Buick Wildcat: as soluções de estilo do “gato selvagem”

 

Antes do modelo de produção, o nome identificou três
“carros de sonho” com ideias ousadas para a década de 1950

Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação

 

Wildcat, ou gato selvagem, foi o nome de um modelo da Buick (uma das divisões da General Motors nos Estados Unidos) produzido entre 1962 e 1970. Contudo, antes desse período a denominação foi aplicada a três modelos conceituais, cada um ousado de alguma forma.

O primeiro Wildcat apareceu em 1953 no Motorama  evento organizado pela GM entre 1949 e 1961 para divulgar modelos “de sonho”, como se conheciam então os carros-conceito de hoje, e criar expectativa no público pelas inovações esperadas para os anos seguintes. Desenhada por Harley Earl, a carroceria do conversível de dois lugares, feita em plástico reforçado com fibra de vidro (uma das primeiras usadas pela GM, que no mesmo ano adotaria o material no Chevrolet Corvette), mostrava novidades como a grade dianteira côncava, com duas ogivas nas extremidades, e as calotas dianteiras Roto Static, que se mantinham paradas enquanto as rodas giravam.

 

 

As laterais traziam vãos de saída de ar sobre as rodas de trás, que vinham quase encobertas. Na traseira, duas saliências na tampa do porta-malas terminavam na moldura da placa de licença, enquanto as saídas de escapamento pareciam surgir da carroceria. O acionamento da capota e a regulagem dos bancos contavam com sistema hidráulico; um pedal permitia controlar o rádio. O motor V8 de 5,3 litros (322 pol³) com potência bruta de 188 cv era o mesmo em uso pelo Roadmaster de série, com câmbio automático Dynaflow.

 

O material de divulgação do Motorama descrevia o conceito: “A Buick traz seu carro dos sonhos para mais perto. A adoção de fibra de vidro de fácil moldagem para as carrocerias de modelos experimentais reduz o tempo entre as novas ideias de estilo e sua incorporação a carros que possam ser testados. A apresentação desses modelos futurísticos ao público oferece uma oportunidade de ‘pré-testar’ a reação dos motoristas a vários recursos de estilo incorporados a esses carros”.

 

 

O Wildcat II, apresentado um ano depois, era também um conversível para duas pessoas, mas com proposta mais esportiva e dimensões um tanto compactas para os padrões norte-americanos, caso do comprimento de 4,32 metros. Desenvolvido a partir do Corvette de produção, o conceito ousava no desenho da frente: os para-lamas só encobriam as rodas, deixando aberta a seção dianteira, na qual apareciam os faróis e lanternas “flutuantes”. Atrás das rodas havia grande espaço aberto e ao lado do para-brisa, bastante envolvente, vinham faróis auxiliares que giravam para iluminar em curvas.

No interior, a forma dos três raios do volante era inusitada. O motor do Wildcat II, também um V8 de 5,3 litros, usava quatro carburadores para obter 220 cv e sugeria uma interessante alternativa ao modesto seis-cilindros de 155 cv que equipava o Corvette naquele ano. O exemplar único, restaurado, hoje está no Alfred P. Sloan Museum em Flint, no estado de Michigan.

 

 

O último da série, o Wildcat III de 1955, foi mais uma vez desenhado por Earl, dessa vez com estilo mais próximo ao dos modelos de produção da época. Também aberto e feito em plástico e fibra de vidro, mas com quatro lugares, o conceito media 4,82 metros de comprimento e seguia formas limpas na frente, com capô baixo. As laterais destacavam o “V” do friso cromado à frente das rodas traseiras, item que seria adotado nos Buicks 1957 de série. O III era dotado de motor V8 de 280 cv, com quatro carburadores e câmbio automático.

Trinta anos mais tarde, o nome Wildcat voltaria a ser usado em um aerodinâmico projeto de carro esporte da Buick — mas isso é assunto para outra edição.

Mais Carros-Conceito do Passado

 

Sair da versão mobile