A capacidade de carga de 650 kg não é das maiores do segmento, mas dá conta
do recado nessa versão, como mostrou ao ser avaliada com cerca de 500
No caso do câmbio Dualogic, ao dirigir com pouco peso não se nota tanto a escassez de potência em baixa rotação porque a caixa foi calibrada para manter certos giros, por menos que se acelere — quase não se vê o motor cair de 2.000 rpm no uso urbano e, de primeira para segunda, a troca usual ocorre a mais de 3.000. Pode ser uma previsão do uso com carga máxima, mas também uma tentativa de reduzir os “soluços” nas trocas de marcha evitando que o motor caia na faixa de pouco torque. O preço a pagar é o consumo de combustível mais alto do que poderia, como 6,9 km/l de gasolina em nosso ciclo urbano severo, que envolve baixa velocidade e numerosas saídas.
Dentro do complicado compromisso, a Fiat
obteve bom resultado na suspensão: comporta-se
bem e mostra-se “em casa” em estradas de terra
O câmbio em si está em muito bom estágio — dentro do que um sistema de embreagem única permite — em relação à suavidade de trocas e ao atendimento dos pedidos de troca pelo motorista pelo uso do acelerador, seja para subir ou reduzir marchas. Sua versão Plus, adotada nos últimos anos pelos vários modelos da marca, produz avanço lento sem acelerar (creeping), o que facilita pequenas manobras. Há um modo esportivo de uso, que faz trocas automáticas em rotações mais altas, e seleção manual tanto pela alavanca (subindo marchas para trás, padrão BMW) quanto por aletas junto ao volante, uma novidade no caso da picape. Nesse modo o câmbio não sobe marchas no limite de giros nem reduz pelo uso do acelerador.
Acertar a suspensão de picapes leves é um desafio para os fabricantes: se muito dura, prejudica o conforto; se mais macia, pode ceder muito com o peso transportado e comprometer a estabilidade nessa condição. Dentro do complicado compromisso, pode-se dizer que a Fiat obteve um resultado adequado. A Strada comporta-se bem, com estabilidade acima do esperado, e mostra-se “em casa” em estradas de terra, com pouca transmissão dos impactos do piso.
Acerto da suspensão é bom na terra e regular no asfalto; motor potente (132 cv)
não produz o torque esperado em baixa rotação; câmbio automatizado está em bom
estágio de calibração e ganhou aletas para trocas manuais no volante
A suspensão traseira é um pouco dura com a caçamba vazia, mas dá conta do peso sem reduzir em muito a altura livre do solo — com a tal meia tonelada de carga, passamos devagar pelas lombadas mais altas que conhecemos sem problema, embora o comportamento do carro ficasse bem diferente, macio em excesso. Curiosamente, o que não está bem calibrada é a dianteira: às vezes mole demais, parece chegar ao fim de curso dos amortecedores quando a frente desce de lombadas, mesmo com veículo vazio, um mal de que a Weekend Adventure também padece. De resto, direção e freios cumprem o que se espera da picape.
Esta Strada foi o primeiro modelo da linha Adventure que avaliamos com pneus de asfalto, Continental Conti Power Contact, em vez de Pirelli Scorpion ATR de uso misto. Há ganhos nessa mudança como melhor estabilidade, menos ruído de rolagem e expectativa de maior vida útil, ao lado de perdas como menor tração na terra e — sobretudo — na lama, que logo preenche seus pequenos sulcos. Como os pneus de uso misto permanecem disponíveis, essa é uma escolha a ser bem pensada antes da compra, de acordo com as condições de piso nas quais a picape será usada.
A Strada Adventure tem seus trunfos no segmento: é a única com as opções de cabine dupla, câmbio automatizado e, agora, da conveniente terceira porta. É certamente um projeto antigo, mas que passou por atualizações relevantes nesses mais de 15 anos e atingiu um ponto elevado de confiança pelo consumidor, o que torna sua hegemonia na classe das picapes compreensível. O difícil é justificar um preço tão salgado para a versão, acima de bons automóveis de categoria superior com projeto mais moderno e maior dotação de equipamentos.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 130/132 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,4/18,9 m.kgf a 4.500 rpm |
Potência específica (gas./álc.) | 74,4/75,6 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual automatizado / 5 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,27 / 7 km/h |
2ª. | 2,24 / 14 km/h |
3ª. | 1,52 / 20 km/h |
4ª. | 1,16 / 26 km/h |
5ª. | 0,92 / 33 km/h |
Relação de diferencial | 4,07 |
Regime a 120 km/h | 3.650 rpm (5ª.) |
Regime à vel. máxima (gas./álc.) | 5.400/5.450 rpm (5ª.) |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (284 mm ø) |
Traseiros | a tambor (228 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Diâmetro de giro | 11,3 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo rígido, mola parabólica |
Estabilizador | dianteiro |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 16 pol |
Pneus | 205/60 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,471 m |
Largura | 1,74 m |
Altura | 1,648 m |
Entre-eixos | 2,753 m |
Bitola dianteira | 1,469 m |
Bitola traseira | 1,43 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | ND |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 58 l |
Caçamba | 680 l |
Carga máxima | 650 kg |
Peso em ordem de marcha | 1.258 kg |
Relação peso-potência (gas./álc.) | 9,7/9,5 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 1 ano sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2014 |
Pneus | Continental Conti Power Contact |
Quilometragem inicial | 7.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |