Evento sempre balizou ocasião para apresentações, mas neste ano indústrias correm para se antecipar
Mercado em queda instiga formas de provocar os consumidores. Vão desde os programas de fidelidade na compra, fórmulas de financiamento, reformatação dos veículos baixando preço, novidades em produto.
Realização do Salão do Automóvel sempre balizou ocasião para antecipar apresentação de modelias, e neste exercício, combinando mudanças de local para a mostra, e sua data de realização — 10 a 20 de novembro, para coincidir com o GP da Fórmula 1 —, indústrias correm para antecipar novidades.
Fiat exibirá novo Uno com novos motores 1,0 e 1,3 de três e quatro cilindros, base para os próximos anos. Mudou a frente do automóvel e incrementou o conteúdo para separá-lo do urbano Mobi. Em faze de pré-apresentação aos concessionários treinando argumentação para vendas, compara-o diretamente com o Chevrolet Onix, atualmente o mais vendido no país, mas prejudicado em eventual comparação entre motores.
O do Fiat, atualizado, inicia um caminho; o do GM, motor da década de 1970, já passou da época de encerrar o ciclo — como se diz no mercado, novo já é Placa Preta, expressão do ramo indicando ter mais de 30 anos. Comparação estática e dinâmica também é feita com o Ford Ka, de motor novo, mas de preço elevado e de menor conteúdo.
Mitsubishi, com nova picape L200 Triton Sport ao fim de setembro. Produto novo de chassis, motor e carroceria. Volkswagen, em processo de construção de fórmulas para conquistar vendas e deixar o incômodo terceiro lugar em vendas, avia novidades em esforço para reduzir preços pelo aplicar motores TSI, turbo e injeção direta, 1,0 e 1,4 litro. Setembro. Picape Amarok com frente reestilizada, motor V6 de 3,0 litros, diesel, 220 cv e 55 m.kgf de torque – será a mais poderosa do mercado, e conteúdo implementado, incluindo o assistente eletrônico para estacionar –, mas somente ao Salão.
Neste mês, entre 19 e 21, Ford exibirá retoques no Fusion. Fecha a dupla de efetivas novidades, ao lado da Triton, novidade da Jeep: o Compass, já descrito na Coluna. Maior e mais luxuoso ante o Renegade, com novidade na motorização. Além da versão superior, diesel 2,0, terá motor flexível de 2,0 litros, o Tigershark, também importado, atracado a transmissão mecânica ou automática. Sinaliza, tal opção deve chegar à picape Fiat Toro também no Salão do Automóvel. Quem compra estes veículos tem a pretensão de se achar — e aí a exigência de melhores respostas ao acelerador. Os 2 m.kgf adicionais em torque em muito auxiliam a complementação da imagem.
Roda a Roda
Coreanos – Porsche Cayenne, o utilitário esporte grande da marca alemã, sairá de fábrica com pneus coreanos, da Nexen Tire. Anuncia estabilidade inigualável. Marca está em marketing agressivo para conquistar fabricantes. Desconhecida no Brasil, última pesquisa de satisfação pela JD Powers mostrou-a em 4°. lugar.
Diferença – Ford iniciou vender o Mustang na Argentina. Automóvel bem formulado, mesclando conceitos mecânicos da Europa e EUA, está em consistente projeto de internacionalização. Custa US$ 95 mil. Aqui, operação local baixou a velocidade de planos e providências e o projeto Mustang está no fim da fila. Possivelmente daqui a dois anos, quando da primeira reestilização.
Situação – Hoje Ford local se dedica a equilibrar preços, lucros e participação no mercado. Tsunami de pessoas e jeitos. Trocou presidente, inverteu diretores, deu descontos para aumentar vendas.
Mais – Mercedes agregou o GLA, mais festivo da família, como novo produto em sua operação de montagem na fábrica de Iracemápolis, SP. Inova industrialmente ao permitir veículos com tração traseira, como o Classe C, e dianteira, caso do GLA, montados na mesma linha de produção. Ambos lideram nas vendas premium da marca.
Aniversário – Mercedes-Benz comemora 65 anos de produção na Argentina. Das instalações nas beiradas de Buenos Aires já saíram mais de meio milhão de veículos. De lá Brasil importa Sprinter e Vito.
Mais – Matriz Volkswagen comprou 1/6 das ações da norte-americana Navistar, dona da marca de caminhões International e da fábrica MWM de motores diesel existente no Brasil. Companhia passava por agruras com problemas de emissões de família de motores. Com a participação, VW fornecerá os motores – não se sabe se MAN ou Scania, marcas por ela controladas.
Duas rodas – Harley-Davidson plena em atrações nas famílias Sportster, Softail e CVO. Agregam atualizações em suspensão, controlador de velocidade, monitoramento da pressão dos pneus, luzes em LEDs. Mudanças determinadas pelos consumidores, ressalta Flávio Vilaça, gerente de marketing, produto e RP da empresa.
Dúvida – Juiz Renato Borelli da Justiça Federal em Brasília concedeu liminar sustando aplicação de multas a veículos transitando em estradas sem faróis acesos. Entendeu não haver a sinalização adequada, obrigatória por lei. Ministério das Cidades — onde, curiosamente, estão pendurados Contran e Denatran — avisa, recorrerá. Entende, a liminar não considera o bem coletivo e a segurança do trânsito. Será? Contribuinte desconfia das medidas ligadas ao trânsito, muitas com inafastável odor de dúvidas.
E? – Será para aumentar a segurança do trânsito ou apenas fomentar o faturamento oficial? País com passado em cintos de segurança sem obrigatoriedade de uso; de estojos de primeiros socorros de uso cancelado; de troca de extintores igualmente sustada após prazo final para compra; de nunca implantada inspeção de segurança veicular, não navega no mar da credibilidade. Ao contrário. Segurança é conceito incontroverso, mas honestidade do estado com o cidadão, também.
Brinde – Quem comprar seguros para automóveis BMW e Mini e motos BMW, leva presentinho. Nos automóveis, miniatura 1:18 do veículo segurado. Nas motos, R$ 400 para aquisição de roupas da marca. Seguro inclui vidros e faróis de xenônio ou LED, lanternas e retrovisores. É pouco.
Utilidade – Para lembrar: em caso de Perda Total de veículo, a seguradora é obrigada a devolver o saldo entre o valor pago e os dozeavos calculados entre a data do evento de perda e o fim do período segurado.
Elétrico – Aderindo a projeto da Universidade Federal de Santa Catarina, para viabilização de ônibus elétrico, fabricante de ônibus Marcopolo diz ter capacidade industrial para produzi-lo. Coletivo tem 37 lugares, ar condicionado, wi-fi, pontos USB e autonomia de 200 km com 4 cargas de 6 minutos. Financiamento pelo Ministério da Tecnologia e junção de conhecimentos por empresas interessadas em viabilizá-lo: Eletra, Marcopolo, chassis Mercedes-Benz e WEG.
Nobreza – Contrariando conceito de ver motores como coisas de ferro bruto, FPT está agregando materiais nobres em seus produtos. Aplica DLC – carbono quase tão duro quanto diamante, ligas de titânio e de silício molibdênio. Busca reduzir peso nas massas internas, ganhar melhor operação e durabilidade.
Cautela – Editora Escala com novo produto na praça: A História Carros. Nada das confiáveis edições sobre modelos nacionais e suas características, mas inexata história do automóvel em fatos e cronologia. Diz, primeiro carro de Henry Ford como sendo a vapor – era a gasolina; Karl Benz e Gottlieb Daimler decidiram juntar as companhias em 1926 — Daimler faleceu em 1900 —, por aí.
Negócio – Quem gosta de Fórmula 1 sabe, não é esporte, mas simplesmente negócio — grande. E o detentor dos poderes de fazer e desfazer, incluir e abduzir provas, é o inglês Bernie Ecclestone, 85, controlador da empresa CVC, dona dos direitos de organização e transmissão dos Grande Prêmios. Cifras e condições em desconhecida exatidão, mas crê-se, o norte-americano John Malone, controlador da Liberty Media, teria oferecido US$ 8,5 bilhões (uns R$ 26 bilhões) pelas ações – ou parte – delas, e o concurso de Ecclestone – por prazo inexato – para administrar e redesenhar as regras de participação na categoria.
História – Governo de Maurício Macri, na Argentina, vai restaurar o Cadillac conversível de 1955, presente da General Motors ao Tenente General Juan Domingo Peron num dos seus exercícios de Presidente da República. Automóvel integra a frota histórica do Museu da Casa Rosada – o palácio presidencial. Usado em festividades oficiais, em 60 anos rodou apenas 15 mil quilômetros. Frota inclui outro, de 1973. Macri não conseguiu ir à posse neles, daí a decisão de tê-los operacionais.
Experiência – Embaixador argentino no Brasil poderia consultar os mecânicos do Palácio do Planalto, mantenedores de seu Rolls-Royce 1953 Formal Cabriolet sempre em ótimas condições.
Data – 67ª edição do Pebble Beach Concours d’Élegance em 2017 já tem data: terceiro domingo de agosto, dia 20. Marcas homenageadas, Isotta Fraschini, Lincoln, em centenário, carros de sonho dos anos ’60. Antes, múltiplos exemplos de colecionismo, capazes de rotular o período como Semana Santa.
Gente – Paris Pavlou, australiano, 45, engenheiro mecânico e de manufatura, promoção. Novo presidente da GM para Argentina, Uruguai e Paraguai. Substitui Carlos Zarlenga, mandado à presidência da operação brasileira. Está na antiga corporação há 22 anos, os últimos na GM em São Paulo, na área de compras.
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