de quatro cilindros ainda estava em oferta, mas não para as carrocerias hardtop, que usavam os seis-cilindros de 2,0 e 2,8 litros (este com 145 cv) ou um quatro-cilindros a diesel de 2,0 litros. As opções de câmbio eram as mesmas, acrescidas de um manual de três marchas com alavanca na coluna de direção para versões mais simples. Depois de uma edição comemorativa dos 10 anos de produção, que incluía rodas de alumínio, a Nissan adotava faróis retangulares (ainda quatro) na linha 1979 e adicionava um motor 2,4 de seis cilindros. Teto solar era um novo opcional no ano seguinte.
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