Alumínio e aços especiais concorreram para reduzir o peso da nova geração em 325 kg
As novas suspensões seguem o conceito de cinco braços à frente e atrás, mais sofisticado que o de braços sobrepostos da primeira geração. Quando equipada com molas pneumáticas, opcionais, os amortecedores ganham controle eletrônico e a altura de rodagem pode ser ajustada entre seis níveis, de 60 mm acima do padrão até 55 mm abaixo dele, ou seja, variação total de 115 mm. Alguns níveis estão restritos a baixas velocidades e outros são assumidos a partir de certa velocidade (veja ilustração com as regras).
Inovação do Q7 em sua categoria é o sistema de esterçamento das rodas traseiras em pequeno ângulo (até 5 graus) por meio de comando elétrico. Em baixa velocidade, até 60 km/h, elas se movem na direção oposta à das dianteiras a fim de reduzir o diâmetro de giro (11,4 metros, menor que o de um A4) e facilitar manobras em locais apertados. Acima desse limite as rodas apontam na mesma direção das dianteiras, o que aumenta a estabilidade em curvas e permite mudanças rápidas de faixa com menor movimento de carroceria.
Avanços técnicos opcionais: rodas traseiras que esterçam até 5 graus (imagem maior) e suspensão pneumática com controle eletrônico e variação de altura de rodagem em 11 cm (veja gráfico das regras de trabalho)
Entre os recursos de segurança a Audi aplicou o sistema Pre Sense, que detecta o risco de acidente e assim tensiona cintos e fecha janelas e teto solar. Uma câmera infravermelha opcional auxilia na visão noturna, ao obter imagens (em preto e branco) que destacam pessoas e animais no quadro de instrumentos; soa um alerta se houver risco de colisão. Além do aviso com leds piscantes para veículos nas faixas ao lado (não exatamente pontos cegos, pois eles aparecem nos grandes retrovisores convexos), há uma novidade: o alerta de desembarque.
Apesar de o V6 não chegar ao pico de torque tão cedo quanto os turbos, fica evidente que existem muitos m.kgf em baixos regimes
Com o carro parado, mesmo após desligar a ignição, por até três minutos o sistema monitora as laterais para detectar veículos — incluindo bicicletas — que poderiam colidir com a porta do Q7 ou o ocupante ao ser aberta. Nesse caso, uma guia de leds no painel da porta pisca em vermelho e, se necessário, a atuação das maçanetas é inibida ou adiada até que cesse o risco à abertura.
Ao volante
O Best Cars viajou por 160 quilômetros no novo Q7 (metade deles ao volante) em um trajeto rodoviário entre Guarulhos e Atibaia, ambas no estado de São Paulo. A versão avaliada tinha cinco lugares e a suspensão convencional. As impressões com o interior são muito positivas, tanto pelo ótimo acabamento quanto pelas soluções funcionais. É fácil selecionar as funções desejadas do quadro de instrumentos digital, de leitura sempre imediata, e o amplo navegador dá um show com as imagens tridimensionais. O motorista dispõe de posição de dirigir amplamente ajustável, banco bem definido com apoios laterais apropriados e visibilidade adequada, em que se destacam as colunas dianteiras estreitas para os padrões de hoje.
Motor V6 com compressor e 333 cv opera com caixa automática de oito marchas
Embora tivesse um ronco mais encorpado, não há razão para saudades do motor V8 da geração anterior em termos de desempenho: o V6 com compressor é mais que suficiente para qualquer situação, a julgar pela pressão do banco nas costas ao pisar fundo no Q7 com dois ocupantes. Seu funcionamento é suave ao extremo e, apesar de não chegar ao pico de torque tão cedo quanto as unidades turboalimentadas de hoje (só a partir de 2.900 rpm), fica evidente que existem muitos m.kgf à disposição a regimes bem mais baixos. A operação da caixa automática de oito marchas é irrepreensível.
Mesmo sem o controle eletrônico opcional — e caríssimo —, a suspensão revela acerto ideal para a proposta de uso do utilitário esporte, que é de um estradeiro para a família com aptidão para sair do asfalto quando se quer ou se precisa. Propicia um rodar macio, mas bem controlado pelos amortecedores, e grande segurança em direção mais vigorosa, em que pese toda a altura e todo o peso. Em um trecho sinuoso da Rodovia Fernão Dias, a única preocupação era não fazer o colega ao lado enjoar com o ritmo mais para carro esportivo que para grande utilitário… sobretudo porque ele poderia dar o troco no percurso de volta.
No trajeto fora de estrada que leva à Pedra Grande, belo ponto turístico de Atibaia, o Q7 manteve os ocupantes em conforto, embora a suspensão ajustável certamente concorresse para menor transmissão das irregularidades. A altura livre do solo, neste caso fixa, é mais que suficiente para esse tipo de uso e a tração integral garante aderência mesmo em condições severas — não era o caso dali, um trajeto feito por automóveis comuns. No retorno, um trecho com lama e declives acentuados permitiu pôr à prova o controlador: acionado o botão, basta acelerar até a velocidade desejada e liberar os pedais, sendo o carro retido naquele ritmo pelos freios (a transmissão não é usada para isso; poderia até ficar em ponto-morto).
Desempenho e estabilidade são muito convincentes; rodas de 20 pol vêm de série
O que não agradou? Notam-se as ausências de controlador da distância ao tráfego adiante — que já equipava o modelo há 10 anos —, monitor para evitar saída não intencional das faixas de rolamento e assistente para estacionar, recursos de que dispõe o A3 Sedan nacional de um terço do preço (a Audi responde que os itens poderão ser adicionados mais adiante), além de faixa degradê no para-brisa. E não parece razoável a solução encontrada para o estepe no uso com sete lugares, que deveria ser uma das razões para se optar por um carro tão grande.
De resto, os R$ 400 mil — ou quase meio milhão com opcionais — garantem ao comprador do Q7 o privilégio de viajar em uma espaçosa cápsula com conforto, tecnologia, desempenho em todo tipo de terreno e segurança que poucos carros podem igualar.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 6 em V |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 89 x 84,5 mm |
Cilindrada | 2.995 cm³ |
Taxa de compressão | 10,8:1 |
Alimentação | injeções direta e multiponto sequencial, compressor, dois resfriadores de ar |
Potência máxima | 333 cv de 5.500 a 6.500 rpm |
Torque máximo | 44,9 m.kgf de 2.900 a 5.300 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 8 |
Tração | integral permanente |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco ventilado |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Traseira | independente, multibraço, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 9 x 20 pol |
Pneus | 285/40 R 20 |
Dimensões | |
Comprimento | 5,052 m |
Largura | 1,968 m |
Altura | 1,741 m |
Entre-eixos | 2,994 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 85 l |
Compartimento de bagagem | 890 l |
Peso em ordem de marcha | 1.970 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 250 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 6,1 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |