Três SUVs de desenho sóbrio e sofisticado, que combinam os principais elementos de estilo de cada fabricante e obtêm boa aerodinâmica
Concepção e estilo
O Range Rover tradicional — modelo da Land Rover que criou a atual submarca — surgiu em 1970 e está hoje na quarta geração, apresentada em 2013. Bem mais recente, o Volvo XC90 apareceu em 2002 como primeiro SUV da marca e passou em 2014 à segunda geração — a primeira, tão longeva, permanece em produção na China. Na Audi, o Q7 surgiu em 2005, com plataforma compartilhada com Porsche Cayenne e Volkswagen Touareg, e mudou em 2015 para esta geração.
As três marcas optaram por desenhos sóbrios, retilíneos, para um segmento em geral formado por clientes de faixa etária superior e pouco adeptos de modismos. Há detalhes característicos dos modelos ou fabricantes, como as lanternas traseiras que sobem pelas colunas do XC90 (marca da Volvo em peruas e SUVs desde os anos 90), as “guelras” nas portas dianteiras do Range Rover e a grade dianteira ampla e hexagonal do Q7. O inglês avaliado, da série Black, trazia acabamento externo em preto e rodas de 22 pol, as maiores do trio — são de 21 pol no sueco e de 20, com opção por 21, no alemão. Todos impressionam bem e transmitem solidez e requinte.
Os coeficientes aerodinâmicos (Cx) declarados ficam bem próximos: 0,33 no Volvo, 0,334 no Audi e 0,34 no Range Rover, boas marcas para o tipo de veículo. Como se espera pelos preços, os vãos entre painéis de carroceria são estreitos e exatos nos três.
Formato de perua e cerca de 5 metros de comprimento garantem amplo espaço para passageiros e bagagem; no Range Rover as rodas chegam a 22 pol
Conforto e conveniência
Interior sofisticado e com materiais de acabamento de primeira linha é um atributo em comum em três, mas o Volvo nos causou a melhor impressão. Não apenas pelo tom caramelo do revestimento em couro (cada um oferece opções de cores, salvo a edição Black do Range Rover, que vem sempre em preto), mas também pelas formas esmeradas, a tela vertical de 9 pol no centro do painel e detalhes como a alavanca de transmissão de cristal sueco Orrefors. Ele usa apliques de madeira, enquanto o Q7 segue o padrão de alumínio e o Vogue recorre mais ao preto brilhante.
Os sistemas de áudio de marcas renomadas oferecem pureza de som, mas o do XC90 garante o espetáculo: muito superior em potência, peso de graves e sensação de palco
Em qualquer um deles o motorista encontra um banco amplo e bem desenhado, com apoios laterais adequados, ajuste elétrico e memórias. Apenas no Volvo podem-se regular os apoios laterais e o suporte das coxas, também elétricos, e tanto essas regulagens quanto as memorias estendem-se ao passageiro ao lado. Em contrapartida os ajustes de seu volante são manuais, ante os elétricos dos adversários. Volante de boa pega e apoio ideal para o pé esquerdo são comuns a eles.
O quadro de instrumentos tradicional foi abandonado por essas marcas: apesar de simularem mostradores analógicos, são na verdade telas de TFT de alta resolução, recurso que dá liberdade aos fabricantes para configurar funções e sua aparência. O mais versátil é o do Q7: escolhe-se entre mapa de navegação, computador de bordo e assistentes à condução (entre outros) para a seção central e podem-se reduzir o velocímetro e o conta-giros, de modo a abrir mais espaço àquelas indicações.
Interiores requintados e com muita conveniência; o do Volvo nos causou melhor impressão; diferentes soluções para a tela central do painel
No XC90, a parte direita altera-se conforme o programa de condução (mais sobre isso adiante): o conta-giros do modo Power cede espaço a um indicador de uso de potência em Pure. Nesse modo, sabe-se quanto se pode acelerar com eletricidade sem ativar o motor a combustão: o limite decresce à medida que se consome energia, mas volta a subir no caso de regeneração por longos trajetos. O Vogue desloca o velocímetro para a direita em modos fora de estrada, para exibir informações da tração, e oferece o modo “tocha”, que ilumina apenas os dígitos da região percorrida pelo ponteiro.
A tela central do Volvo comanda áudio, telefone, navegação, climatização e numerosas configurações. Como são funções demais, demora-se algum tempo para estar familiarizado e saber onde encontrá-las — além de exigirem mais atenção e não serem ideais para pisos irregulares. A tela horizontal de toque de 10 pol do Range Rover inclui funções fora de estrada: indica a distribuição de tração e o bloqueio do diferencial central, monitora a profundidade em trechos alagados (por meio de sensores) e explica os modos de uso do sistema Terrain Response (mais sobre ele adiante).
O Audi segue outro conceito: a tela de 8,3 pol (que pode ser recolhida) fica mais alta e distante, o que favorece sua leitura ao dirigir, e as funções são operadas por botões e por um painel de toque no console, como o dos computadores portáteis. Essa solução nos parece a mais acertada, mesmo que pareça fora de moda nesses dias em que as telas parecem extensões de nossos dedos.
Os quadros de instrumentos são telas de TFT; no Audi escolhe-se o que exibir e o tamanho dos mostradores; Range Rover e Volvo alteram a parte direita conforme o modo selecionado
Os sistemas de áudio são de marcas renomadas: Bose no Audi (com opção por Bang & Olufsen, não aplicada a nosso carro), Meridian no Range Rover e Bowers & Wilkins no Volvo. Todos oferecem grande pureza de som, mas entre os avaliados o do XC90 garante o espetáculo: com 1.400 watts (ante 558 do Q7 e 380 do Vogue) e 19 alto-falantes, revela-se muito superior em potência, peso de graves e sensação de palco. A marca não está brincando quando diz ter reproduzido a acústica da sala de concerto da Orquestra Filarmônica de Gotemburgo, na Suécia. Só os rivais tocam CDs e DVDs. Conexões USB, auxiliar e Bluetooth estão nos três, assim como integração a telefone por Android Auto e Apple Car Play; entrada de cartão SD, só no Audi.
Apenas o XC90 trazia assistente de manobras de estacionamento, que os demais oferecem como opcional. Mesmo sem esse recurso o Q7 iguala-se ao concorrente nas câmeras de 360 graus, que simulam uma vista por cima, e nos sensores de obstáculos com a mesma abrangência. O Vogue é modesto nesse aspecto, só com câmera traseira e sensores à frente e atrás. Todos vêm com ampla área envidraçada no teto, que no Range Rover é fixo (nos outros a parte dianteira se abre), e comando elétrico do forro.
Atração à parte do Audi é a câmera infravermelha para auxílio à visão noturna: com alcance de até 300 metros, ela exibe imagem no quadro de instrumentos e destaca em tom claro elementos quentes, como um pedestre ou animal à beira da estrada — se detectar risco, realça-os em amarelo e soa um alarme. Também ficam claras as partes aquecidas dos veículos adiante (como pneus e escapamento) e da via, como defensas de concreto, enquanto a luz de faróis no sentido oposto não prejudica a imagem. Sua qualidade é tal que, acreditamos, em condições críticas de visão seria possível dirigir pela tela.
Próxima parte